TKO

Capítulo XVIII

               POV Emily Stuart

- Não acredito que você apareceu na minha casa - Eu disse ainda surpresa enquanto Justin ria do meu espanto.

- Eu estava esperando você conversar com a sua mãe, pensei que precisava de um tempo por isso nunca a confrontei sobre isso e quando me contou que já tinha falado com ela não vi nada que me impedisse de vir - ele disse tranquilamente enquanto dirigia pelas ruas.

- Você é louco - eu exclamei - Já parou pra pensar se meu pai estivesse em casa?

- Eu pensei que se você conversou sobre isso com sua mãe hoje ele provavelmente não estaria em casa - ele disse e eu ri fazendo-o acompanhar. Era nítido que eu não teria uma conversa delicada com aquele homem em casa, para ele fazer escândalos e provavelmente mudar toda a opinião da minha mãe.

- Muito esperto, Sr Bieber - eu disse dando um sorriso leve em sua bochecha.

- Eu não teria problema em falar com seu pai, mas acredito que isso não vá ajudar na sua relação com ele - ele disse e eu me contive para não revirar os olhos. "Minha relação com ele" isso chegava a ser até uma piada se fosse considerar os últimos anos em que uma figura paterna forte era algo quase nunca presente em minha vida. Os trabalhos, as viagens, amigos, sócios, tudo era mais importante que a família que ele tinha em casa.

- Não é como se nós tivéssemos uma relação - eu murmurei - pelo menos, não uma saudável.

- Eu queria que fosse diferente, que você tentasse se resolver com seu pai - ele disse.

- Não sei se isso vai ser possível, pelo menos não de uma forma completa. Mas não é isso que me preocupa, meu pai sempre foi um homem duro e muito ambicioso, parecia que o que tinha nunca era o suficiente e sempre buscava mais.

"Acho que foi isso que nos afastou, quando ele deu prioridades a coisas banais quando o importante era a família que ele tinha - eu desabafei e me senti grata por Justin estar apenas me escutando, era o que eu precisava - Nesse pouco tempo de convivência eu pude perceber que ele não mudou em quase nada, continua querendo controlar tudo ao seu redor, mesmo que minha mãe não perceba. E é por isso que eu não quero que ele se intrometa na minha vida, mas tenho que ser cautelosa pois minha mãe não percebe o quão abusivo esse relacionamento dela está sendo, ele está a manipulando sem que ela ao menos perceba."

- Você acha que ele não gosta dela? - Justin disse após um tempo em silêncio.

- Não sei se tem a ver com não gostar - refleti por um momento - acho que no fundo ele deve até gostar dela, mas seu desejo de controle é maior que isso. Ele não quis recomeçar, ele apenas quis ter de volta o projeto de família feliz que ele tinha antes.

- Isso é forte - Justin disse, me analisando enquanto o carro parava em um sinal - E como você está em relação a isso? - e ele me arrancou um sorriso.

- Estou lidando com a situação da forma que posso, não posso jogar tudo isso pra cima da minha mãe. Acho que no fundo ela nunca se arriscou a ter outra pessoa que não fosse meu pai. Ele foi seu primeiro namorado, e depois que eles se separaram, ela chegou a ter casos rápidos. Então, ela sempre esteve muito ligada a ele. Não é como se fosse fácil apagar algo assim.

- Tudo vai ficar bem - Justin disse colocando uma de suas mãos em meu rosto, a acariciando. E só então percebi que já tínhamos estacionado o carro. Não soube dizer se agora, ou a algum tempo, estava perdida em pensamentos.

- Eu espero - murmurei - Agora... É nesse momento que eu saio correndo de nervoso em conhecer alguém da sua família?

- Bom, você pode tentar mas não se esqueça que eu tenho o condicionamento físico de um atleta então consigo te alcançar mais rápido do que imagina - ele disse sério, mas não se conteve e nós dois rimos.