Lembranças Esquecidas

Capítulo 9

E tudo aconteceu muito rápido. Sou puxada para trás da pessoa, aquele cheiro me era tão familiar. Eu não conseguia mais ver nada, ele se transformou em um escudo, ouço um tiro, e mais outro. Me abaixo e protejo a cabeça. Sentia meu corpo tremer. Logo veio o silêncio, ouvia apenas o peso da minha respiração.

- Que merda! Você está bem? O que faz aqui? - essa voz, eu a conhecia. - Você só se mete em problemas!

Tiro a mão do rosto e lentamente o consigo ver, ele estava abaixado me olhando preocupado. Logo mais polícias surgiram, paramédicos entraram.

- Você está bem? - balanço a cabeça positivamente.

- A ... A garota... Tem sangue... O que - paro de falar quando  Jason me abraça, só agora percebi que estava chorando.

Jason... Ele me salvou, de novo. 

- Shiuu, se acalme ok? - ele sorri - Alguém virá cuidar de você.

Logo um médico vem até mim e Jason se afasta, o observo ir até a policial de antes, ele passa a mão nos cabelos da mulher deitada na maca, ela estava desmaiada e ele mantinha um olhar preocupado. Os paramédicos saem com ela e Jason vai atrás.

- Você foi baleada precisamos ver isso venha - volto a minha atenção ao médico, e agora percebi que aquele cheiro de sangue, não vinha só Daquele homem - que agora estava sendo sendo algemado - o cheiro de sangue vinha de mim também. Sinto a necessidade de me limpar, sangue.

O médico me ajuda, levanto e saio daquele lugar. Só quando saímos e eu senti o vento contra meu rosto  percebi que estava segurando a respiração.

- Eu tenho q... - sinto uma leve tontura, me apoio no médico. Minha visão começa a ficar borrada e logo tudo estava preto, a última coisa que lembro era meu corpo sendo segurado por alguém.

Jason

Acredito que havia sido uma situação estressante para a Mariana. Eu estava preocupado com ela, o que diabos ela veio fazer aqui? Isso tudo quase acabou em tragédia.

- Oi com licença, o que aconteceu aqui? Por acaso você viu uma garota  baixinha de cabelos ondulados? - Um homem me pergunta parecendo estar desesperado.

- Ah você procura a Mariana? Quem é você? - Eu sabia quem ele era. Eu conhecia tudo sobre ela, principalmente os amigos, acredito que se eu chegasse e falasse isso para alguém, certamente a pessoa me  chamaria de maníaco, perseguidor e por aí vai.

Mas a verdade era que eu precisava mantê-la segura, porque eu sabia que ele a vigiava. O fato dela testemunhar o que viu a tornou um alvo. Igor Beckerty sabia disso, ele sabia muita coisa. E uma coisa eu tinha certeza, o assassino em algum momento irá aparecer para Mariana, e quando isso acontecer eu estarei junto e o farei se arrepender de ter nascido.

- Como você a conhece?- ele me olha desconfiado, aponto para meu uniforme - Ah sim me desculpe, então onde ela está?

- Ela tá no necrotério - o menino arregala os olhos, vejo ele desesperado, acho que peguei pesado na brincadeira - Calma tô brincando, ela levou um tiro de leve só, ela está bem.

- Um tiro - o cara me pega pela gola da camiseta - Você acha que brincar desse jeito, falar essas c...

Pego em seu braço e seguro em seu pulso, aperto ele para baixo de leve...

- Pense bem antes de fazer as coisas moleque - o empurro para trás - Ela está no hospital da tia.

O deixo lá e vou atrás do Duck. Ele era meu companheiro graças a ele encontrei a Vanessa.

O vejo sentado no lado da porta da viatura. Ele já havia me livrado de várias enrascadas. Meu companheiro fiel, meu melhor amigo.

- E ae Duck - me ajoelho - Vamos pra casa?

Abro a porta para o mesmo entrar, mas ao invés disso ele começou a cheirar o chão.

- O que foi Duck ? - pego minha arma e o sigo.

Ele começa a correr, corro atrás dele. Logo vejo o que ele achou. Guardo minha arma e faço carinho no Duck.

- Bom trabalho amigão - Agora eu sabia o que havia lhe trazido aqui. Mariana queria salvar a cachorra e os filhotes. Peço para Alguém que estava no local trazer uma caixa, quando me trouxeram percebi que só caberia os filhotes, pego eles e os coloco na caixa.

- David os leve para minha viatura fazendo favor - ele assente e leva os filhotes - Venha amiguinha, logo você e seus bebês estarão bem.

Retiro meu casaco e com muito cuidado pego a cachorra. E a levo junto com os filhotes no banco de traz. Duck ao invés de ir na frente foi atrás, deitou com a cabeça do lado dos filhotes.

- Ok amigo, cuide dele ai atrás.

Mais tarde eu estava saindo do veterinário, meus novos amigos iriam ficar lá por alguns dias. Agora eu já sabia para onde iria. Havia recebido informações que Mariana já estava acordada. Vanessa Não tinha machucados tão graves, ainda bem.

- Olá.  Quero saber o número do quarto da Mariana Beckerty - digo a recepcionista.

- Um minuto por favor - ela digita algumas coisas no computador e se volta para eu - Me desculpe, ninguém Além da família tem autorização.

- Ok, obrigada.

Decido voltar para casa, eu sabia que não teria como entrar no quarto de jeito nenhum. Agora quem iria pagar a conta do veterinário? Deveria resolver isso com Mariana quando ela voltar para casa.

Pego meu carro e passo no veterinário pegar o Duck, eu havia deixado ele lá para ir até o hospital.

- Obrigada por cuidar dele Alex - digo enquanto pego meu cachorro.

- Não foi nada.  Janson, não sei se a cachorra irá conseguir passar dessa noite, ela está bastante desnutrida. Tentarei fazer o possível.

- Confio em você amigo - pego em seu ombro - Amanhã volto para ter mais notícias. Obrigado.

- Certo, até mais.

Alex era meu amigo de infância, nos afastamos devido uns incidentes que ocorreram tempos atrás. E nos reencontramos quando fui levar o Duck ao veterinário três anos atrás.

Lembrei que a Mariana estava com o gatinho na casa dela, será que eu deveria entrar lá para alimenta-lo?

Quando estou perto da porta o vejo do lado de fora.

- Riss como você saiu de lá ? - ele vem até meu pé e começa a brincar com meus cadarços - Vamos para minha casa, você se sentiu sozinho né amigo?

Assim o levo junto comigo, Duck se empolgou com o amiguinho para brincar.

Ao chegar na porta de casa algo me chama a atenção, um envelope estava em baixo do tapete, ao abri-lo me deparo com as palavras "A pegarei antes que você encontre a verdade, só espere meu caro Janson"

- Isso que nós veremos - amasso a carta e entro em casa.

O que ele não sabia era que eu não sou o mesmo garotinho de anos atrás.