Capítulo 17 - Garota incendiária

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         A grama era baixa, muito verde. Árvores estavam para todos os lados, elas eram diferentes. Com copas altas e folhas em formato borboleta, seu tronco era cinza e tinha ramificações pretas, pareciam veias. Pássaros voavam pelo céu, nuvens brancas fofinhas estavam espalhadas em um azul vívido. Dei alguns passos para frente, pequenas flores de diversas cores davam um tom diferente para o gramado, não consegui distinguir de que tipo eram. Pareciam uma mistura de lírios, begônias e jasmins.

— Isso é Meyer?

— Sim, Víollet. Seja bem vinda ao reino de Meyer o principal reino da dimensão mágica. — Olhei maravilhada para tudo, conseguia sentir uma energia mágica naquele lugar. Respirei fundo, o ar era mais puro ali, tinha certeza disso.

— Estamos em um pequeno bosque, temos que passar pela sede principal de Meyer para podermos chegar no castelo e então só aí podemos realizar seu plano. — Dei um sorriso falso para Ithan.

         Eu era péssima em contar mentiras ou em sorrir sem vontade. Os dois cantos dos meus lábios começavam a tremer levemente, meus olhos ficavam um pouco arregalados e minhas sobrancelhas arqueavam sem necessidade, mas Ithan não sabia disso. Ele não me conhecia direito, a única que me conhecia bem estava a alguns metros de distância, se recuperando por ter gasto energia de mais. Olhei ao redor, nenhum sinal de Ártemis. Ithan pareceu não se importar e começou a caminhar em direção a Daisy, o segui.

— Você está bem? — Perguntei.

— Sim.

— Porque você fica fraca toda vez que produz um portal? - Olhei para Ithan de uma forma abobada, pensei que ele soubesse.

      Os dois tinham vindo de uma dimensão mágica, a que geralmente não sabia das coisas e ficava perguntando era eu, sorri. Dessa vez tinha sido ele a ocupar esse posto.

— Não trenei meus poderes, não entendo os limites deles. Apenas crio portais porque é uma coisa natural, mas geralmente isso custa caro. Quando eu tinha cinco anos criei um portal pra floresta negra, é claro que fui impedida antes de entrar. Passei duas semanas de cama com uma febre altíssima.

— Vamos a pé até a sede principal? — Perguntei. Daisy estava fraca, não tinha certeza se ela era capaz de caminhar muitos quilômetros.

— Não é muito longe, chegaremos logo. Você consegue andar? — Ithan perguntou.

— Sim. Não sejam dramáticos, estou bem.

       Ithan e eu nos encaramos, duvidávamos de que Daisy estava cem por cento bem, mas nenhum de nós era louco para a contestá-la.

        Meus pés doíam e minhas coxas queimavam, suor escorria pela minha testa

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        Meus pés doíam e minhas coxas queimavam, suor escorria pela minha testa. Aquele maldito vestido dificultava minha caminhada, a cada dez minutos meus pés pisavam na barra. Olhei para baixo, ele tinha começado a ficar preto na parte em contato com o chão. O senso de distância de Ithan era completamente inútil, a sede não me parecia nem um pouco perto, pelo contrário, parecia que ficava no tão tão distante.

— Socorro, não aguento mais. Minhas pernas doem, tudo dói na verdade. — Cansada, sentei em algumas flores.

— Só estamos andando há trinta minutos, você não pode parar agora. Estamos perto, não seja fraca.

      Não seja fraca.

      Aquela frase mexeu comigo, senti como se um pássaro tivesse sido liberto de uma gaiola e o pássaro no caso era a minha fúria.

      Uma pessoa fraca não aceita uma missão que pode tirar a vida dela, uma pessoa fraca já estaria perdendo completamente a cabeça por se encontrar nessa situação complicada e louca. Uma pessoa fraca já teria se matado por sentir todo dia o que eu sinto, como acha que fica o estado emocional de uma pessoa quando a vida dela passa de um vento fraco a uma tempestade? Como acha que eu fiquei quando descobri que vivia dezessete anos em uma farsa?

       Minha mãe me abandonou e ela não me dá nenhum sinal de vida e agora eu posso ser morta por tentar entrar em um castelo que era pra ser meu, um maldito castelo que eu deveria chamar de lar.

        Sentia como se estivesse em chamas, como se toda a minha ira reprimida tivesse se transformado em fogo e igual o fogo ela ia se apagando, se acalmando até não sobrar mais nada. Até toda a cólera ter se transformado em lágrimas. Lágrimas quentes e salgadas, que agora eu tentava inutilmente conter.

— Víollet, para com isso, você não pode incendiar tudo. — Ithan disse, o tom de voz dele era de desespero.

— Não seja idiota, não vou colocar fogo em um lugar só porque minha vida é uma tremenda porcaria.

— Você está literalmente incendiando tudo. — Daisy falou. Abri meus olhos e olhei o local.

      Fogo. Tudo estava pegando fogo, as árvores queimavam, chamas se alastravam lentamente pela grama e as belas flores que eu havia visto mais cedo viraram cinzas. Me levantei rapidamente, a fumaça começava a se espalhar por todos os lados. Ouvi um grito, não consegui distinguir de quem era, mas era claramente audível.

— CORRAM.

       Esqueci a dor nos meus pés, esqueci a queimação nas minhas coxas e corri. Corri muito. Meu coração batia tão rápido que achei que ia sair pela minha boca, agradeci a bendita adrenalina por não estar sentindo nada daquela corrida, mas daqui a pouco iria pagar caro.

      No alto de um monte consegui ver casas e diversas luzes diferentes. Quase me joguei no chão e agradeci aos deuses. Olhei para os lados, nenhum sinal de Ithan ou Daisy, levei minha mão ao anel e ponderei se deveria mesmo fazer aquilo. Sentia que ainda não era a hora de puxar a cordinha que invocava Zeus, então sem pensar pressionei meu indicador no coração do anel.

— Ai. — O anel havia ficado quente e acho que tinha queimado meu dedo. Vi uma luz dourada se formar ao meu lado e imediatamente fechei meus olhos.

— Graças a Zeus, pensei que estivesse sendo morta por um leão ou por uma gárgula. — Afrodite me envolveu em um abraço apertado, me afastei e inspirei uma boa quantidade de ar.

— Eu estou bem, só me perdi e posso ter colocado fogo em um bosque. — Apalpei meu vestido agora sujo de lama, ferrugem e com alguns rasgos.

— Meu bem, você está parecendo uma princesa doida. Minha afilhada não pode parecer uma princesa desmiolada, espere um minuto, resolvo isso. — Com uma mexida quase imperceptível de dedos meu vestido se transformou em novo.

— Obrigada, você pode me ajudar? Me perdi dos meus amigos. — A deusa se aproximou e enlaçou seu braços ao meu.

— Vou levar você diretamente para o castelo, não se preocupe está em boas mãos.

Notas da autora: Oii, gente

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Notas da autora: Oii, gente. O que vocês acharam do capítulo? Me contem como vocês acham que vai ser o relacionamento da Víollet e da Miranda! Me digam suas teorias e impressões sobre o livro e sobre os personagens também, isso me encoraja muito a escrever.

     Por hoje é só, não sei quando vou postar mais capítulos. Estou reescrevendo o capítulo 27, provavelmente quando estiver reescrevendo o 30, volto a postar. Eu gosto de ter capítulo reservas, principalmente porque minhas aulas começam na segunda-feira. É isso, boa noite pra vcs. ❤️

Beijinhos.

A HERDEIRA: Filha De ZeusOnde histórias criam vida. Descubra agora