Epílogo

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Sábado, 21:14 P.M.


— Adrian! – começo a gritar. Num misto de loucura e consternação, corro e grito pelas ruas vazias. Não há qualquer pessoa à vista. Minha voz, misturada ao barulho do salto, ecoa, forte e melancólica, para além das paredes, noite adentro.

Continuo correndo, sem rumo definido, e só paro quando chego à margem de um rio, cujas águas escuras refletem a luz da lua e dançam com o movimento de um cardume que salta alegremente em um ritmo cadenciado, tal qual um balé. Ao redor, salgueiros maiores do que cabanas se erguem ocultando o céu, cobrindo o pantanoso chão com folhas secas, criando um belo tapete natural.

Um enxame de vagalumes me acompanha, como um guia neste caminho escuro. Há uma ponte que leva à outra margem do rio. Segurando o vestido, ando até ela. Estou começando a atravessá-la quando, graças às luzes que me conduzem, avisto o vulto de Adrian, parado na outra margem. Está de costas, virado para as árvores que mais parecem vultos fincados no chão.

Paro. Lá está meu amado, que nem sequer imagina que deixei todos para trás para vir procurá-lo. Estou esperando que ele se vire e me veja aqui, contendo uma vontade incontrolável de me jogar em seus braços e expressar todo o meu amor a ele.

Me aproximo em passos lentos. O silencio reina absoluto, até que um suspiro escapa dos lábios dele, um suspiro cheio de lamúria.

— Perdi você... – Paro de repente, imaginando que ele já sabe que estou aqui. – Deixei você escapar.

Abro a boca para falar, mas ele prossegue, sem fazer ideia de que estou bem atrás dele, ouvindo cada palavra:

— Aposto que agora você está comemorando com toda a felicidade do mundo.

Ele faz uma breve pausa. Uma lágrima escorre dos meus olhos, enquanto uma voz berra em minha mente: "Não é verdade, meu amor. Estou aqui, bem atrás de você. Olhe para mim".

— Larissa, meu amor. Sei que você não está aqui para ouvir isso. Mas eu te amo... e jamais vou amar outra que não seja você.

— Eu também te amo e nunca vou amar outro que não seja você.

Ele se vira vagarosamente.

— Larissa?

— Adrian, meu amor!

Adrian se aproxima. Toca meu rosto, enterra os dedos no meu cabelo, e depois me abraça com força. Olha para mim novamente, ainda como se quisesse ter certeza do que está vendo.

— Como é possível que...? O que faz aqui?

— Eu vim te procurar. Eu te amo, Adrian.

Adrian fecha os olhos, sentindo o efeito que minhas palavras fazem sobre ele. As lágrimas que agora caem não representam mais a tristeza, mas sim a alegria, uma imensa e incalculável alegria. Meu coração está batendo na velocidade do som, prestes a escapulir do peito.

— Eu ouvi bem? Você disse que me ama?

— Sim, Adrian. Eu te amo. Te amo com todo o meu coração. Nunca, nem sequer por um segundo, eu deixei de amar você. Mesmo quando dizia te odiar, meu coração nunca deixou de te querer.

— Mas... e quanto ao...?

— ... Victor? Eu não o amo. Eu me enganei desde o começo. Eu nunca poderia amar alguém como eu amo você. Você me perdoa? Eu te deixei esse tempo todo esperando por mim.

— Não tenho nada para perdoar, Larissa. Eu é que te peço perdão. Perdão por ter te magoado, por ter feito você sofrer. Fui um imbecil por não ter enxergado desde o começo a garota maravilhosa que você é. Eu nunca poderia ser feliz longe de você, meu amor.

— E pensar que quase te perdi...

— Mas não me perdeu. Eu estou aqui. Sou todo seu, Larissa. Meu corpo e minha alma pertencem a você. E assim será até o meu último suspiro.

Abraço-o com todo o amor que está impregnado em mim, o calor dele como uma bateria, recarregando minha alma exausta.

— Eu te amo tanto, meu anjo.

