A casa toda era muito bem decorada, os moveis eram antigos, mas com detalhes e adornos que deixava a casa refinada e aconchegante. De onde estava tudo o que eu podia ver era a sala de estar e varias portas fechadas, mas uma me chamou a atenção, era entalhada e ampla, parecia guardar um ambiente muito importante lá dentro, também se via no canto da casa uma escadaria que levaria ao nível superior. Estar ali me dava à clara sensação de não ser bem recebida, Gabriela me olhava de cima a baixo e nem disfarçou que não estava feliz com minha presença ali, ela deveria ser no máximo uns dez anos mais velha do que eu, mas naquele momento com a cara tão fechada aparentava ser bem mais que isso.
-Caso queria, pode se sentar – ela pronunciou depois de um tempo – seu avô ainda ira demorar um pouco.
Me sentei com medo e receio, procurei me mexer o mínimo possível para não bagunçar nada e mantive minha pequena mala grudada ao corpo com medo de esbarrar em algo. Na verdade ali me sentia um ratinho amedrontado com todo aquele ambiente, mal sabia que em pouco tempo me sentiria muito menor e ainda mais menosprezada do que em toda a minha vida.
-Então você é senhorita Maria? – a voz que vinha da escada, era masculina, grave e ríspida.
-Sim senhor – respondi quase em um sussurro que eu mal escutei a resposta.
-Pelo visto é a primeira vez que a deserdada se dá ao trabalho de vir ate aqui – disse e meus olhos lagrimejaram com as palavras cruéis– diga logo o que quer, para ir embora o mais rápido possível daqui.
-Eu, eu... Eu vim cuidar do senhor, – minha voz tremia tanto quanto eu – minha mãe soube que o senhor passou mal e quis lhe oferecer ajuda me enviando aqui.
- Chega de babaquice, fale logo quanto querem desta vez e dê o fora desta casa.
-Acho que o senhor não me entendeu, eu vim para ajuda-lo, nunca trabalhei com alguém que precise de cuidados especiais na saúde, mas nunca tive medo de trabalhar também, trabalho e sustento tanto a mim quanto minha avó desde pequena. – disse tudo em um único folego com medo de desistir.
-Então esta querendo dizer que não herdou os dons de sangue suga de dinheiro da sua mãe e irmã, vindo aqui, se hospedando no hotel e causando despesas altíssimas? Esta sua pose de boa moça, aqui não convence ninguém.
-Desculpe senhor, era para a minha mãe já ter deixado tudo avisado ao senhor que eu estava vindo aqui para trabalhar e ajuda-lo. Ela deve ter esquecido como com tantas outras coisas importantes. – ele não podia me mandar embora, eu não tinha, mas dinheiro algum, nem para voltar para casa.
-Quer que eu acredite que alguém da sua família trabalha? – disse com ironia.
-Sim senhor, trabalho com minha avó no sítio desde que me conheço por gente e assim que tive idade suficiente Mauricio me contratou como menor aprendiz no hotel-fazenda. – esta frase o calou, ele me analisou por um tempo.
-Esta dizendo do Mauricio, o gerente do hotel?
-Tenho aqui uma carta que ele mesmo escreveu para o senhor, já esperando que pudesse ocorrer algum mal entendido. – disse lhe entregando a carta.
Caro senhor Adolfo,
Com todo o respeito e carinho que tenho pelo senhor e por seu finado filho que lhe escrevo esta carta.
Sei de qual família estamos falando e de todos os males que ela trás, mas também conheço uma parte da família que o senhor desconhece, quando se juntam estas quatro mulheres, nota-se visivelmente que são duas famílias totalmente diferentes e que a única coisa que as unem é o sangue.
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Ponto e vírgula - Um novo recomeço - COMPLETO
Жіночі романиMaria se vê deserdada pelo pai, abandonada pela mãe e foi criada pela avó com árduo trabalho no campo, se tornou arrimo de família muito nova e trabalhava em um empreendimento que era do seu falecido pai, o hotel fazenda em Água Branca. Aos 16 anos...