Capítulo 11 - Estelar a guerreira

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Eu estava ajeitando minha mochila quando Ian entrou pela porta.

— Você não sabe bater não? — Perguntei irritada.

— A porta estava aberta, algo me diz que você queria que alguém entrasse. — Ele falou e começou a me ajudar a colocar o restante das coisas na mochila.

Ontem à noite Kíron me ajudou a carregar Will, meu irmão não tinha nenhum ferimento grave. Ele falou da importância da missão que eu tinha recebido e que provavelmente se eu não a cumprisse, Nix me transformaria em pedaços. Eu tinha decidido quem iria comigo e tínhamos concordado que sairíamos no outro dia de manhã bem cedo. Eu não precisei reclamar de ter acordado cedo, passei a noite toda acordada. Quando tentava dormir o mesmo sonho vinha na minha mente, um castelo frio, sujo e negro, típico de filmes de terror me assombrava acompanhado de gritos de agonia.

— Eu não consegui dormir, você já sonhou com um castelo que parece do Drácula de tão assustador? — Ele me olhou de um jeito esquisito.

— Não, geralmente não é permitido ter pesadelos aqui. Por causa do encantamento que tem sobre a base, significa que se você está tendo é algo para se preocupar.

Depois de ajeitar minha mochila, começamos a andar em direção a saída. Kíron estava lá, Ithan, Catrina, Meghan, e Harry também.

— Onde estão Will e Daisy? — Perguntei notando a ausência dos dois.

— Não sabemos — Respondeu Trina.

— Achávamos que eles estavam vindo com vocês dois. — Falou Ithan.

— Eles estão vindo — Disse Meghan, rabugenta.

Eu não aguentei e comecei a rir, Will vinha com uma roupa tão estúpida que se faltasse energia ele certamente serviria como lanterna. Pense em um senhor de noventa anos usando uma calça colada e uma blusa verde berrante, como acessório extra um pedaço de tecido amarrado na testa. Agora imagine tudo isso no meu irmão e multiplique duas vezes o grau de feiura.

— Alguém avisa pra esse tapado que iremos em uma missão e não pra um baile da noite dos idiotas. — Eu nunca havia concordado com Meghan (acho que odeio isso até), mas ela tinha razão.

— Will, que roupa é essa? — Perguntou Ian.

— Eu tentei fazer com que ele trocasse de roupa, mas ele não escutou, fiz o meu máximo. — Declarou Daisy.

— Bem crianças, depois vocês obrigam Will a trocar de roupa, agora quero que me escutem. Vocês vão em um transporte um tanto incomum, mas não precisa ter medo deles, eles vão levar vocês direto para a Flórida, depois vocês vão ter que se virar sozinhos. O que não será um problema, visto que muitos aqui são treinados para enfrentar qualquer coisa.

Kíron nos levou até o limite da proteção mágica da barreira, ele apertou um pequeno controle preto e a barreira se desfez. Prendi um grito quando vi nosso transporte, quatro leopardos brancos com asas enormes nas costas nos encaravam.

— Isso são leopardos das neves? — Catrina perguntou.

— Sim, mas eles vêm de outro reino. Eles foram um presente da mãe da Víollet. — Explicou Kíron.

Falar comigo ela não queria, mas mandar leopardos para eu partir em uma missão quase suicida, ela podia.

— Isso é seguro? — Perguntou Harry.

— O que não é seguro é andarmos com essa lanterna ambulante. — Com esse comentário Meghan subiu primeiro no leopardo, sendo seguida por Ian. Catrina e Harry foram em outro, Daisy e Will foram juntos e eu tive que ir com o Ithan. Quando já estávamos todos acomodados, os animais alcançaram voo.

Os leopardos voavam rápidos, me agarrei com força na cintura de Ithan. Não queria estar tão próxima dele, mas o medo de cair me afetava mais. Em apenas quinze minutos os leopardos voltaram para o chão.

— Onde estamos? — Perguntou Ian.

— Talvez no início da civilização de Saint Petersburg? — Perguntei.

