A lua estava alta. A equipe de Brites não conseguira obter sucesso em sua caçada aos vampiros.
Agora os quatro, Baptista, Fernando, Manuel e Guilherme, mais a humana, caminhavam para fora da
toca. Um vento gelado cortava a noite, e o céu ostentava poucas nuvens e uma calmaria cativante.
Entretanto, poucas horas atrás, quando os vampiros estiveram prestes a serem descobertos pelos
militares, aquele mesmo céu fora palco de funesta selvageria.
Baptista fora o da guarda. O esconderijo estivera por um triz, mas o poder sobrenatural do
vampiro providenciara uma debandada geral dos soldados e causara tremendo caos por toda a cidade
de Osasco. O vampiro evocara uma tempestade espetacular, sem precedentes na região. Os soldados,
engajados na procura do esconderijo dos vampiros, se viram obrigados a prestar assistência aos
cidadãos em centenas de acidentes desencadeados pela tenebrosa tempestade que castigara o
município. O prefeito declarou estado de calamidade pública. Na noite anterior, a neve cobrira as ruas
de Osasco de ponta a ponta, chegando até mesmo a Carapicuíba. Nesse dia, fora a chuva a precursora
de devastação nunca antes experimentada.
Eliana estava mais uma vez inconsciente. Baptista servira-se de seu sangue para recuperar as
forças. Muito provavelmente precisariam de seu poder uma vez mais antes de alcançar a preciosa
caravela.
Guilherme ia à frente, tendo Manuel bem próximo. Estiveram escondidos num compartimento
abandonado embaixo de uma imensa ponte metálica. Estranharam o fato da ponte estar ali sem haver
rio algum para cruzar. Subiram a larga avenida. Decidiram andar separados por alguns metros. Era
muito melhor caminharem solitários, chamando o mínimo de atenção. Subiram a larga avenida em
busca de um transporte adequado que os tirasse dali com urgência. Luzes sustentadas no topo de longas
hastes de pedra banhavam o chão negro e reflexivo, pois ainda havia muita água da chuva. Eram lindas
as luzes! Pensou o vampiro.
Manuel interrompeu a caminhada. Também estava encantado com as luzes. Seus olhos
vampíricos estavam fixos em um grupo de veículos com luzes pulsantes presas no topo que giravam
dentro de uma espécie de caixa de vidro, chamando a atenção de quem passava. Ora eram vermelho
intenso, ora eram azuis. Os veículos, também vermelhos, estacionavam junto a um veículo muito
maior, que trazia a palavra Himalaia em sua lateral. Quase ao mesmo tempo, o cheiro forte e
perturbador do sangue chegou-lhe às narinas. Havia um homem morto ali; isso ele sabia. Bastaria um
grito alto para trazê-lo de volta à vida. Queria fazê-lo, mas a razão obrigava-o a permanecer mudo.
Percebeu o que acontecera. Um gigantesco poste metálico havia desprendido do chão e despencado do
céu, atingindo a parte traseira do veículo. O homem fora esmagado pelas partes de ferro daquela
carruagem agigantada. Nem mesmo Dom Manuel possuíra tão grande carro. Continuou caminhando.
Encontraram daqueles postes publicitários caídos por quase toda a extensão da avenida. A
tempestade tinha sido furiosa. Humanos pranteavam suas perdas, suas vidas. Depois de alguns minutos,
chegaram até um grande pátio, onde dezenas daquelas seres enormes se ajuntavam. Ali, onde centenas
de humanos aglomerados aguardavam pelas carruagens dotadas de motor, reuniram-se novamente.
Diversas vezes algumas pessoas aproximaram-se de Fernando perguntando pela mulher
desmaiada e oferecendo ajuda. Ele as afastava como podia, mas percebeu que a curiosidade sobre a
mulher inconsciente crescia a cada instante. Comunicou-se com Baptista, que tratou de apressar os
irmãos a conduzirem-se para dentro de um dos grandes veículos. Por conveniência, escolheram o mais
vazio, pois os curiosos não eram bem-vindos naquela noite.
O ônibus zarpou, deixando a cidade.
Não foi difícil para os vampiros alcançar seu objetivo. Acordador ainda mantinha consigo a
preciosa pistola com a qual executara o infeliz protetor da nova mãe. Não demorou um instante para
convencer o condutor a desviar-se do caminho.
Queriam o aeroporto. Queriam o avião. Queriam a caravela.
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Os sete
HorrorDo mesmo autor de "O Senhor da Chuva", Adré Vianco. Lançado de forma independente em 2000, Os Sete, de André Vianco, conquistou uma multidão de fãs e se tornou um best-seller, vendendo mais de 100 mil exemplares. O sucesso foi tão grande que consagr...