Eu quero muito ficar com você

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Até que o líbero sentasse ao seu lado, Asahi não havia notado sua aproximação. Ficou nervoso quando percebeu que Nishinoya o encarava, aquilo podia ser perigoso. Os dois se entreolharam por um longo tempo sem dizer uma palavra. O menor com o olhar de ternura e compreensão. O maior com um olhar de medo e nervosismo.

Sentia medo que sua mãe pudesse aparecer a qualquer hora, pensar naquilo já arrepiava seu corpo. Queria Nishinoya, gostava dele, queria toca-lo cada vez mais, mas sabia que agora isso havia se tornado impossível e essa ideia lhe parecia muito frustrante.

Havia decidido não contar ao líbero sobre sua mãe. Não deveria colocar nele os seus problemas, mas sabia que Nishinoya não aceitaria aquilo tão facilmente, e nesse ponto, não fazia ideia do que deveria fazer.

Depois do olhar silêncio e as mil coisas que se passavam em suas cabeças, Nishinoya se inclinou lentamente colocando sua pequena mão na face do maior, sem dizer uma palavra, e deu um beijo calmo e terno em Asahi. O atacante não hesitou, sabia que aquilo era perigoso, principalmente por estarem em um lugar público, mas depois do inferno que havia sido seu fim de semana, precisava muito daquilo.

Afastaram-se, mas Nishinoya continuava acariciando o rosto de Asahi, sabia que ele estava se sentindo mal e que talvez não pudesse dizer o porquê. Se pudesse ficar ao lado do atacante, seria o suficiente, por enquanto. Mas infelizmente, Asahi sabia que isso não seria possível, e mesmo assim continuava ali, paralisado, sem dizer nada, olhando para aquele rosto de ternura de Nishinoya.

O atacante mediu o perigo da situação e levantou-se nervosamente para ir embora, era o melhor para a segurança de Nishinoya, porém o líbero puxou seu braço e o encarou com um olhar de aflição, aquilo fez Asahi corar e ficar ainda mais nervoso.

- Asahi... Eu sei que aconteceu algo... e que você talvez não possa me contar, mas eu não quero me afastar de você. Seja o que for... ou o quão complicado seja... talvez juntos nós possamos dar um jeito. Se ficarmos juntos...

- Eu só estou preocupado com você...

- Eu também estou preocupado com você! Estou preocupado com nós, mas se você me deixar de fora disso agora, não acho que isso vá ajudar muito na atual situação...

- Eu não posso te colocar no meio disso tudo.

- Mas eu já estou no meio disso tudo. Nós estamos! Vamos dar um jeito nisso juntos!

- Minha mãe já sabe de tudo, Yuu...

- Sim, eu sei que ela sabe... – Asahi olhou espantado para Nishinoya.

- Como você sabe?

- Ela ligou pra minha mãe.

- O quê!?

- Por isso eu soube que algo tinha acontecido com você e fiquei muito preocupado, mas não tinha como falar com você, não podia ir até a sua casa, foi frustrante.

- Yuu... e a sua mãe? O que ela fez com você?

- ... nada.

- Como assim?

- Ela não se importou. Sua mãe ficou fazendo rodeios, então minha mãe perguntou: "Você está querendo insinuar que nossos filhos estão tendo um caso amoroso? ". Daí sua mãe pareceu surtar e minha mãe virou pra mim e perguntou se aquilo era verdade, eu não respondi nada, então minha mãe falou com a sua por mais algum tempo e desligaram. Depois ela veio até mim e perguntou o que eu tinha a falar sobre aquilo, eu continuei calado, então ela disse: "olha, se você realmente gosta dele, eu não ligo pra nada disso, posso dar uma força se precisar. ", daí falamos de como sua mãe parecia meio pirada... aaaaa... quer dizer... desculpa... não foi isso que eu quis dizer... – Asahi o encarava sem saber o que dizer.

- Yuu... isso é sério? – O atacante ainda parecia muito espantado. – Ela... ela não se importou?

