Todos conhecem a história trágica do Romeu e da sua amada, Julieta. Mas ninguém conhece a história de Luna e Romeo. Histórias semelhantes, porém diferentes. Luna não é Julieta, nem nunca será. Romeo não é Romeu, apesar de carregarem o mesmo nome.
...
Já tinha anoitecido, e eu ainda me encontrava no apartamento. Theo disse que não se importava se eu passasse esta noite aqui, acrescentando também, que a minha presença no apartamento não o tornava tão vazio. Disse-me também que as meninas tinham ficado num motel aqui perto, enquanto não arranjavam casa para alugar. Senti-me um pouco culpada, por estas terem ficado nesta cidade apenas por mim, mas Theo disse que eu estava a ser dramática.
Não o conhecia há muito tempo, porém eu sentia uma confiança enorme nele. Uma hora no seu apartamento, e eu contei-lhe completamente a minha história de vida inteira, e ele escutou-a atentamente sem me interromper, ou sequer rir. Era como contar uma história infantil a uma criança antes de ela adormecer, ele tinha prestado atenção a todos os detalhes.
No momento, encontrava-me a arrumar a pouca roupa que tinha trazido dentro do guarda-roupa. Quando terminei, sentei-me na cama.
Lembrei-me da segunda carta, que ainda estava selada, e retirei-a de trás das minhas calças de ganga. Observei-a, e cheguei à conclusão de que deveria abri-la.
"Soube que mandaste uma carta ao Romeo. Não devias ter feito isso, Luna. Estás apenas a criar um conflito entre a nossa gangue. Todos odeiam-te, ainda mais que antes. Deixa de mandar mensagens, ou responder ao Romeo, ou juro que irei fazer o mesmo que fiz com o teu querido Pai. E juro, que desta vez, irei-me certificar que a tua morte será dolorosa. Nunca mais voltes para esta cidade, não serás bem-vinda. Ah, e mais uma coisa: os teus amigos encontram-se no mesmo sítio em que os deixaste.
Com ódio,
Mikhael."
Encarei a carta com ódio, e rasguei-a a metade. As lágrimas começaram a surgir, e eu comecei a dar socos na almofada enquanto gritava.
Foi aquele filho da puta, que matou o meu pai!
Theo entrou no quarto confuso, e fitou-me no chão enquanto chorava de raiva. Pegou nos restos da carta, e juntou-a antes de a ler.
- Luna, eu sinto muito. - Disse Theo enquanto me tocava levemente nas costas, e eu neguei com a cabeça.
- Eu tenho que voltar lá. - Respondi e ele olhou-me como se eu fosse louca. - Tenho que matar aquele maldito... - Sussurrei, e ele arregalou os olhos.
- Hey calma, ninguém vai matar absolutamente ninguém. - Ele disse-me enquanto me puxava para perto. - Tu só precisas de um abraço.
- Theo, eu preciso... - Sussurrei e ele completou.
- De descansar? Sim.
Fitei os pedaços mal rasgados da carta, deixados por Theo em cima da minha mesa de cabeceira, e limpei as minhas lágrimas.
Merda, se estas paredes pudessem falar, elas diriam que eu era uma merda duma louca.
- Tu precisas de deixar aquela vida para trás, Luna. - Theo disse-me sério enquanto encarava os meus olhos. - Fugiste de lá para começar tudo do zero não foi? Vais desperdiçar tudo por uma carta dum estúpido inimigo do passado?
- Theo... Se o Romeo estiver à minha procura, e se ele aparecer por aqui, por favor não o deixes entrar. - Pedi com a voz fraca.
- Tudo bem. - Ele suspirou, antes de me abraçar.
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