Capítulo 15 - Promessa de guerra

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Hannah

Eu jamais poderia imaginar que as coisas chegariam a esse ponto.

Não sou a melhor pessoa do mundo, nem um exemplo a ser seguido e tampouco uma pessoa que exala admiração por onde passa. Tenho meus desejos e as vezes penso ser a pessoa mais louca do mundo. Mas nunca pensei que, por causa do amor, pudesse agir com crueldade.

Às vezes me pergunto até onde eu seria capaz de ir em nome do amor que sinto por Adrian. O pior de tudo? Não sei a resposta. Percebo, então, que não me conheço suficientemente bem para confiar plenamente em mim mesma.

Eu não pensava nisso até o dia em que Larissa Oliveira voltou a pôr os pés neste internato. Me parece um pouco estranho o fato de ela ter decidido voltar para Crossfield, e vê-la tão mudada como ninguém nunca viu era a última coisa que eu poderia esperar.

Eu sempre soube que Larissa é loucamente apaixonada por Adrian desde que o conheceu, e apesar de estar completamente segura de que Adrian me ama, agora que ela está de volta, eu não ficaria surpresa se ela decidisse se aproveitar desse "milagre" para tentar roubá-lo de mim.

Mas é claro que eu não vou permitir que isso aconteça. Irei até as últimas consequências para evitar que Larissa me tome o amor dele. Nem que para isso eu tenha que arrancar os olhos dela.

Discretamente, sigo-a até o Residencial Feminino. Tento manter a maior distância possível entre nós para evitar ser notada, mas de algum modo Larissa sente que alguém a está seguindo e se vira para olhar. Não dá tempo de me esconder, mas, sem hesitar, continuo andando e paro na frente da porta do meu quarto, mexendo na maçaneta como se quisesse entrar. Larissa olha para mim com desconfiança, mas depois vira o rosto para a porta e, ignorando a minha presença por completo, gira a maçaneta e entra. A rapidez com que desaparece porta adentro me leva a acreditar que ela sabe perfeitamente que está sendo seguida.

Ando devagar até a porta e encosto o ouvido suavemente para tentar ouvir se há mais alguém do outro lado, mas aparentemente não há. De repente, ouço um toque de celular. Alguns segundos se passam antes de ouvi-la dizer 'alô'. Neste instante, deixo de lado tudo o que minha mãe me disse sobre o quão descortês é ficar ouvindo conversa atrás das portas e diminuo o ritmo da respiração, tentando fazer o máximo de silêncio possível para conseguir ouvir o que Larissa está dizendo.

— Você estava certa, Vivi. Meu retorno pegou todo mundo de surpresa. As pessoas ficaram boquiabertas quando me viram chegando. Pareciam um bando de zumbis... – É o que ela está dizendo, o orgulho evidente em suas palavras. Claro. Eu deveria ter imaginado que Larissa não hesitaria em tirar vantagens pessoais. – Ah, deixa eu te contar o que aconteceu hoje. Eu reencontrei uma pessoa que não via há meses. Um garoto chamado Adrian...

Eu sabia, uma voz estremece dentro de mim. Sabia que, cedo ou tarde, ela iria acabar falando dele.

— Foi pra ele que você escreveu aquela carta, não foi?

— Nem me lembre dessa maldita carta! Foi a ideia mais absurda que eu já tive. Achar que ele iria gostar de mim quando soubesse o que eu sentia por ele... Aposto que deve tê-la rasgado, ou queimado, assim que recebeu.

Alguma coisa me diz que será melhor ficar aqui esperando Larissa sair, mas estou zangada demais para obedecer à minha voz interior. Sem pensar duas vezes, abro a porta com um chute e vou até ela.

— Escuta aqui...

— Quem é você e por que está invadindo o meu quarto? Não tem o direito de entrar aqui! Sai daqui agora mesmo!

Agarro o braço dela com força, minhas unhas cravando em sua pele.

— Eu não vou sair daqui enquanto não falar com você!

— Está me machucando! Me solta!

— É o que você merece! Que alguém te dê uma lição!

— Me larga!

Com uma chacoalhada, Larissa consegue se soltar, e então olha para as marcas das minhas unhas no seu antebraço. Mas ela parece não se importar com a dor. E, pelo visto, não me reconheceu assim que entrei. Pergunta mais de uma vez quem sou eu, como se nunca tivesse me visto antes. Até que, de repente, começa a me olhar com mais atenção.

— Espera um minuto. Eu conheço você. Hannah Anderson, certo? Você é a namoradinha do Adrian.

— Que bom que você sabe! – digo, embora no fundo eu esteja me perguntando como ela ficou sabendo desse detalhe. – E é bom que saiba o que te espera se acaso tentar se meter entre ele e eu.

— Me meter entre vocês? Ficou maluca?

— Um conselho, querida. Não me teste. Você não sabe do que eu sou capaz. Se eu fosse você, tomaria bastante cuidado. Se tentar fazer alguma coisa para me separar do Adrian, vou fazer você desejar nunca ter nascido.

— É você quem tem que tomar cuidado, querida. Não faz ideia de com quem está se metendo.

— Não, Larissa. Eu sei perfeitamente bem que tipo de pessoa você é. Não passa de uma pobre coitada que virou uma patricinha fútil da noite para o dia, achando que com isso teria o mundo aos seus pés. Mas na verdade não passa de uma zé-ninguém. Um lixo! Um nada!

— Cala essa boca! – grita Larissa, dando-me um tapa violento no rosto.

Não consigo conter o golpe. Porém, meus reflexos me permitem devolver o tapa no mesmo instante. O que leva Larissa a me dar um segundo tapa, desta vez com mais força. Não reajo. Apenas digo:

— Vai me pagar caro por isso, sua patricinha nojenta!

— Eu não tenho medo de você! Agora sai do meu quarto. Sai!

Com a mão no rosto, encaro-a uma última vez e saio. Juro a mim mesma que algum dia irei descontar aquele tapa, pois as coisas não ficarão assim.

Me aguarde, Larissa. Você não faz ideia do que te espera!

Para Sempre - A EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora