Epílogo

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"O que a memória ama, fica eterno. Te amo com a memória, imperecível." — Adélia Prado.

— O que você está fazendo? — O pequeno garotinho de grandes olhos verdes perguntou ao ver sua irmã brincando com a bola de futebol, seus olhos estavam estreitados pelo forte sol e ele precisou de alguns segundos para poder raciocinar que a menina estava brincando em cima das suas flores. — Kate!

Ele correu desajeitado e quase caindo com suas pernas curtas até a irmã, tinha deixado suas flores apenas por alguns minutos desde que seu papai Louis tinha mandado ele entrar dentro da casa e pedir para a vovó Jay passar protetor solar nele, e agora sua irmã estava brincando em cima de suas plantinhas.

A garota nem se quer escutou seu chamado, continuando a chutar aquela bola que Elliot achava boba em cima de seu jardim. Quando chegou perto de sua irmã, pegou a bola dos pés dela e segurou contra o seu pequeno tronco, se tivesse força o suficiente teria furado a bola com suas mãos. Tinha noção que em seus lábios tinha um enorme bico que tentava evitar, mas falhava porque estava realmente chateado. Não gostava de fazer aquelas caretas emburradas pra Kate porque ela sempre cruzava os braços e o chamava de criança. Bom, ela também era uma criança. Não era porque era 2 anos mais velha que ele e tem 8 anos que seja uma adulta, mas ela gosta de fingir que sim, ainda mais pra ele, sempre empinando o narizinho.

— Devolve minha bola! — O garoto negou com a cabeça, dando dois passos pra trás e tomando cuidado pra não pisar em suas flores, mas seu bico aumentando ao ver que elas já estavam totalmente pisadas. — Por que não? Eu vou contar pros papais que você está implicando comigo!

A garota ameaçou ajeitando o boné pequeno que o papai Harry tinha dado pra ela, segundo ele porque lembrava o papai Louis. Os seus grandes olhos azuis estavam semicerrados em aviso e não entendendo porque Elliot tinha pegado sua bola e estar com a expressão de choro.

— E eu vou contar pra eles que você está pisando nas minhas flores!

— Que flores? — A garotinha perguntou sem entender, seus olhos mirando pra baixo e vendo algumas pétalas de rosa no chão, então ela revirou os olhos pro drama do irmãozinho e voltou a olhar pra ele. — Não são suas flores! São flores da árvore. — Apontou pra grande árvore que tinha no jardim de onde moravam. — E algumas sempre caem.

— Mas eu plantei elas de volta na terra, olha! — Apontou pra sua obra estragada no chão e pisada por Kate. — Elas iam reviver e iam nascer novas flores, mas você pisou!

— Não seja um bobo! Elas não iam crescer, já estavam mortas. Não basta enterrar elas na terra. — Deu língua pro garoto e os olhos dele ficaram mais arregalados e sua expressão uma mistura de raiva e chateação, ele bateu com as perninhas gordinhas no chão, fazendo birra como se Kate estivesse errada e apenas implicando com ele.

— Mentira! Elas vão crescer e dar mais flores, e se não der, tudo bem porque elas pelo menos vão estar vivas. — Elliot disse com certeza no seu argumento e a garota apenas deu de ombros, não queria deixar o irmão triste ou chateá-lo, mesmo que ambos vivessem implicando um com o outro, mas não queria ver ele começar a chorar ali.

— Eu não fiz de propósito, okay? — A garotinha não gostava de ficar fazendo bico ou manha porque já se achava uma mocinha, mas agora ela estava com um bico enorme na boca também e batendo seu pé no chão porque estava se sentindo culpada, mesmo que ela não tivesse pisado nas flores por mal, e elas já estavam mortinhas. — Agora me dá minha bola!

Pegou sua bola das mãos de Elliot que deu língua pra ela e a garota revidou se afastando dele e indo chutar a bola pra longe das florzinhas do irmão. O de olhos verdes apenas se ajoelhou na terra e começou a enfiar as florzinhas que caiam da árvore em pequenos buracos enquanto tinha um sorrisinho nos lábios e cantava alguma música aleatória, ele também pegou as florzinhas pisadas por Kate e voltou a enterra-las, pois mesmo que elas tivessem realmente mortas ele pelo menos estava tentando.

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