Capítulo 15

103 3 0
                                    


O jipe militar estacionou em frente ao prédio do IML. Os três - Delvechio, César e Cantor -

desceram e se espantaram com o alvoroço diante do Instituto. César, em particular, estranhou mais que

todos, pois estava acostumado a visitar o amigo Olavo quando queria mais detalhes de histórias

macabras que ouvia nas ruas de Amarração. Depois de atravessar o amontoado de cidadãos, chegaram

ao portão de entrada, guardado por soldados impecavelmente fardados. O trio conseguiu transpor a

barreira sem muitas explicações. César, apesar do Ali Star, também vestia farda; já Delvechio e Cantor

eram conhecidos por alguns dos militares que se encontravam dentro da área do IML.

- O que aconteceu aqui para ajuntar tanta gente?

- É o que estamos tentando descobrir, professor.

Flashes de luz eram disparados por câmeras fotográficas. Peritos da polícia técnica fotografavam

um corpo nu estendido no chão. Enquanto o professor ouvia um breve relatório do soldado, César

aproximou-se do cadáver. Conhecia aquele homem, conhecia aquele corpo morto. Era Tobias, o

auxiliar do IML e amigo de Olavo. Enquanto ele lançava um olhar examinador sobre o corpo, os

peritos foram para dentro do Instituto. Percebeu mais flashes vindo de dentro. De repente, aquele

momento pareceu espichar. Os segundos pareciam pesados e demorados. Era como se as coisas

estivessem entrando em um efeito câmara lenta. Onde estava Olavo? O que os peritos fotografavam lá

dentro? Cada passo levou uma eternidade para se completar. Estariam fotografando o corpo de seu

amigo? Uma imagem formou-se em sua cabeça: Olavo, nu como Tobias, estirado no chão ladrilhado

do piso térreo. Tentou se apressar. Havia gente saindo pela porta, impedindo sua passagem, impedindo

sua visão. Teve que praticamente se arrastar para dentro da sala, empurrando soldados e espremendo-se

contra policiais. O térreo estava cheio, mas não havia nenhum cadáver ali, apenas certa movimentação

no andar de cima. Subiu, com a respiração carregada... o coração apertado. No andar superior havia

menos gente e nenhum cadáver. Dentre as seis pessoas que examinavam a sala, encontrou uma

conhecida, Joel, o parceiro de trabalho de Olavo. Alguém recolhia as digitais do homem, outros

espalhavam um aerossol por todos os lados. Quando César fez menção de deixar a escada e adentrar o

andar de fato, foi barrado por um dos peritos.

- Fique aí, soldado. A gente ainda não periciou aqui em cima. Se precisar de você, a gente

chama.

- O Cesão, calma lá embaixo que eu já desço. - berrou Joel, limpando os dedos em papeltoalha.

- Você viu o Olavo? Ele não está...

- Ele não morreu, não... eu acho. Pelo menos aqui ele não está. Desce lá. Eu já tô indo. -

recomendou o conhecido, dessa vez em voz baixa.

Os seteOnde histórias criam vida. Descubra agora