TKO

Capítulo XXII

                  POV Emily Stuart 

- Emily? - ele perguntou assustado enquanto eu o olhava sem acreditar que aquilo realmente estava acontecendo.

- Você tem outra filha? - ouvi minha própria voz perguntar.

- Emily, vamos conversar - ele parecia assustado enquanto tentava se aproximar de mim.

- Você tem outra filha? - voltei a perguntar, agora de forma mais incisiva.

- Tenho - admitiu com a voz baixa. O encarei sem conseguir acreditar que ele tinha feito isso com minha mãe, conosco. E então me lembrei que ele tinha dito algo relacionado a trabalho e me perguntei quantos anos ela teria.

- Quantos anos ela tem? - eu queria chorar de ódio mas não daria esse gosto para ele. 

- Emily, por favor, senta aqui, vamos conversar - falou e eu ri em descrença.

- Conversar? - soltei mais um riso debochado - Agora você quer conversar? - perguntei, com o coração acelerado - Quantos anos ela tem? - insisti mais uma vez.

- 22 - e a resposta me causou mais surpresa do que eu gostaria ter demonstrado. Ele tinha uma filha de 22 anos, que ele provavelmente dava mais carinho e atenção do que dava pra mim. Uma filha que ele se fazia presente e parecia se importar. O pior é que pude reparar tudo isso só pela forma como eles conversavam pelo telefone.

- 22 - repeti respirando fundo - Então você a teve antes de ficar com a minha mãe - concluí. - Você mantém muito contato com ela pelo visto - soltei com escárnio.

- Emily - ele chamou minha atenção com a voz firme - Eu tive sim uma filha, antes de me casar com sua mãe. E eu mantenho contato com ela, sim.

- Durante esse telefonema você pareceu dar mais atenção pra ela do que deu em todos os anos de relacionamento com minha mãe - falei deixando a mágoa que eu sentia sair por minhas palavras.

- Isso não é verdade, Emy - Usou meu apelido e isso pareceu me machucar ainda mais.

- Não é verdade? Você não aparecia nos meus aniversários, não me perguntava como estavam as coisas na escola e parecia sempre muito ocupado para estar conosco - senti uma lágrima deslizar por meu rosto e a limpei rapidamente - Agora eu sei o que você estava fazendo.

- Emily - ele parecia finalmente estar me vendo. Não como me via quando brigávamos, me vendo de verdade, a menina que ele negligenciou toda a vida - Eu nunca pensei que você se sentisse dessa forma, eu sempre amei você, filha - ele disse parecendo desesperado - Eu sempre trabalhei para vocês terem tudo.

- Do que adianta ter tudo? - perguntei - Com o tempo eu me acostumei com sua ausência, pensei que você só se importasse com seu trabalho mas agora... - não aguentei e várias lágrimas desciam por meu rosto - Eu espero que você conte tudo pra minha mãe - tentei manter minha voz firme mas era quase impossível, por conta do choro estava embargada.

- Eu vou contar - ele disse tentando chegar mais perto - Emy - eu só balancei a cabeça negativamente e me distanciei - Eu não sabia que você se sentia assim, filha - continuei negando enquanto saía de sua sala.

Como ele pôde fazer isso com a gente? Me peguei ligando para a pessoa que sempre esteve comigo e presenciou absolutamente todas as vezes que eu chorei pela ausência do homem que eu mais amava quando era criança.

- Amiga? - Jesse me perguntou com a voz mansa. Provavelmente sabia que algo não estava bem.

- Jesse - eu disse tentando controlar minha voz - Tem como eu passar na sua casa?