Capítulo 9

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Combinei com o Romeo encontrar-me com ele no sítio do Tarot por volta do meio-dia.

Vesti-me, e saí de casa.

Precisava de conversar com a Ashley primeiro. 

Nós ultimamente andávamos bastante distantes...

Conduzi até o refúgio dos Hunters, e entrei na sala. Ela estava no colo de Chase, como sempre.

Ela sentiu a minha presença, e levantou-se para me abraçar. Eu não entendi bem o porquê, mas abracei-a de volta. Puxei-a pela mão até o antigo escritório do meu pai, e fechei a porta em seguida.

- Preciso de te pedir uma coisa. - Disse-lhe e ela olhou-me desconfiada.

- Hoje é o dia em que os Angelus estarão no Tarot, certo?

- Sim... - Respondeu ainda desconfiada.

- Eu preciso da tua ajuda, para ir até lá discretamente.

- O quê? Luna, estás louca?!

- Ashley por favor, é bastante importante para mim.

- Porquê? - Perguntou baixo.

- O Romeo vai estar lá, eu preciso de estar com ele.

- Luna, não. Porque não me contaste? - Perguntou-me.

- Por favor, Ashley. Eu tentei te dizer, mas não consegui. - Voltei a pedir, e ela voltou a dizer que não.

- Eu faço qualquer coisa, mas por favor! - Ela voltou a dizer não. - Era suposto tu estares sempre lá para mim Ashley! Ajuda-me com isto, por favor.

- Não Luna, tu não estás a ver as consequências do teu ato!

- Ashley, eu amo-o! - Gritei, e ela calou-se.

- O quê? - Voltei a falar baixo.

- Eu amo-o. - Sussurrei. - Merda, por favor.

- Ok, eu ajudo. - Ela disse ainda chocada.

- A sério? Obrigada. - Disse enquanto a abraçava.

Nós pegamos no carro de Chase, e entramos. Quando estávamos prestes a ligar o motor, Chase correu até nós.

- Que merda estão a fazer com o meu carro? - Perguntou ele preocupado.

- Agora não Chase! - Pediu Ashley e ele olhou-nos desconfiado.

- O que é que vocês estão a inventar?

- Nada. - Limitei-me a dizer, e coloquei o carro a trabalhar.

- Eu conduzo. - Ele também limitou-se a dizer antes de me puxar do lugar do condutor, e sentar-se.

Olhei para Ashley preocupada, e ela assentiu com a cabeça, como se informasse que iria ser ela a contar a história, o que raio se iria passar daqui a alguns minutos.

Quando chegamos ao Tarot, vi que Romeo estava encostado no seu carro branco, porém, Mikhael também estava lá. Mikhael olhou-me com desprezo, enquanto Romeo lançou-me um sorriso leve. Saí do carro, e passei por Romeo que analisava-me atentamente.

Entrei na casa do Tarot, e sentei-me à sua frente.

Ele tirou quatro cartas, como era o habitual, e começou por dizer a mesma coisa, de quando vim consultá-lo.

- Eu vejo um amor puro, pode até mover o céu.

- Ele está em perigo? - Perguntei, mas ele ignorou-me.

- É verdade, o amor nunca hesita, porém...

- O que tu lês? - Perguntei novamente.

- Eu vejo uma interferência, com este amor. Tenho receio, estas almas podem nunca mais alinhar. - Ouvi o som da porta a bater. - Mas bem, há uma solução.

- Nós vamos agora. - Chase entrou, e arrastou-me para fora do Tarot.

- Espera, o quê? - Perguntei confusa.

- Alguém chamou mais Angelus, eles viram-nos como uma ameaça, Luna, nós temos que sair daqui.

Corremos até o carro de Chase, e ele entrou rapidamente. No momento em que Chase acelarou, Romeo veio atrás de nós com o seu carro, deixando Mikhael para trás.

No entanto, mais carros dos Hunters juntaram-se a nós.

- O que eles estão aqui a fazer? - Perguntei preocupada.

- Eu chamei-os para nos protegerem. - Respondeu Ashley. - Meu Deus Luna! Já sabia que isto iria acontecer!

A estrada por onde estávamos a seguir estava fechada, fazendo-nos parar.

- Merda! - Gritou Chase.

O carro de Romeo estava ao lado do nosso, e os nossos olhares cruzaram-se.

Eu vi pelo seu olhar que ele estava a pedir desculpa.

A culpa é toda minha, deixei-me levar por um amor insano.

Quando os Angelus chegaram, vi Mikhael correr até o carro de Romeo, e puxá-lo para fora do carro. Até o momento em que ele me viu, e apontou a sua arma para mim. Ele sorriu, antes de atirar. Fechei os olhos, e ouvi o som de uma bala.

Não senti nada, não senti dor. No momento em que abri os olhos, Chase estava à minha frente, com um tiro na zona do peito.

Merda, merda não.

- Não, Chase. Merda, porquê que te puseste à frente?! - Perguntei quando as lágrimas começaram a formar-se nos meus olhos.

Ouvi os gritos de Ashley atrás do carro, e pude sentir exatamente o que ela estava a sentir. O amigo de infância que brincava comigo com bonecas, e que me abraçava quando algo me corria mal. O amigo de infância que sempre estava lá para mim. O mesmo amigo que me defendia de tudo, e de todos, estava agora nas minhas mãos a sangrar pois salvou-me. Ouvi Ashley a telefonar para a ambulância, e quando o fez, começou a atirar em direção ao Mikhael, porém falhou e acertou noutro homem dos Angelus. E foi assim que os tiros começaram. Deitei Chase no banco para ele não ser alvejado, e saí do carro discretamente em cócoras.

Fitei Ashley deitada no chão, completamente em sangue inconsciente. Não, isto não pode estar a acontecer.

A culpa é toda minha.

De repente, apenas me recordo da noite em que estava a ler no meu quarto, e ela bateu à porta:

"- O que disse o Tarot? – Perguntou-me.

- O que ele te disse a ti? – Perguntei-lhe de volta.

- Que iria morrer a tentar proteger alguém. Eu quis tentar saber quem, mas ele não me disse. "

Agora eu sabia. Ela morreu a tentar proteger-me.

Os tiros continuavam, mas eu já não queria saber.

Observei uma mota perto de mim, e corri até ela.

As únicas pessoas que mais me apoiaram estavam mortas. Então já nada me ligava àquela maldita cidade. Acelerei a mota, passei pela zona vedada, e olhei para trás.

Romeo estava de joelhos enquanto me observava a ir embora.

E o que mais me doeu, foi que ele deixou tudo isto acontecer, e ele sempre foi o primeiro a dizer-me que tudo iria correr bem.

Maldito mentiroso. 

O meu nome não é JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora