A HERDEIRA: Filha De Zeus

Capítulo 33 - Juntos novamente

O cheiro de queimado era forte, meus olhos ardiam e meus pulmões clamavam por ar. O fogo consumia tudo e eu comecei a entrar em desespero. O barulho de algo, sendo arrastado e de uma pessoa tossindo me chamou a atenção.

— Olá? — Chamei apavorada.

Uma figura masculina, entrou em meu campo de visão, seu corpo se movimentava calmamente entre as chamas, era como se o fogo abrisse o caminho para ele passar. Temi que fosse um vampiro, mas deixei que me levasse até o ar puro, já que meus poderes não respondiam.

— Estou viva, aleluia! Viver é maravilhoso! — Falei entre tosses.

Quando escutei uma risada baixa, foi quando voltei a lembrar que não estava sozinha.

— O que estava fazendo no meio do fogo? — Apertei meus olhos para enxergar melhor, minha visão estava embaçada.

— Fui dar um passeio. — Deixei escapar sem querer e tentei consertar. — Sofri quase um assassinato, obrigada por me tirar de lá.

— De nada. Salvei sua vida, agora me deve um favor imenso. — Sentei no chão cansada, meus olhos pesavam e meus pulmões ardiam, meu rosto devia estar cheio de fuligem. — Me chamo James, James Cooper.

Observei, o sangue nos meus braços e pulso, suspirei frustrada, minha aparência não deveria ser das melhores. Levantei e encarei o estranho a minha frente, ele era pálido, seus traços faciais eram marcantes, sua mandíbula era bem definida e suas sobrancelhas eram cheias e grossas, seu cabelo preto com mechas prateadas estava bem aparado. Seus olhos eram pretos, como a noite, o que lhe dava um ar misterioso.

— Qual é o seu nome? — Perguntou calmamente. Sua voz era melodiosa, mas imponente ao mesmo tempo.

— Víollet Armstrong. — Observei o cenário ao redor.

— Tem certeza? Não lembro de existir outra princesa, além da senhorita, Alice. — Revirei os olhos tão forte, que achei que nunca mais fosse voltar a enxergar.

— Claro, que eu tenho certeza. Eu saberia, se esse não fosse o meu sobrenome. — Ele semicerrou os olhos e franziu a testa. Mostrei a marca da flor roxa, no meu ombro e ele arregalou os olhos.

— Desculpe, Vossa Alteza.

— Me poupe dessas formalidades, pode me levar até onde fica a fonte de uma fada? — Ele assentiu e começou a andar, o segui.

Não estávamos muito longe da fonte, sorri ao ver Arthur desesperado andando de um lado para o outro. Daisy foi a primeira que me viu e veio correndo em minha direção, ela me abraçou forte e depois começou a reclamar.

— Te mandamos correr e não sumir. Pelos céus, o que aconteceu com você? — Ela me fez girar duas vezes, para fazer uma avaliação de o quão estava ruim a minha situação.

— Eu corri e um vampiro, chamado Miles, me atacou. Ele começou a atirar fogo nas casas e por último me mordeu. — Arthur passou nervosamente a mão pelo rosto, Daisy me olhou como se eu fosse um zumbi. — Cadê o Eric?

— Foi atrás de você. Obrigada, por trazer ela até aqui James, agora pode ir. — Estranhei ao ver um Arthur estressado e grosso, geralmente meu primo era amável e paciente.

James assentiu e saiu com as mãos nos bolsos. Reparei, que ele vestia um terno azul, que parecia valer mais do que o carro que tínhamos na garagem, da nossa casa na Terra. Arthur me olhou apreensivo, sentei na borda da fonte e vi um Eric suado e aliviado correr em nossa direção.

— Graças a Deus, pensei que tivesse morrido. O que aconteceu com você? — Fiz uma careta, quando os arranhões nos meus braços e as duas pequenas fendas no meu pulso começaram a doer.

— Longa história. Temos que ir rápido, o quanto antes voltarmos, melhor vai ser. Víollet, precisa de uma cura. — Encarei Daisy e franzi minha testa confusa.

— Cura? — Perguntei.

— A mordida. Pode ser fatal para você, ou desencadear algum poder, não podemos arriscar. Os efeitos vão começar a aparecer logo. — Arthur explicou.

— Como vamos para o portal? — Perguntei apreensiva.

— Vou nos levar até lá. — Daisy falou.

Ela pegou na minha mão e na de Arthur, instintivamente peguei a mão de Eric. Desaparecemos, em um clarão de luz branca.

— Porque, tudo tem que estar localizado na floresta? — Todos me encararam e riram.

Estávamos de frente a uma porta flutuante dourada, perdidos no meio da floresta. Meus braços começaram a coçar e meu pulso havia voltado a arder. Suspirei cansada, ansiava profundamente por um banho e roupas limpas. Arthur abriu a porta e passou primeiro, em seguida foi Daisy e fui impedida antes que pudesse passar.

— Não vou com vocês, Edward pediu para que eu te trouxesse até aqui em segurança. Sinto que falhei, desculpe. — O seu olhar era triste.

— Não é culpa sua, eu que sou um ímã para problemas. Já que não vai com a gente, nos vemos no meu baile. — Trocamos um olhar intenso, desviei o contato e passei pela porta.

Caí, em um gramado verde e fofinho. Levantei rapidamente e saí correndo o mais depressa que pude, estava de volta. Não vi ninguém nas áreas de treinamento e nem nos dormitórios, então supus que estavam no refeitório. Kíron estava no meio de um anúncio, quando deixou o copo que segurava cair, todos seguiram seu olhar e logo a atenção estava voltada para mim.

Meus amigos correram e se jogaram em cima de mim, em um abraço caloroso e cheio de saudades. Quando eles se afastaram, me surpreendi ao ver que Meghan também veio me abraçar.

— Você está horrível! Parece que foi atropelada por um trator. — Fuzilei Will com um olhar, mas acabei rindo.

— Também senti sua falta, Will. — Falei.

— Por onde você andou? — Ian perguntou.

— Churrasquinho, é uma longa história. — Ele riu e bagunçou meu cabelo. Sorri ao ver todos reunidos ali novamente.

— Ainda temos uma missão! — Harry disse animado.

— Preciso da ajuda de vocês, para dar um fim nela. — Declarei animada.

E em partes, aquilo era verdade. Não queria voltar apenas porque a capa estava com eles, mas sim porque eu precisava deles para completar aquela missão.

— Claro, que precisa da minha ajuda, não conseguiria sem mim. — Dei um leve empurrão em Meghan e todos nós gargalhamos.

Quando me reuni novamente a eles, percebi que eles eram muito mais do que amigos. Eles eram a minha família.