— Também te amo, Adrian. Eu preciso de você. Preciso porque, de maneira nenhuma, eu consigo imaginar tudo o que quero para os meus próximos anos com uma pessoa que não seja você. Não ouso imaginar um minuto do meu amanhã sem que ele seja definido como nosso, porque é inaceitável um futuro onde você não esteja caminhando ao meu lado todos os dias e onde juntos criamos nossa complicada história. Diversas vezes me perguntei o que faria sem você e não encontrei respostas. A verdade é que não há respostas, da mesma forma que não existe o que fazer sem você.

Adrian segura meu rosto.

— Um amanhã, um minuto adiante não faz sentido sem a certeza de que você está comigo e continuará durante todos os dias. É loucura imaginar uma vida e todos os seus detalhes sem você para mudar algo, sem você para dar a razão ao todo. Eu jamais ousaria caminhar por uma estrada sem a certeza de que você estaria me esperando ao fim dela. Eu digo hoje e direi por toda a nossa vida: "eu jamais vou viver um amanhã que não tenha você."

— Então me diz. Diz para mim que essa dor nunca vai tocar nossos corações. Diz que isso nunca vai acontecer. Me convence. Eu tenho medo, Adrian. Tenho medo de não acordar daqui a alguns anos com sua respiração baixinha no meu pescoço depois de dormir uma noite inteira abraçados e juntos. Diz que seremos eternos e que nada vai estragar isso. Diz. Eu preciso ouvir.

— O nosso amor é forte o bastante para nos privar da dor que seria seguir caminhos diferentes e isso é o que sempre deverá nos manter juntos. Não teria a certeza de uma noite ao seu lado e de uma manhã iniciada com seus beijos em minha nuca se não houvesse tanto amor para fazer isso pertencer a nós. Fomos feitos detalhadamente um para o outro e nunca haverá um amanhã sem que nós estejamos juntos. Se acordarmos, acordaremos juntos. Se vivermos, viveremos juntos. O destino não teria a ousadia de separar nossas vidas e, se tivesse, eu lutaria todos os dias para que ela voltasse a ser nossa. Enquanto houver amor entre nós, o nosso futuro é garantido.

E sob a luz do luar, à margem do rio, um tenro e caliente beijo é selado. Os vagalumes, como se soubessem que é hora de nos deixar à sós, se juntam e voam para longe.

— Acho que devemos voltar, meu amor. Eles estão nos esperando.

— É claro. Mas, antes, quero aproveitar este momento para lhe fazer um pedido muito especial.

— Pode pedir o que você quiser.

Adrian põe a mão no bolso e tira dele um lindo anel prateado.

— Amor!

— É para você.

— Para mim?

— Sim. Este anel pertencia ao meu pai. Ele me entregou antes de morrer. Disse que, quando eu encontrasse o amor da minha vida, eu a presenteasse com isso. Foi quase como se soubesse que eu o usaria neste momento. – Adrian respira fundo e por fim diz: – Meu anjo... Aceita se casar comigo?

Fico muda de espanto por alguns segundos.

— Adrian... eu não sei o que dizer.

— Bom... Diga que sim.

Apesar da tensão, dou uma risada.

— Então? Aceita me aturar para o resto da vida?

Por alguns segundos se instala um silencio tenso e as mãos de Adrian suam em bicas enquanto espera ansiosamente pela minha resposta.

Digo finalmente:

— Sim, Adrian. Eu quero me casar com você. É o que eu mais quero no mundo. Ser sua. Só sua. Para toda a vida.

Então, sem esperar um segundo sequer, ele pega o anel e o coloca em meu dedo. Em seguida, beija a minha mão com suavidade, sussurrando:

— Te amo, minha princesa.

— E eu amo você, meu anjo.

Ele me beija. Depois, unindo nossas mãos, com a certeza de que elas jamais se soltarão, seguimos de volta para a escola, onde os convidados para o noivado mais falado da cidade nos aguardam ansiosos.


FIM

Para Sempre - A EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora