Capítulo 34

893 128 23
                                    


Saio correndo da delegacia, tento ligar para Mariana novamente porém a ligação cai na caixa postal.

Quando estou prestes a dar partida no carro vejo Júnior chegando na delegacia.

- O que você faz aqui? Onde está Mariana? - Corro até ele, na esperança dele saber algo.

- Ela está no shopping, sua colega me chamou aqui. Aconteceu alguma coisa? - Júnior estava confuso.

- Seu desgraçado você deixou Mariana sozinha? Se algo acontecer com ela eu te mato. - Eu só queria socar o rosto desse idiota.

- Cara vocês estão paranóicos, o assassino morreu. Acabou!

- Qual shopping vocês estavam?

- No Central. Ma...

Deixo Júnior falando sozinho e vou para meu carro, rezando para que nada acontecesse com a Nina.

Perdi a conta de quantos sinais vermelhos passei, 15 minutos pareciam horas. Faltava pouco mais de 10 minutos para chegar ao shopping quando ouço o toque do meu celular. Uma dor parecida com a que senti quando meus pais morreram toma conta de mim, ao ler o nome do Igor.

- Onde está Mariana? - Atendo o telefone e não perco tempo.

- Jason. Mariana foi esfaqueada, está sendo encaminhada para o hospital da Anna. - A voz de Igor transmitia toda a dor que ele sentia.

Faço o retorno na contra mão, e acelero o máximo que posso até o hospital. Todo o caminho foi feito no automático, eu só conseguia pensar em Nina, na minha pirralha. Eu devia ter protegido ela, não deveria ter saído de seu lado, se algo acontecesse com ela eu nunca me perdoaria.

Largo o carro de qualquer jeito no estacionamento do hospital e corro para dentro, essa merda era gigante.

- Mariana Beckerty, onde ela está? - pergunto a recepcionista.

- Parentesco? - só podia ser brincadeira.

- Namorado. Me fala logo onde ela está! - eu precisava me controlar, ser preso não estava em meus planos.

- Só família tem autorização - Que se dane, se eu fosse preso seria  por um bom motivo.

- Nara deixe ele entrar, é da família. - Melissa  diz saindo de um dos corredores. Seus olhos estavam vermelhos e a pele pálida.

- Onde está a Nina? Ela está bem?

- Está em cirurgia, venha. - Mel coloca um crachá em minha camisa e faz um gesto para que eu a siga.

Cada passo era um aperto no peito, saber que Mariana estava em cirurgia e eu não podia fazer nada me matava por dentro.

Após virar alguns corredores chegamos na sala de espera, Igor estava lá andando de um lado para outro.

- Igor.

Em segundos meu maxilar latejava, Igor havia me socado e eu merecia.

- Você disse que ia proteger ela. Se algo acontecer com a Nina, eu nunca vou te perdoar. - Ele segura a gola da minha camiseta, falando entre dentes.

- Se algo acontecer com ela, eu nunca irei me perdoar - Eu não conseguiria viver em um mundo que a pirralha não estivesse.

Os minutos foram se transformando em horas, a sala de esperar pareceu diminuir de tamanho e me sentia sufocado. Já haviam se passado 5 horas desde que Mariana entrou na sala de cirurgia, e não tivemos mais notícias.

O celular de Igor começa a tocar, fico em alerta e presto atenção na conversa.

- Pegaram? Como assim não conseguiram prender? - me levanto da cadeira e me aproximo do Igor - Vocês estavam a poucos metros de Mariana, deixaram isso acontecer e não pegaram o suspeito?
Que tipo de equipe de segurança vocês são?

- Familiares. - Uma enfermeira passa pela porta da sala de cirurgia - a Dra. Concluiu a cirurgia com sucesso. A Paciente será encaminhada para a UTI para observação  e daqui algumas horas vai para o quarto.

Nina

Minha barriga doía, e meu corpo estava tenso. Onde eu estava?

Tento abrir os olhos, mas meu sistema nervoso central finge não receber o comando. Minhas pálpebras estavam pesadas, tento levar minha mão até minha barriga, porém desisto depois de muito esforço, eu estava cansada. Será que eu podia voltar dormir só mais um pouquinho?

😴

-Pirralha, você pode me ouvir? - desperto novamento com a voz que eu tanto amava, sinto minha mão formigar e tenho a impressão que Jay a segurava. Eu queria abrir os olhos e dizer que estava tudo bem, mas não conseguia - Me perdoe, eu não deveria ter lhe deixado sozinha. Foi minha culpa.

Tento me esforçar novamente e mexer minha mão, queria que Jason soubesse que eu estava bem, porém o cansaço me atinge, luto para não dormir dessa vez, infelizmente perco a batalha.

😴

- Mariana Mariana - Um homem sussurra em meu ouvido, meu corpo congela quando lembro da onde escutei aquela voz, 13 anos atrás. Logo um rosto vem em minha cabeça. Eu havia me lembrado- Acorde querida, nos veremos em breve.

Abro meus olhos assustada, os fecho novamente por conta da claridade. Novamente os abro e dessa vez consigo focar meu olhar, eu estava em um quarto do hospital. Um Flash de memórias me atinge, fazendo eu me lembrar do motivo que estava ali, eu havia sido esfaqueada.

- Jay - Eu não conseguia mexer minha cabeça, meu corpo estava muito pesado. Minha garganta estava mais que seca, a quanto tempo eu não bebia água.

- Nina, estou aqui- Logo Jay aparece e tento sorrir. - Nunca mais faça isso, por favor.

- Água. - era mais um sussurro, logo aparecem mais pessoas no quarto. Jay pergunta se eu podia beber água e a enfermeira concorda.

A sensação da água em minha boca seca podia entrar na lista de melhores coisas.
Após tomar água e despertar melhor, consigo virar minha cabeça para o lado.

- Por quanto tempo dormi?

- Quase dois dias, você perdeu muito sangue Nina. Segundo os médicos é um milagre você ter acordado tão rápido. - Jay estava com olheiras profundas e pálido.

- Jay você pode fazer um favor para mim? - Ele concorda.

- Me de uma foto de Marcos Linder. Eu me lembrei do rosto e queria confirmar, se é ele mesmo. - Jason faz uma careta em reprovação.

- Pirralha você acabou de acordar e já quer se esforçar? - ele estava realmente indignado.

- Não vou levantar da cama Jay, vou me sentir melhor se eu confirmar.

Após uma ligação e alguns minutos depois Jason recebe um arquivo com a foto de Marcos Linder. Eu estava nervosa, mas precisava tirar essa pulga detrás da orelha.

Ele me passa o celular e com muita dificuldade o trago para perto, olho atentamente para a imagem e deixo o celular escorregar pela minha mão.

- Jay esse não é o assassino - isso significava uma coisa, não foi um sonho. O Assassino esteve em meu quarto enquanto eu estava apagada.

E aí, vocês estão bem? Espero que sim, boa noite e um bjãooo ❤️



Lembranças Esquecidas Onde histórias criam vida. Descubra agora