Catrina dormia tranquilamente, ao seu lado na cômoda estava um pequeno aparelho rústico com o disco de vinil de ouro. Me sentia culpada, um vazio ocupava meu peito, eu a tinha arrastado até aquele castelo. Por uma missão que foi dada a mim, todos corriam perigo. Abracei meus joelhos, me sentia sempre exausta.
— Não precisa chorar, estou bem. — Sorri ao perceber que ela finalmente acordou.
— Você nos assustou muito, achei que ia morrer.
— Não morri, jamais morreria sem terminar essa missão maluca, a propósito, achei o disco.—
O que faremos agora? — Estávamos todos envolta da cama de Daisy, dialogando sobre o nosso próximo passo.
— Dependemos da Víollet agora. Só ela tem a resposta pra isso. — Encarei Ártemis, estava confusa. A deusa ali era ela não eu, em partes, quer dizer.
— Estamos todos mortos se dependermos dela. — Trina empurrou Meghan, a agradeci silenciosamente.
— Como assim só eu tenho a resposta pra isso? — Perguntei confusa.
— Nos deixem a sós, por favor. — Ithan foi o último a sair. — Você está perdida, confusa. Acho melhor voltar pro lugar onde você nasceu, lá terá a resposta que procura. Conseguirá entender um pouco de seus poderes e assim terminará essa missão.
— Eu tenho um prazo para essa missão Ártemis, se não achar a capa estrelada da deusa Nix nos próximos cinco dias vou morrer e meu irmão morre também.
— Explorar os horizontes que você não conhece lhe faria bem, antes de se passar cinco dias você tem que encontrar sua paz interior. Tens o que precisa para chamar Deimos e Fobos, mas não tem o necessário para enfrentá-los. Eles não vão aparecer enquanto você não for considerada uma ameaça e infelizmente Víollet querida, você não é.
— Como digo para os meus amigos que irei abandoná-los aqui? — Perguntei sarcasticamente. A deusa se levantou da cadeira que estava sentada, foi até a porta e girou a maçaneta.
— Não diz, eles já sabem. — Todos caíram uns por cima dos outros. Estavam ouvindo nossa conversa escondidos atrás da porta. Me surpreendi, até Meghan estava metida nisso.
— Olá, aqui não era o banheiro? — Encarei Will e revirei os olhos. Olhei para Lady A e nós duas começamos a rir, logo depois os outros nos acompanharam.
Vesti um short preto e uma blusa de moletom rosa que no meio havia duas orelhas de gatinhos, calcei um tênis branco, fiz uma trança no meu cabelo e saí. Ártemis me esperava vestindo uma armadura reluzente dourada, Daisy e Ithan estavam ao seu lado. Minha amiga usava roupas formais e Ithan estava vestido como um príncipe dos filmes que passam na TV. Ele vestia uma calça vermelha com uma faixa larga preta na lateral das duas pernas, na parte superior um dólmã vermelho com uma faixa transversal dourada, nessa faixa estavam presos várias coisinhas pequenas que para mim pareciam broches, com diferentes desenhos. Havia um com o desenho de um leão usando uma coroa. Soltei um suspiro audível, ele estava deslumbrante.
— Porque vocês dois estão vestidos desse jeito? — Deveria ter vestido roupas melhores, pensei constrangida.
— A pergunta é: Porque você não está? — Encarei Lady A.
— Deveria? — Daisy assentiu com a cabeça.
— Você era uma antiga princesa de Meyer querida, necessita vestir-se como tal. — Ártemis explicou.
— Não tenho roupas de princesa, três semanas atrás não sabia que era uma. — Falei
— Posso resolver isso. — Com um aceno de mãos de Ártemis comecei a sentir cócegas pelo meu corpo todo.
Era como se mãozinhas minúsculas tateassem a minha pele, provocando uma intensa crise de risos. Senti leves puxões no meu cabelo quando as cócegas pararam, olhei pra baixo e arregalei os olhos.
Um longo e rodado vestido bege estava no meu corpo, toquei a parte superior. Tinha um decote em formato de coração e estava cravejado de minúsculas pedrinhas brilhantes, que davam um efeito incrível quando eu girava. Coloquei as mãos no meu cabelo, havia cachos nele e uma parte estava pressa.
— Agora sim, está deslumbrante. Ninguém duvidaria que você é uma princesa.
— Eles teriam dúvidas antes? — Perguntei confusa, Ithan se apressou a responder.
