A noite havia transcorrido calma. Todos os que acompanhavam o desenrolar da missão estavam
ainda bastante ansiosos. A caixa era o objeto mais cobiçado pelos professores. Como os três descobridores
afirmavam que a caixa metálica não continha nenhuma abertura, a expectativa em encontrar
documentos históricos intactos era gigante.
Por volta das seis da manhã a equipe se pôs a caminho do local de trabalho. Da praia era possível avistar
os barcos da expedição e também pontos alaranjados no oceano, apoiando um grande navio.
Quinze minutos depois de o professor Delvechio ter passado uma mensagem por rádio a um dos
barcos da expedição, quatro botes grandes, feitos de borracha preta, chegaram até a praia. Do grupo, a
maior parte tinha se instalado provisoriamente na casa de Tiago, à beira da praia; outros armaram
barracas na areia, autorizados pela prefeitura de Amarração. Cerca de trinta pessoas entraram nos botes, que
voltaram a roncar alto seus motores, afastando-se velozmente. Tiago e César estavam curtindo
positivamente a idéia de entrarem para a história brasileira como descobridores de um tesouro tão valioso.
Adoravam ainda mais a idéia de encherem os bolsos com muita grana. Olavo com certeza gostaria de estar
lá agora, quando enfim desvendariam a misteriosa caixa, mas infelizmente o trabalho não permitia sua
ausência. Tiago e César haviam conseguido uma dispensa especial, ficando fora dos escritórios da prefeitura
por duas semanas, se necessário. Estavam virando celebridades importantes. Todo o time imaginava
encontrar algo de bom dentro da caixa. Esperavam por todo tipo de tesouro. Escrito, material, religioso,
revelador... mas ninguém esperava por algo tão umbrífero, tão funesto. Ninguém contava com uma piada
do diabo.
Por volta das oito e meia da manhã os mergulhadores já haviam amarrado e prendido firmemente a
caixa a um cabo de aço. Usaram um balão, menor que os utilizados com a caravela, para auxiliar na retirada.
Tinham medo de causar avarias com um arranque brusco.
Iniciaram o enchimento do balão, suspendendo lentamente a caixa do fundo da fenda. Quando os
mergulhadores gesticularam para as câmeras, foi autorizado o guinchamento do objeto. Era pesadíssima.
Chegava a oitocentos quilos, o que animava e ao mesmo tempo intrigava o pessoal da USPA.
Em contraponto à caravela, em apenas cinco minutos o balão alcançou a superfície, trazendo
consigo a caixa misteriosa. Uma trave, movida por braços hidráulicos, desceu até a água e,
utilizando uma rede, trouxe o pesado objeto até o convés.
Delvechio abandonou a sala de monitoramento e correu até o local, indo ao encontro da caixa.
Antes de tocá-la, observou-a, encantado. Ela ainda estava envolta na rede, deixando grande
quantidade de água escorrer para o convés. Delvechio analisou-a rapidamente, temendo pela
integridade do objeto. Felizmente a água que escorria desprendia-se somente da superfície da
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Os sete
HorrorDo mesmo autor de "O Senhor da Chuva", Adré Vianco. Lançado de forma independente em 2000, Os Sete, de André Vianco, conquistou uma multidão de fãs e se tornou um best-seller, vendendo mais de 100 mil exemplares. O sucesso foi tão grande que consagr...