- Não, nem um pouco. Inclusive... podemos ir... na minha casa... sempre que quiser, ela não vai ligar muito. – Nishinoya parecia envergonhado agora.

- Isso... isso é muito bom, mas mesmo assim, não muda o fato de que minha mãe nunca vai aceitar isso...

- Talvez ela não precise saber...

- Como poderíamos fazer isso, Yuu? Minha mãe sempre descobre tudo.

- Só... precisamos pensar um pouco. Eu não quero ter que me afastar de você por causa disso.

- Yuu... não me entenda mal, eu também não queria nem um pouco que isso nos separasse, mas estou muito preocupado com você... minha mãe já meteu sua mãe nessa história... ela deve te odiar muito, desculpe por isso.

- Asahi, eu quero muito ficar com você, não com sua mãe. – Nishinoya pareceu meio incomodado ao falar aquilo, Asahi olhava perplexo para ele, como se não estivesse crendo em algo. – Asahi, eu disse alguma coisa que te incomodou?

- Não... não... muito pelo contrário... você pode repetir o que disse... por favor.

- ... que parte? – Nishinoya parecia muito confuso, aquilo deixou o maior envergonhado, fazendo-o virar o rosto para o outro lado. – Ei, ei, Asahi! O que foi? Quer dizer, qual parte do que eu disse? Que podemos pensar um pouco nisso? Que não quero me afastar de você por causa disso? Que eu quero muito ficar com você...

Nesse momento, o rosto de Nishinoya também começou a ficar corado, agora os dois estavam envergonhados e cada um olhando para um lado diferente. O atacante escorregou sua mão lentamente até encostar na mão do líbero, que correspondeu apertando-a com força, em seguida, começaram a rir enquanto seguravam as mãos um do outro.

- Asahi.

- Sim. – Os dois se olharam profundamente.

- Eu realmente quero muito ficar com você... e eu sei que isso tudo é muito difícil pra você e que pode te trazer muitos problemas, então eu entendo se você preferir desistir de tudo pra que isso não torne sua vida um inferno, mas eu realmente gostaria de ficar do seu lado, me desculpe se isso acabar parecendo muito egoísta.

- Você acha mesmo que é possível que isso torne minha vida um inferno? Eu não estou tão certo disso. Quando penso nisso, parece muito mais que você seria meu paraíso, que você é o que me salva de tudo isso e eu gosto disso, eu gosto muito disso. E eu realmente quero ficar com você também... quero ficar com você mesmo sabendo que isso irá te trazer problemas... e isso, sim, é muito egoísmo...

A voz de Asahi falhou e lágrimas começaram a descer. Nishinoya ficou aflito sem saber o que fazer, ver seu atacante, que era tão grande e pequeno ao mesmo tempo, chorar, aquilo partia seu coração.

Começou a enxugar suas lágrimas, até que percebeu o quanto Asahi estava constrangido em chorar na sua frente, então se levantou e abraçou o atacante, fazendo-o encostar o rosto do peito do menor, enquanto suas lágrimas continuavam a rolar, provavelmente, tudo que havia guardado durante o dia inteiro, aquilo parecia tão cruel, Asahi era tão doce e gentil, não merecia estar passando por aquilo. O menor o apertou com ainda mais força enquanto pensava em tudo aquilo.

- Asahi... – O atacante continuava pressionado contra o peito de Nishinoya. – Pra mim não é egoísmo nenhum, pelo contrário, você vai estar me fazendo um bem enorme me metendo no meio disso tudo. Então, se você quiser tentar, eu também irei dar o meu máximo pra ficar do seu lado e cuidar de você. Você quer tentar, Asahi?

- ... – O atacante continuava chorando.

- Tudo bem, se sua resposta for não, continue assim, mas se for um sim, pode me apertar. – Asahi passou seus braços em volta de Nishinoya imediatamente. – Asa... hi... eu não... consi... go... respirar... – O atacante diminuiu a força de seu aperto, mas continuou apertando o pequeno atacante. O menor lhe beijou a testa. – Tudo bem, obrigado por isso.

Hikari AreOnde histórias criam vida. Descubra agora