Capítulo 17 - A briga

153 11 0
                                    


A dois dias da viagem, estou uma arara. Não consigo imaginar a semana seguinte com uma pessoa que faz meu sangue ferver só de lembrar dela. Penso constantemente em desistir, mas alguma coisa dentro de mim me impede de tomar tal atitude. Eu poderia simplesmente ligar para o professor pedindo para me excluir da lista de viajantes, o que poria um fim em meu desespero. No entanto, ao imaginar Larissa viajando sozinha sem ninguém ao lado dela, uma mórbida fraqueza toma conta do meu ser, levando-me a quase esquecer que estar com ela é o que eu menos desejo no mundo.

Não consigo me entender. Se isso tivesse acontecido um ano atrás, com certeza a teria dispensado sem nenhum remorso. Hoje, porém, sinto que alguma coisa em mim mudou. Por um lado, sinto muita raiva por ser obrigado a atender aos caprichos de Larissa, deixando quem eu realmente quero que vá comigo para trás. Por outro lado, por mais que eu considere a ideia de desistir, me sinto mal por deixar Larissa ir sozinha. Apesar do ódio que estou sentindo, estou com pena dela. E pensar nela dessa maneira faz com eu fique mais furioso comigo mesmo.

Eu amo Hannah, sem dúvida nenhuma. A última coisa que eu quero é magoá-la. Por isso me sinto péssimo em imaginar que, talvez, ela tenha acreditado na mentira contada por Larissa, dias atrás, durante o sorteio. Claro que isso é um absurdo! Nunca, em hipótese alguma, eu pensaria em traí-la, muito menos com a garota que sempre odiei. A minha ideia é ligar para ela e dizer que a amo profundamente; que nada do que Larissa fizer poderá mudar o que eu sinto por ela; que ela vai estar em meus pensamentos durante cada segundo da viagem. Mas quando estou prestes a pegar o telefone, a campainha toca.

Abro a porta, sem imaginar que Hannah está do outro lado.

— Meu amor! – digo, feliz e surpreso ao mesmo tempo.

— Oi, Adrian.

Ela não está zangada, nem triste. Seu rosto está sereno como sempre, e um sorriso estonteante brota de seus lábios carnudos e sensuais. Vê-la assim me deixa mais tranquilo.

Beijo-a com paixão e depois seguro sua mão.

— Vem comigo.

Levo-a até o sofá e depois me sento. Minha vontade é de continuar beijando ela, mas não quero fazer nada que me faça parecer que estou nervoso pelo que anda acontecendo entre nós.

— Quer que eu lhe sirva alguma coisa? – pergunto, tentando parecer o mais natural possível.

— Não, obrigada.

— Eu estava pensando em te ligar. Mas adorei que tenha me feito uma surpresa.

Seus lábios se curvam num sorriso irresistível.

— Gosto de fazer surpresas especiais a pessoas especiais. E você é a pessoa mais especial do mundo para mim.

Hannah pressiona sua boca contra a minha com força, como se não me beijasse há séculos. Levo a mão do rosto dela à sua cintura, puxando o corpo dela ainda mais para perto do meu. Eu a aperto com força, sentindo nossas respirações se misturarem. A pele macia de Hannah se contrai ao meu toque, seu tremor involuntário visível.

Até que, de repente, ela recua.

— O que foi?

— Acho que precisamos ter uma conversa.

— Sobre?

— Sobre as coisas que ultimamente andam acontecendo entre a gente. Coisas que estão me deixando transtornada. Acho que você vai concordar que nossa relação já não é mais a mesma desde que aquela garota apareceu em nossas vidas.

— Do que você está falando, Hannah? O que quer dizer com "nossa relação não é mais a mesma"? Eu te amo igual ou mais que antes. Não consigo ver o que está errado.

Para Sempre - A EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora