Capítulo 08

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Por volta das duas horas da tarde o pessoal do laboratório deu realmente pela falta dos dois.

Delvechio não teve tempo para se preocupar com sua assistente: fora chamado para mais um

encontro com os grandões das Forças Armadas. A coisa estava começando a ganhar repercussão. Um

helicóptero Robinson-22 veio buscá-lo. Delvechio deveria expor minuciosamente a situação. Estava

decidido a pedir ajuda para recuperar seu espécime perdido, custasse o que custasse.

César percebeu o sumiço de Tiago e Eliana sem dar muita bola. Aqueles dois adoravam dar suas

escapadas. O sumiço não era motivo para preocupação, pelo menos por enquanto. César limitou-se a

acompanhar o trabalho de Diaz e de Matias, que reviam o material extraído do monstro, tentando

chegar a alguma conclusão. Preparavam-se também para seguir direto para Porto Alegre, onde

analisariam os espécimes restantes, fazendo mais comparações.

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Uma mocinha fardada, com patente de sargento, entrou na sala acarpetada e chamou pelo

professor Delvechio. O professor respondeu prontamente, levantando-se e seguindo-a por um corredor

extenso e repleto de portas que serviam os escritórios militares. No final, chegaram a uma porta larga,

composta de duas folhas de madeira maciça, que exigiram um pouco de esforço da moça para serem

empurradas. A mulher entrou e, com um movimento dos braços, convidou Delvechio a acompanhá-la.

Era uma sala ampla, com uma enorme mesa central feita de vidro espesso. Estavam no terceiro andar

de um prédio baixo. As amplas janelas permitiam uma boa visão de todo o quartel. Delvechio pôde

enxergar uma série de soldados exercitando-se no campo gramado. A mocinha levou-o até uma cadeira

e pediu que se sentasse e aguardasse.

- Sinta-se à vontade, professor. Essas garrafas aí estão cheias de café e água. Não sei o que o

senhor está aprontando, mas faz tempo que não vejo tanta agitação por aqui.

A bela mulher saiu da sala por uma segunda porta dupla.

Delvechio deixou os dedos tamborilando sobre a mesa. Não queria nem água nem café. Queria a

atenção dos militares. Estava ansioso pela resposta dos homens de verde; afinal, não tinha a menor

idéia de que eles sequer acreditariam em uma palavra que ele havia proferido ou viesse a proferir. Ele

próprio duvidava do que estava acontecendo. Como conseguiria convencer um bando de velhos

soldados sizudos? Acertou o nó da gravata e, apesar do pouco cabelo, espanou a caspa dos ombros de

seu terno azul-marinho. Vestira-se adequadamente para aquela reunião. Sabia que, se estivesse em seu

terno azul-marinho, ao menos iriam ouvi-lo por cinco minutos, e cinco minutos era tudo de que

precisava para introduzir a urgência de um acompanhamento militar intenso.

Um grupo de senhores com fardas adentrou a sala. O último, aparentando mais de sessenta,

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