O despertar de um predador...

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      Escuro e desprezível é como descreveria o lugar em que estou. Um cubículo de cimento sem janelas, tem  apenas uma porta com barras que permitem a entrada de ar. Não há cama ou qualquer tipo de objetos. Apenas eu e as correntes que me prendem à parede.

     Como vim parar aqui? É o que me pergunto desde que cheguei. Não sei quanto tempo faz,já que eu perdi a noção dele.

     Mas me lembro de antes disso acontecer...

     Eu havia saído do Distrito onze por causa da quantidade de Pombas que tinha se intensificado. Havia chegado há um semana no distrito vinte ,e em um dos meus passeios pelo novo território,acabei me deparando com a Anteiku, uma café para ghouls. Um lugar onde ghouls e humanos frequentam diariamente,esses é claro,não fazem idéia de que estão no mesmo lugar que seus predarores.

      Liderados por Yoshimura,um ghoul muito poderoso ,mas que amoleceu com o tempo e simplesmente passou a se alimentar e à outros gouls,com carne humana vinda de suicídios .Cheguei à fazer parte da Anteiku um dia,mas fui expulsa. O motivo?Bem...Digamos que eu comia demais. Aproveitando o clima ,resolvi fazer uma visitinha ao local,me sentei em uma das mesas e pedi um café à uma garota de cabelos curtos e semblante sério. Enquanto esperava minha bebida,  aproveitei pra ler meu livro,o único hábito que me deixa com uma pequena quantidade de humanidade.
     
   Estou entretida com o enredo,quando sinto olhares sobre mim. Olha discretamente na direção em que  sinto vir tais olhares e me deparo com  dois rapazes da minha idade. Um tinha cabelo claro e um estilo meio largado, o outro,que desviou seu olhar assim que me viu, tinha cabelo escuro e um estilo mais centrado,formal eu diria. O mais instigante  ,era que ele estava interessado em mim,eu sou atraente e isso é mais que um fato.E é claro que eu sempre usei isso a meu favor pra capturar minhas presas,em sua maioria homens . Tão..manipuláveis! Estou sem comer a apenas dois dias, mas que pra mim  parece ter sido  dois anos,não é à toa que me chamam de Comilona.

    O destino coopera à meu favor e após uma quase queda do garoto sério,acabamos por começar a conversar. Por mais incrível que pareça, temos uma coisa em comum: o gosto por livros. Depois de algumas insinuações da minha parte,ele se prontificou á me levar até em casa. Tolinho,acha que vai ser dar bem,mas no final, ele é quem será comido.No caminho até minha "casa",as ruas vão se tornando escuras e íngremes,me lembro de termos parado em  um beco escuro e sem saída e de ter lhe dado um abraço até então inocente.

    Depois eu o mordi no ombro,e o gosto de sua saborosa carne ainda vive em minha boca desde então. Me lembro da sua expressão de completo terror ao ver meu kagune,ele tentou correr,como tentou. Porém isso só me deixou mais excitada e com água na boca,e sem esperar mais eu o ataquei no abdômen com meu poderoso tentáculo,mas então, quando estava prestes a devora - lo,uma dor agonizante me preencheu e a escuridão me engoliu. 

      Então eu acordei aqui nesse lugar. Com minha barriga  cheio de faixas e curativos,e dores esmagadoras. Depois de alguns dias começaram as torturas:baldes de gelo puro eram jogados no meu corpo nu, logo depois de marcarem minha pele com ferro quente.O restante dos castigos eram baseados em surras,chicotadas e a remoção de membros, dentes e unhas. O pior era que eu sabia que tudo se repetiria no dia seguinte  perante a minha regeneração.

     O que me dão pra comer é pouco, além de eu desconfiar se tratar de carne de mendigo de tão podre  que é. Todo esse tempo aqui  me fez pensar a todo instante em uma forma de fugir,custe o que custar. Assim que eu recuperar minhas forças ,eu me vingarei de todos os que me humilharam,e a pena será paga somente com as suas miseráveis vidas.

   Já estudei minhas chances de fuga e já descartei a probabilidade de fazer isso  sozinha. Preciso da ajuda de alguém manipulável e que se renda aos poucos encantos que ainda  me restam.

   - Esta muito feliz pra quem irá ser torturada Kamishiro-Ouço a voz de meu carcereiro entrando na cela,ele apenas me traz comida e me tortura na maioria das vezes. Sei que não é o responsável por eu estar aqui,um humano miserável como ele não teria tal poder. Mas claro que, isso não significa que  ele não irá morrer bem dolorosamente quando eu me soltar dessas correntes.

    -Só estou feliz de te ver...Baby-levanto o olhar e sorrio sedutora - ninguém nunca me torturou tão deliciosamente como você.

      -É verdade? Você gosta mesmo vadia?-Diz sério mas oscilando de levei. Mas não pelo meu corpo desnudo. Ele é só mais  um dos demais humanos criados por ghouls como um tipo de gado. Ensinados a matar sua própria espécie  pra não ter que ser a refeição de seu mestre. Ele não gosta só de torturar,ele gosta de ser reconhecido por isso.

      -Eu adoro. Quando você me bate com aquele chicote...Há!Eu fico molhada só de pensar.

       -Você é igual a mim!Você sente não é? O desejo de cada vez mais ouvir os gritos de dor e todo o sangue que brota dos cortes...-ele solta o chicote e vem até mim. Perfeito! Isso mesmo, venha até mim ,minha deliciosa criança. Assim que eu usar sua carne pútrida pra aumentar minhas forças,sua insignificante existência terá tido alguma serventia - você é ig...

        Sua fala é cortada ,junto com sua cabeça em fração de segundos por alguém usando um sobretudo com capuz e uma máscara de abutre. Seu cheio é de um ghoul de ranking baixo,e sei que não foi o acaso que fez ele aparecer bem agora,eu devo estar sendo vigiada.

        O ghoul  sái levando o corpo decaptado do meu carcereiro, o rastro de sangue  é claro ,me deixou com água na boca. Faz quase dois meses que não como e esse é o tempo limite que um ghoul pode aguentar ficar sem comer,sobretudo eu,acostumada à refeição muito farta.

       Ele retorna e se aproxima de mim, encarando-me fixamente através da máscara de pássaro,pra logo em seguida me dar  um golpe no rosto da qual eu começo a apagar.-Isto não será de todo mal - é o que penso antes das sombras me engolirem.
 

Aviso:a história está sendo revisada e reescrita. Esse capítulo foi reescrito


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