Que haja luz

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Asahi voltou novamente para Tóquio e em Miyagi, havia alguém que sofria mais do que Nishinoya por sua ausência, sua mãe. A mulher havia emagrecido tanto que se tornara quase irreconhecível, seu semblante abatido também só piorava seu aspecto geral.

Tudo em sua vida funcionava no automático: acordar, se arrumar da forma mais simples possível, sair para o trabalho, pular o almoço, voltar para o trabalho, chegar tarde em casa, comer qualquer coisa e dormir.

Nunca havia trabalhado tanto em sua vida e nem mesmo ela sabia mais o porquê de fazer aquilo, talvez só estivesse tentando se ocupar. Sempre havia trabalhado mais do que o necessário para dar uma boa vida ao filho sem precisar de um tostão do ex marido, mas agora não tinha mais essa necessidade e isso era o que mais doía.

Para quem estava trabalhando tanto? O que faria com todo aquele dinheiro? Não lhe era permitido mandar dinheiro para Asahi, então continuava guardando tudo para que ele pudesse usar algum dia, mesmo sabendo que aquilo não pagava a imensa dívida que tinha com o filho, mesmo sabendo que nada apagaria o mal que havia feito a Asahi.

Já não sabia a quem culpar além dela mesma e até mesmo pensava em simplesmente parar de viver, mas não podia fazer isso enquanto soubesse que tinha um filho que precisaria dela, mais cedo ou mais tarde.

Se sentia ainda mais vazia nos fins de semana e naquele, em especial, estava se sentindo ainda mais péssima, era o aniversário de morte de seu irmão. Aquilo só fazia com que ela se lembrasse ainda mais do próprio filho.

Sem saber bem o que fazia, pegou seu carro e começou a dirigir para qualquer lugar que fosse, dirigiu sem rumo por horas, até sentir suas costas doerem e seus olhos incharem pela quantidade de lágrimas que havia derramado.

Se sentia exausta, derrotada, acabada, vazia, incapaz, inútil, o pior ser humano da terra. Seus pensamentos não processavam bem, só se misturavam, deixando-a cada vez mais perturbada.

Não conseguia ver bem nada que havia a sua frente enquanto dirigia e foi pensando em Asahi, em meio a tantos devaneios, que sentiu o impacto de seu carro se chocando com algo e depois tudo escureceu.

Asahi tentava não pensar nas coisas pelo lado ruim, tentava não pensar na imensa saudade que sentia do pequeno líbero, e sim de seu sorriso e da forma espontânea que ele lhe tocava, fazendo todo seu corpo se arrepiar.

Sabia que Nishinoya estava no último ano do ensino médio e desejava que ele se focasse em seu futuro, tentava incomodá-lo o mínimo possível. Por outro lado, sentia uma extrema necessidade de ter o menor junto a ele, mas sabia que não era possível naquele momento, então, tentava se confortar com as lembranças.

Daichi e Sugawara realmente haviam conseguido entrar em uma boa universidade em Tóquio, não era para menos com todo o esforço que tiveram, e vez ou outra os três se encontravam, aquilo melhorava muito o humor do atacante.

Era tão bom ver seus amigos juntos e felizes, mas ao mesmo tempo aquilo o lembrava do quão longe estava do próprio namorado e mais uma vez tentava não se sentir deprimido.

Naquele fim de semana, os dois melhores amigos voltaram para Miyagi e se sentia extremamente sozinho e para baixo. Sua mãe não havia o ligado aquele dia e realmente desejou que ela estivesse tentando se distrair com algo.

Quando seu celular tocou naquele dia, seu peito aqueceu ao ver o nome do baixinho que tanto gostava em sua tela. Atendeu apressadamente.

– Yuu-Chan!

– Asahi... – O nervosismo na voz do líbero fez o corpo de Asahi tensionar.

– Aconteceu algo? – Perguntou com a voz trêmula.

Hikari AreOnde histórias criam vida. Descubra agora