Por volta das duas horas da tarde o pessoal do laboratório deu realmente pela falta dos dois.
Delvechio não teve tempo para se preocupar com sua assistente: fora chamado para mais um
encontro com os grandões das Forças Armadas. A coisa estava começando a ganhar repercussão. Um
helicóptero Robinson-22 veio buscá-lo. Delvechio deveria expor minuciosamente a situação. Estava
decidido a pedir ajuda para recuperar seu espécime perdido, custasse o que custasse.
César percebeu o sumiço de Tiago e Eliana sem dar muita bola. Aqueles dois adoravam dar suas
escapadas. O sumiço não era motivo para preocupação, pelo menos por enquanto. César limitou-se a
acompanhar o trabalho de Diaz e de Matias, que reviam o material extraído do monstro, tentando
chegar a alguma conclusão. Preparavam-se também para seguir direto para Porto Alegre, onde
analisariam os espécimes restantes, fazendo mais comparações.
Uma mocinha fardada, com patente de sargento, entrou na sala acarpetada e chamou pelo
professor Delvechio. O professor respondeu prontamente, levantando-se e seguindo-a por um corredor
extenso e repleto de portas que serviam os escritórios militares. No final, chegaram a uma porta larga,
composta de duas folhas de madeira maciça, que exigiram um pouco de esforço da moça para serem
empurradas. A mulher entrou e, com um movimento dos braços, convidou Delvechio a acompanhá-la.
Era uma sala ampla, com uma enorme mesa central feita de vidro espesso. Estavam no terceiro andar
de um prédio baixo. As amplas janelas permitiam uma boa visão de todo o quartel. Delvechio pôde
enxergar uma série de soldados exercitando-se no campo gramado. A mocinha levou-o até uma cadeira
e pediu que se sentasse e aguardasse.
- Sinta-se à vontade, professor. Essas garrafas aí estão cheias de café e água. Não sei o que o
senhor está aprontando, mas faz tempo que não vejo tanta agitação por aqui.
A bela mulher saiu da sala por uma segunda porta dupla.
Delvechio deixou os dedos tamborilando sobre a mesa. Não queria nem água nem café. Queria a
atenção dos militares. Estava ansioso pela resposta dos homens de verde; afinal, não tinha a menor
idéia de que eles sequer acreditariam em uma palavra que ele havia proferido ou viesse a proferir. Ele
próprio duvidava do que estava acontecendo. Como conseguiria convencer um bando de velhos
soldados sizudos? Acertou o nó da gravata e, apesar do pouco cabelo, espanou a caspa dos ombros de
seu terno azul-marinho. Vestira-se adequadamente para aquela reunião. Sabia que, se estivesse em seu
terno azul-marinho, ao menos iriam ouvi-lo por cinco minutos, e cinco minutos era tudo de que
precisava para introduzir a urgência de um acompanhamento militar intenso.
Um grupo de senhores com fardas adentrou a sala. O último, aparentando mais de sessenta,
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Os sete
HororDo mesmo autor de "O Senhor da Chuva", Adré Vianco. Lançado de forma independente em 2000, Os Sete, de André Vianco, conquistou uma multidão de fãs e se tornou um best-seller, vendendo mais de 100 mil exemplares. O sucesso foi tão grande que consagr...