— A última vez que todos te viram você era um bebê, não vão te reconhecer agora, mas tentaremos fazer com que os guardas acreditem em nós.
— Qual a chance disso dar certo? — Questionei, Daisy colocou um sorriso falso no rosto.
— Muitas.Iríamos morrer. Ithan havia dito que se nos declarassem como invasores seríamos jogados no calabouço e depois mortos. O pai de Ithan era rei, sub rei na verdade, as pessoas tinham que conhecer ele por isso, havia perguntado. Ele tinha me respondido que apenas as pessoas de Raror (reino ao qual o pai dele governa) o conheciam. As pessoas do reino de Meyer não conheciam os sub governantes dos outros sete reinos (que juntos formavam os sete conjuntos), e muito menos não conheciam seus filhos.
— Isso é uma loucura. — Depois de tantas informações bombardeando meu cérebro precisei sentar.Lady A dormia em uma cadeira, enquanto Ithan e Daisy me explicavam mais algumas coisas, tinha deixado bem claro que eu só iria (para onde quer que eles quisessem me levar) depois que me explicassem uma boa parte de tudo.
— Dentre alguns instantes, você estará fazendo parte dessa loucura toda, V. — Queria abraçar Daisy e pedir pelo amor da existência de bolos confeitados que não me levassem, mas infelizmente tinha que ser corajosa.
— Você me disse uma vez que as famílias reais tem uma runa de comunicação, podemos usar a sua. — Declarei olhando para Ithan, ele balançou negativamente a cabeça. Voltei a sentar, estava ficando desanimada.
— Eu tenho, mas você não tem. Os guardas dos portões iriam pensar que somos inimigos e que queremos usurpar o trono da sua mãe.
— Mas você falou que os superiores podem desativar as runas dos filhos! — Exclamei frustrada e com raiva.
— Exato, eles podem, mas os caras que fazem a segurança não acreditariam que Miranda desativou a sua. A essa hora ela deve estar no castelo, é claro que sem você, provavelmente ela não explicou a justificativa disso para ninguém. Então eles devem ter criado suas próprias especulações e achado que você esteja morta. — Falou Daisy.
— Morta? — Os dois assentiram.
Eu não estava morta, estava vivíssima e com muitas dúvidas. "Coloque suas engrenagens para funcionar". Imaginei meu pai falando para mim e foi isso que fiz.
— Tenho uma ideia. — Talvez eu tenha falado alto demais. Ártemis acordou sobressaltada e apontou uma flecha diretamente para o meu pescoço, os reflexos dela eram maravilhosos. Lentamente fiquei longe da mira da flecha.
— Então fala. — Lady A estava um pouco zangada.
— Terão que confiar em mim, vocês me trouxeram pra cá sem muitas explicações e mesmo assim em aceitei vir com vocês. Não estou falando da vinda pra esse iate, falo desse mundo totalmente maluco, mas que de alguma forma eu sentiria falta se fosse obrigada a voltar pra terra agora. Simplesmente vão ter que confiar em mim.
— Se formos mortos por sua causa, volto do submundo, te trago e te mato de novo. — Daisy estava séria enquanto falava isso, engoli em seco e dei um breve aceno com a cabeça.
Para irmos Daisy criou um portal, passamos por ele. Senti como se estivesse caindo rapidamente em um buraco, um buraco que não tinha fim. Meu estômago deu um forte embrulho e da minha cabeça vinha um zumbido ensurdecedor.
Não tinha nenhum plano, a existência de algum plano era zero, mas tinha que começar a traçar um, antes que fosse tarde demais ou estaríamos todos mortos. Finalmente caí, a sensação de embrulho acabou e meu pé entrou em contato com a grama verde e fofinha, só agora tinha percebido que estava descalça. O tempo havia se esgotado tarde demais.
Estávamos mortos.Notas da autora: Oi meus amores ❤️. Tudo bom com vocês?
Só queria dizer que, a partir do próximo capítulo vocês vão conhecer Meyer, meu reino mágico favorito. O que vocês acham que vai vir por aí?
Como estou bondosa hoje (KKKKK), vou postar mais capítulos.
Beijinhos.
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A HERDEIRA: Filha De Zeus
FantasiaNÃO É UMA FANFIC DE PERCY JACKSON! Capa feita pela @AllyMccallHale do projeto Black Star, da conta @annhyunu2. As pessoas sempre tem um destino traçado para você, expectativas. E elas realmente esperam que você as cumpra ou que até mesmo as supere...