Capítulo 17

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"Aceite meus mistérios."

Heloísa Riche

Senti os raios do sol tocaram meu rosto, sorri e abri os olhos com dificuldade, logo os fechei e virei para o lado, puxei um pouco mais do lençol e cobri meus seios, olhei para o homem com quem passei uma das melhores noites da minha vida, ou melhor, na minha frente estava o homem que fez á noite passada a melhor de toda a minha existência, todas as noites com ele foram maravilhosas, mas essa teve seu valor especial. Ele fazia com que eu fosse alguém diferente de tudo o que já imaginei. Sorri enquanto o observava, não demora e ele abre aquele sorriso pelo qual eu me apaixonei, ele abre os olhos e o meu olhar vai de encontro com o dele, respiro fundo e ele se levanta o suficiente para me dar um beijo, o qual eu retribuo sem pensar.

-Bom dia. - fala baixo após pararmos o beijos.

-Bom dia. - respondo.

Depois de trocarmos apenas essas palavras fizemos mais uma vez o "amor" da noite passada, sem pensar em nada, apenas no momento e durante tanto tempo eu nunca me senti tão eu mesma ao lado de alguém, como me sinto ao lado dele. Eu não queria me sentir mais uma ali, mesmo sabendo que eu sou. Todas elas tem razão em querer sempre estar com esse homem, ele sabe fazer como ninguém, ele sabe te conquistar, mexer com os seus sentimentos. Pena que nada dura para sempre, eu adoraria viver esse momento para sempre.

-Não precisa acabar. - ele diz enquanto acaricia meus cabelos. - Você sabe que não precisa.

-Eu sei que nada dura para sempre, ainda mais se o que eu quero que dure seja com você. - suspiro e sorriu fraco.

-Quem sabe se...

-Se eu deixasse tudo pelos seus mistérios e aceitasse viver com alguém que nem sabe o que realmente quer? - me sento na cama. - Talvez se eu escolhesse viver assim poderia durar?

-Eu não tenho mistérios, só existe coisas que você não entenderia. Nem eu me entendo Helô. - olha em meus olhos.

-Eu procuro paz, e não mais instabilidades que a minha própria vida já me trás. - abaixo a cabeça. - Não quero que ache que eu estou colocando obstáculos para não ficarmos juntos, mas você é de um mundo completamente oposto ao meu.

-Mas eu sei que você sente algo. - se levanta irritado.

-E o que vai mudar eu sentir? - começo a me vestir. - O que vai mudar eu dizer que você tomou o meu coração? Você nunca vai confiar em mim igual eu confio em você. Você nunca vai querer estar comigo da forma que eu quero estar com você. - ele permanece em silêncio.

O silêncio, vindo de alguém que sempre sabe o que falar, é devastador, arde como um tiro no peito, bem no meio do peito, bem no coração. Ou talvez não, tiros no peito devem ter efeito rápido, e ele não saber o que responder é como um tiro no joelho, na ponta do dedo ou em qualquer outro lugar, menos no coração.

-Eu não posso. - pego minhas coisas e saio do quarto.

-Heloísa... - fala enquanto caminho em direção ao estacionamento da fazenda. - Não faça isso. - segura meu braço quando estava perto do meu carro. - Aceite meus mistérios. - me coloca contra o carro.

-Eu poderia. Mas eu não quero. - minto e saio de seus braços e entro em meu carro. A verdade é que eu quero, mas não posso, ele é alguém fora de alcance para mim.

Ele me olha sem reação, ligo o carro, passo o cinto e nem faço a questão de abrir os vidros para deixar ele me ganhar com suas palavras, apenas começo a dirigir, para qualquer lugar. Para qualquer lugar distante de todo mistério, desconfiança ou sentimentos que estejam relacionados a ele. Como pode alguém entrar na sua vida, completar cada vazio que existiu antes de sua chegada e depois de um tempo te deixar novamente com todos aqueles espaços sem nenhum preenchimento? Talvez, mas nada com certeza, Vicente Bastos seja o preço por todos os meus pecados.

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