Um som vindo de trás chamou-lhes a atenção. De certa forma, lembrava a serpente de ferro. Um
ronco cadenciado e explosivo. Lá ao longe divisaram dois fachos de luz paralelos vindo em alta
velocidade. Bem mais rápidos do que a luz da serpente vinha. Por segurança, saíram do meio da
estrada, parando na margem, imóveis, para melhor examinar que diabo era aquilo.
O som ia aumentando à medida que o par de faróis se aproximava. De repente, numa velocidade
nunca vista antes pelos vampiros, um veículo metálico passou pela estrada. Em menos de um minuto,
desapareceu na outra extremidade do tapete negro, deixando para trás apenas o vestígio de pequenas
luzes avermelhadas.
- Percebeste que, como a serpente, nenhum cavalo puxava aquela coisa? Manuel apenas
meneou a cabeça.
- Antes de atacar o pobre na serpente de ferro, ele tentava me explicar como esses motores
funcionam. Queimam um tipo de óleo em cilindros de ferro, e isso, não sei como, faz essas coisas tão
incrivelmente velozes.
- Ainda não me sai da mente o espanto com que os homens olhavam para os galeões e as
caravelas. Aquilo, sim, eram meios de transporte fabulosos. Se aqueles homens estivessem aqui, teriam
um colapso mental.
- Os brasileiros ou são mágicos, ou são inteligentes demais. Como constroem essas coisas?
Retornaram à estrada de chão preto. Um capim alto cobria as margens da estrada e poucos metros
para dentro transformava-se em mata densa. A lua cheia brilhava alta no céu, iluminando o caminho,
não que fosse necessário aos olhos daquelas criaturas, mas emprestava à paisagem um ar mais
enfeitado, mais atraente.
De repente o céu se encheu de barulho. Supuseram no primeiro instante tratar-se de um trovão,
mas logo perceberam que era um som prolongado demais. Seus olhos varreram o céu até que
encontraram algo se movendo em linha reta. Não era um pássaro. Nem nenhuma criatura natural.
Guilherme lembrou-se do inseto que cuspia luz. Era um objeto longo e pontilhado de luzes, na maior
parte branca, e em alguns pontos, mais abaixo, luzes vermelhas e azuis.
- Olha que coisa mais linda! - espantou-se Acordador.
Talvez devido à curiosidade pelo novo objeto celeste não perceberam o ronco alto aproximandose
às suas costas. Quando deram conta, um transporte, também automotor, portanto sem nenhum
animal tracionando, aproximou-se lentamente, encostando ao lado dos dois deslumbrados. Manuel
ainda estava com o braço estendido para o céu quando o veículo parou. Os dois retraíram-se, surpreendidos
pela abordagem.
Um vidro lateral deslizou suavemente para baixo. Os olhos dos vampiros percorreram o
transporte, que era bem maior que aquele que cruzara a estrada anteriormente. Era retangular e alto,
com uma belíssima estrutura toda pintada em cor prateada. Depois que o vidro desceu, puderam ver o
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Os sete
HorrorDo mesmo autor de "O Senhor da Chuva", Adré Vianco. Lançado de forma independente em 2000, Os Sete, de André Vianco, conquistou uma multidão de fãs e se tornou um best-seller, vendendo mais de 100 mil exemplares. O sucesso foi tão grande que consagr...