Capítulo 19

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Diego deixou-me à porta da festa, e conduziu para o lado oposto. 

Leila, Steela e Leah iriam vir mais tarde, no carro de Diego, para não atrair tantos olhares quando entrássemos na festa.

Entrei num beco, e mudei rapidamente de roupa. 

Leila disse que seria melhor assim, pois segundo ela, era mais seguro, porque tinham menos hipóteses de reconhecerem que eu tinha saído do carro de Diego.

Vesti o meu fato, que Leila tinha escolhido, e saí do beco.

Olhei para os lados para certificar-me que ninguém me tinha visto, e atirei a roupa que antes utilizava para o lixo. 

Passou por grupo de rapazes por mim alegres, também mascarados, com os convites nas suas mãos.

Ah sim, o convite, já nem me tinha lembrado disso.

 Aproveitei e retirei o convite que Diego me tinha entregado mais cedo.  

Olhei com mais cuidado para o local onde me encontrava, e as letras com luzes diziam claramente "Kingdom Theatre" no cimo do edifício. 

Quando passei pela porta de entrada, limitei-me a levantar o convite, e o segurança nem olhou para mim, fazendo-me sinal para passar.

Bando de idiotas.

No momento em que entrei, a festa estava decorada exatamente como a Igreja, porém mais viva, sem ter de dizer o facto de haverem pessoas bêbadas e mascaradas a dançar. 

Olhei para os lados para verificar se estava alguém que me pudesse reconhecer por perto, mas como não estava, coloquei a minha máscara preta.

Passei por algumas pessoas que estavam a conversar perto de um espelho, e empurrei-os, retirando um batom nude do meu fato e aplicando-o em seguida.

Quando olhei para o meu reflexo, sorri feliz, e comecei a descer as escadas para puder me juntar à festa. 

Finalmente este dia chegou.

As pessoas que dançavam estavam todas mascaradas com roupas vitorianas, e pude reconhecer inúmeros rostos dos Angelus.

Olhei ao meu redor, à procura de Mikhael, porém só encontrei algumas mulheres vestidas com alguns fatos parecidos ao meu. 

Bufei, e empurrei algumas pessoas que estavam a dançar para conseguir ir até o centro da festa. 

Voltei a procurar, porém o que encontrei foi algo que não estava à espera.

O que este filho da puta faz aqui? Ele não sabe nunca ouvir? 

Retirei a máscara por alguns segundos para observar melhor o Romeo, e para verificar se era mesmo ele. Quando o fiz, tive o privilégio de o ver no primeiro andar, apoiado na varanda do lado de dentro, que basicamente dava a vista para a festa toda. Ele estava vestido com asas de anjo. 

Previsível.

Apesar de o querer matar, ele parecia tão sereno enquanto observava as pessoas a dançar...

E, por um momento, esqueci-me de tudo. 

Esqueci as gangues, esqueci o Mihkael, esqueci do nosso amor proibido. 

Apenas me lembrava da nossa noite juntos, e de todas as vezes em que ele tentava atravessar as minhas barreiras.

Porém, quando observei uma mulher atrás dele, a tocar-lhe na cintura, tudo parou.

Ele olhou para trás, e sorriu-lhe. A mulher que utilizava uma peruca, parecida ao meu cabelo anterior beijou-o, e eu fiz uma careta.

Aquilo sem dúvida que doeu.

Eu sabia que Romeo tinha inúmeras mulheres aos seus pés, mas tê-lo visto a beijar outra depois do que passamos foi o extremo.

Lancei um último olhar para eles, e a mulher de peruca arrastava-o para outro lugar, enquanto ambos gargalhavam.

O meu estômago deu uma reviravolta, e poderia jurar que o meu jantar iria sair-me pela boca.

Afastei novamente os que dançavam, e saí correndo pela multidão. 

Entrei num corredor onde estava completamente isolado, e vomitei tudo o que tinha no estômago. 

Senti uma mão a puxar-me o cabelo, para não me sujar, e agradeci por isso. 

No momento em que me senti melhor, levantei o olhar, e pude encontrar o mesmo rapaz que me encontrou quando conheci as meninas, que me entregou a carta e que me ajudou a encontrar o Romeo quando ainda vivia nesta cidade.

- Mas que...? - Não pude acabar a frase, pois ele colocou-me a sua mão na minha boca.

Negou com a cabeça, e arrastou-me para um quarto qualquer. 

- Luna, tens que ir embora. - Foi a primeira coisa que ele disse. - Se estás à procura do Romeo, aconselho-te a...

- Eu não estou à procura desse filho da puta. - Interrompi-o. 

O meu orgulho era maior que o meu amor por ele. 

- Então o que fazes aqui? - Perguntou-me sério, e eu dei um sorriso.

- Vim matar o Mikhael. - Respondi com um sorriso maior, e ele olhou-me com os olhos arregalados, antes de coçar a testa nervoso.

- Luna, agora sem brincadeiras, precisas mesmo de partir. - Disse-me ainda nervoso. 

- Eu não estou a brincar. - Caminhei até à porta, e em seguida guardei a chave que estava na fechadura da porta. Abri a porta, e rapidamente tranquei-o no quarto. 

Ouvi-o a chamar por mim, mas ignorei.

Nada podia ficar no meu caminho hoje.

O meu nome não é JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora