Todos conhecem a história trágica do Romeu e da sua amada, Julieta. Mas ninguém conhece a história de Luna e Romeo. Histórias semelhantes, porém diferentes. Luna não é Julieta, nem nunca será. Romeo não é Romeu, apesar de carregarem o mesmo nome.
...
Vesti as minhas calças enquanto olhava para Diego, para me assegurar que ele não acordava. Peguei no meu casaco. Desci do seu apartamento, e comecei a caminhar até o refúgio do gangue.
Não acredito que imaginei o tempo todo o Romeo, invés de Diego.
Ouvi um buzinar de um carro, e imediatamente olhei para trás. Era Chase.
Suspirei em alívio, e entrei no seu carro.
-Onde raio te meteste ontem? – Perguntou preocupado.
-Isso pergunto-te eu.
-Disseram-me que te viram a sair da festa com o Diego, é verdade? – Ele perguntou enquanto levantava a sua sobrancelha. – Tu e ele?
-Parece que sim. – Limitei-me a dizer, e coloquei a mão no bolso detrás das minhas calças, e encontrei as cartas de Romeo.
Retirei a mão imediatamente, e observei o caminho em silêncio.
Quando chegamos ao refúgio da gangue, rapidamente me sentei no sofá ali perto. Chase sentou-se no sofá oposto, enquanto Ashley colocou-se no colo dele enquanto beijava-lhe o pescoço. Desviei o olhar, e retirei as cartas do meu bolso.
Separei as cartas, e abri a primeira.
"Sei que somos inimigos, mas isso nunca me fará deixar de tentar aproximar-me de ti". Revirei os olhos, e li a última frase.
"De que vale um nome, se o que chamamos rosa, sob outra designaçãoteria igual perfume?"
Levantei-me, e caminhei até a lareira. Dei um último olhar para as cartas, e atirei-as para lá. Elas arderam rapidamente, e a chama tornou-se maior.
Olhei para o chão, e vi que tinha caído uma. Apanhei-a, e observei-a. Estava escrito no envelope com uma caligrafia feita á pressa "A mais importante de todas".
Franzi as sobrancelhas, e quando ia abri-la para a ler, a voz de Ashley despertou-me.
-Luna? – Chamou-me. – Tu e o...?
-Sim. – Interrompi-a.
Ela olhou-me com os olhos arregalados e eu limitei-me a dar de ombros.
-Ele sabe que aquilo não foi nada de especial. – Afirmei e ela olhou-me desconfiada.
-Será que sabe?
Suspirei.
-Vou-me embora. – Informei, e Ashley acenou com a cabeça rapidamente.
Saí do refúgio, e comecei a andar em direção á minha casa.
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Cheguei a casa, e sentei-me no sofá. Tirei a carta do bolso, e comecei aler.
"Sei que é errado, mas eu não te consigo esquecer. Os teus olhos verdes, parecem uma galáxia, e juro por tudo que não os consigo retirar da cabeça, por mais que queira. Não me importo se estou a parecer o verdadeiro Romeu, mas eu só preciso que me conheças de verdade. Vamos deixar a maldita rivalidade entre os nossos gangues de lado, e conhecermo-nos de verdade, porque afinal, somos pessoas normais, que apenas moram em Brooklyn.
Quando perceberes que tenho razão, vem me encontrar no Tarot. Prometo-te que estou lá todos os dias, ás três da tarde.
Romeo."
Observei a carta de novo, e olhei para o relógio que estava na estante, perto da minha televisão. Marcava 14:43.
Levantei-me do sofá, e saí de casa. Caminhei até á minha mota, e conduzi até o Tarot.
Assim que lá cheguei, fitei Romeo encostado no seu carro branco, enquanto tinha um cigarro nos seus lábios. Desci da mota, e assim que ele deu conta da minha presença, tirou o cigarro da sua boca, e atirou-o para o chão, pisando-o em seguida.
-Tu vieste. – Disse com um sorriso gigantesco enquanto observava-me de cima a baixo.
-Não fiques tão contente, nem sei ao certo o que estou aqui a fazer.– Murmurei e ele deu um riso pelo nariz.
-Claro. – Deu um sorriso sarcástico.
-Diz o que tanto querias dizer. – Pedi e ele negou com a cabeça.
-Não desta maneira.
-Então parece que foi uma viagem em vão. – Levantei a sobrancelha,e quando ia começar a caminhar de volta até a minha mota, a sua voz impediu-me.
-Tu nunca escutas, pois não Luna? – Perguntou-me olhando para mim sério.
-Nem tento. – Respondi com um sorriso sarcástico.
Quando saiu uma mulher loira do Tarot, ambos nos calamos. Eu afastei-me de Romeo, se não ela ainda iria achar estranho a nossa proximidade.
-Eu conheço-te. – Ela disse-me.
-O quê? – Perguntei confusa. A mulher tinha mais ou menos a minha idade, porém, reparei que também tinha o amuleto de asas no pescoço, assim como Romeo. O seu rosto era angelical, mas eu tenho a certeza que nunca o tinha visto.
-Tu reconheces-me certo? – Perguntou com um sorriso.
-Talvez. – Respondi não muito convencida.
A minha resposta parece tê-la abalado, e ela não disse mais nada. Olhou para mim e para Romeo, e foi-se embora.
No momento em que me iria aproximar de novo de Romeo, Mikhael saiu do Tarot e eu dei um passo atrás. Olhei para o Romeo com os olhos arregalados, porém algo me surpreendeu.
-Finalmente apareceste. – Disse com um sorriso um tanto cruel.
-Como? – Perguntei confusa.
-O Romeo tem estado todos os dias aqui á tua espera, desde o dia do baile. – Continuou com o mesmo sorriso, e algo me dizia para não confiar nele.
-Como sabes isso? – Interroguei desconfiada.
-Ele é o meu melhor amigo, ele sabe sobre nós. – Respondeu Romeo ao aproximar-se de mim.
Quando ia responder, o meu telemóvel começou a tocar, e o nome de Diego apareceu na tela.
Merda.
Desliguei o telemóvel, e observei Mikhael, atenta.
Nunca gostei dele, e agora gosto ainda menos.
-Não existe "nós". Como foste capaz? Eu nem digo á Ashley que falo contigo, e tu confias nesse aí?
-Luna, ele é o meu melhor amigo e eu sei que ele é de confiança.
Suspirei,e calei-me.
-Podemo-nos conhecer agora? – Ele perguntou com um certo brilho nos olhos.
-Aqui? – Olhei ao meu redor.
-Não. – Romeo caminhou até á minha mota. E sentou-se em cima dela. – Vou-te levar a um sítio. – Estendeu-me a mão para subir também na mota, porém eu olhei-lhe desconfiada.
-Como posso confiar no meu inimigo? – Perguntei ainda desconfiada.
-Tenho a certeza que um inimigo nunca iria se esforçar ao escrever 100 cartas a pedir para lhe dar uma oportunidade, e no final desperdiçá-la. – Ele respondeu com um sorriso, e eu bufei.
Subi na mota sem lhe oferecer a minha mão, e ele ligou a mota.
-Podes colocar as mãos á volta da minha cintura, eu não mordo. –Percebi pelo seu tom de voz que ele se estava a divertir bastante com a situação. – Não por enquanto... - Ouvi-o a murmurar, e dei-lhe um soco no braço. – Tudo bem.
Ele acelerou, e eu quase me ia desequilibrando, então, coloquei as mãos ao seu redor.
Vi no espelho retrovisor da minha mota que ele tinha um enorme sorriso no rosto, e revirei os olhos enquanto aconchegava-me mais a ele.