Segundos depois de tocar a campainha, ouço, graças ao silêncio tumular que reina na casa, os passos dele se aproximando. Quando a porta se abre, não evito olhar diretamente em seus olhos azuis penetrantes. Usa um blazer azul-marinho e uma calça de linho da mesma cor. O cabelo está elegantemente penteado, fazendo parecer que se arrumou especialmente para este momento, mesmo que na realidade não seja algo tão importante. É apenas um trabalho de escola. Não é um encontro nem nada do tipo. Mas, mesmo assim, é tão especial quanto.
— Oi, Larissa.
— Oi, Adrian.
— Chegou cedo.
— Bem, um pouquinho — respondo, sorrindo timidamente. Embora, no fundo, eu deseje que nada disso esteja acontecendo, eu não posso — nem quero — tratá-lo como o tratei da última vez. Quero levar em consideração os conselhos de Viviane, colocando o sorriso como peça-chave para um bom convívio. Afinal, se a tendência é seguir nesse mesmo ritmo, fazendo trabalhos de escola juntos, precisamos nos entender, nos dar bem. — Mas tudo bem. Melhor estar adiantado do que atrasado, concorda?
— Concordo.
— Então, não percamos mais tempo. Posso entrar?
— Óbvio.
Tento não parecer uma garota exageradamente formal para as pessoas, mas os costumes de antigamente ainda pesam sobre minha personalidade. Uma parte daquela garota boazinha e educada ainda reina em algum lugar dentro de mim. E, talvez, como Adrian disse uma vez, isso nunca mude.
— Você não vai me bater se eu disser que você está linda hoje, vai?
— Se não passar de um simples elogio...
— Não sou muito de elogiar, se quer saber. Mas sei reconhecer quando alguém está de bem com a vida e isso, consequentemente, me leva a elogiar. Mas, de verdade, você está muito bonita.
— Obrigada. — Pena que você só está vendo isso agora, tenho vontade de dizer. Mas decido deixar para lá. — Você, por acaso...
Paro de falar quando noto que ele está me olhando fixamente. Os olhos dele brilham, e isso me deixa confusa.
— Por que está me olhando tanto?
— Já disse. Você está muito bonita hoje. É impossível não reparar.
Suas palavras me deixam desconcertada. Tento manter a calma, mas a medida que suas palavras chegam aos meus ouvidos, a calmaria vai desaparecendo, dando lugar àquela sensação estranha de formigamento que as pessoas costumam chamar de "borboletas no estômago".
— Se não se importa, prefiro que a gente ignore os elogios e passe a cuidar do que realmente importa.
— Como quiser. Desculpe se a deixei desconcertada.
— Tudo bem — respondo, sorrindo. — Então, vamos começar?
— Sim. Vamos para o meu quarto.
— Seu... quarto?
— Sim. Se não se importar.
— Claro que não. Não tem problema nenhum. Vamos.
Senti novamente as borboletas se amontoarem em meu estomago quando Adrian sugeriu que fôssemos para o quarto dele. Senti a mesma coisa na tarde em que chamei Victor à minha casa para conversarmos. Mas nunca senti isso de uma forma tão intensa como agora.
Cordialmente, ele me convida para sentar na cama enquanto pega os materiais que vamos usar na produção do cartaz. Eu trouxe cola, tesouras, canetas crown, canetas pastéis e duas cartolinas brancas. Adrian ficou encarregado de conseguir os livros para pesquisa. Organizamos tudo e pomos a mão na massa.
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Para Sempre - A Escolha
Teen FictionEm seu primeiro ano no internato Crossfield, Adrian M. Lindenberg, um jovem inteligente e carismático, vive dias felizes ao lado de seus melhores amigos e de sua namorada, a bela e carismática Hannah Anderson. Mas tudo muda quando ele reencontra Lar...