— Sim, lá está a cidade. Acho que se nos apressarmos entramos no museu antes dele fechar. — Falou Trina.

Harry tinha trazido na mochila um mapa da cidade, Trina o estudou rapidamente e começou a nos guiar. O museu era uma construção peculiar, do lado de fora é como se três ondas de tamanhos variados estivessem em volta de uma construção de mármore branco. Uma recepcionista simpática nos cumprimentou. Não precisamos procurar muito por JJ, uma menina usava uma placa escrito: Eu sou a JJ. Bem natural, eu diria.

Nos aproximamos dela, ela parecia ter dez anos de idade, seus longos cabelos ruivos ondulados eram da altura da sua cintura, ela tinha um leve bronzeado como se tivesse acabado de sair da praia, usava um elegante vestido branco e uma chamativa bota preta. Ela sorriu quando nos viu.

— Que bom que me acharam, pensei que não iriam conseguir essa proeza. — Imaginei se ela falava sério ou se estava apenas sendo sarcástica. JJ olhou lentamente para cada um de nós e fez uma careta para os meninos — Seres repugnantes.

— Nosso destino está à mercê de uma garotinha de dez anos? O que Apolo tinha na cabeça? Vento no lugar do cérebro? — Zombou Meghan.

— Outro ser repugnante, a garotinha de dez anos é uma deusa e poderia te transformar em um lobo velho e babão antes que você diga a palavra paralelepípedo. Em relação ao meu irmão talvez você tenha razão, nunca tenho certeza quando se trata dele. — Quando a não inofensiva menininha olhou para a minha odiada colega, seus olhos faiscaram.

— Ártemis? — Perguntei insegura.

— Sim? Prefiro Lady sabe? Me chamem de Lady Ártemis.

— Porque você é uma criança? E porque JJ? — Questionou Daisy.

— Eu não ia sair por aí como a mulher poderosa que sou, gosto desse nome, soa legal. — Uma aljava de couro marrom ondulava nas costas da deusa, aposto que era invisível para as outras pessoas, ninguém em sã consciência deixaria uma "criança" de dez anos entrar armada com arco e flecha em um museu.

— O que a gente precisa fazer? Ir pra Londres talvez? Seria uma ótima ideia. — Todos concordamos com Daisy.

— Sinceramente eu não faço a mínima, meu irmão disse que você saberia para onde ir. — Ártemis se dirigiu a mim. — Você sabe?

A pessoa que menos sabia para onde ir era eu. Ian havia dito que sonhos transmitiam recados e Apolo tinha me dito uma vez que sonhos para uma bruxa nunca eram somente sonhos, eles sempre estariam carregados de significados. Noite passada eu havia sonhado com um castelo negro, mas e se fosse uma armadilha?

Ás vezes correr perigo era necessário

Uma voz falou na minha cabeça.

— Não sei ao certo, mas noite passada eu sonhei com um castelo negro. Você sabe se ele existe e a onde fica?

— Típico, esse castelo é de Hades. Fica na avenida Las Vegas Boulevard. Ele nunca vai lá, mas decidiu que era justo ter um castelo. — Declarou Ártemis.

— Como fazemos para ir pra lá? — Perguntou Daisy.

— A melhor forma é indo de barco não é Lady Ártemis? — Ártemis deu um sorriso ao encarar Trina.

— Exatamente. Iremos de barco até um certo ponto, depois abrimos um portal e chegamos ao nosso destino.

Eu estava prestes a perguntar onde iríamos arrumar um barco, mas Lady Ártemis começou a andar e nos levou a margem que dividia oceano e a cidade. Um enorme iate dourado nos esperava, no mastro estava a figura de uma loba com pelagem branca e algumas mechas vermelhas, bem na frente estava escrito "Estelar a guerreira".

— Sejam bem vindos ao tesouro do meu irmão. — Todos encaramos Lady A pasmos.

— Las Vegas aí vamos nós. — Falou Will.


A HERDEIRA: Filha De ZeusOnde histórias criam vida. Descubra agora