Então eu posso sair debaixo do seu teto

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Asahi começou a suar cada vez mais frio, já previa as piores coisas que estavam por vir. Olhava para o chão, evitando o olhar de sua mãe, que ainda estava parada bem em sua frente com os braços cruzados e a expressão séria. As pernas do atacante tremiam, ele resolveu sentar.

- Eu não disse que você podia sentar. Em pé, já! – Falou sua mãe de forma extremamente grossa.

- Você não acha que é melhor se acalmar e con...

- Eu decido o que é melhor aqui! Então, comece a me explicar agora o que diabos está acontecendo!

- Não está acontecendo nada.

- Você quer mentir pra mim depois de eu ver tudo com meus próprios olhos?

- Por que você é sempre tão má comigo, mãe?

- Má? Eu sou má? Você acha que eu não sabia que aquele moleque estava aqui quando eu fui no seu quarto? E mesmo assim, eu voltei pro meu quarto como se não tivesse notado nada! Tudo isso pra te poupar de mais constrangimento!

- E o que tem de tão horrível nisso? Ele é só um colega...

- Colega? Nishinoya Yuu está no segundo ano! Ele é líbero do seu time de vôlei e vocês saíram juntos pra tomar sorvete! Você quer me matar de vergonha, Asahi!?

- Isso só é vergonhoso pra você! – Asahi gritou, mas as lágrimas saíram entre suas palavras.

- Olha só pra você... – Sua mãe se aproximou, apontando o dedo na cara do filho. – Você chora por tudo, apesar de todo o seu porte, você nunca vai ser um homem mesmo! Sempre vai ser um grande covarde!

O atacante enxugava as lágrimas enquanto caminhava com as pernas trêmulas até seu quarto. Pensou estar livre para chorar, mas sua mãe foi até ele, puxando seu braço e o arrastando de volta a sala.

- Eu não disse que você podia ir! Vamos conversar seriamente agora! O que está acontecendo entre você e aquele garoto?

- ...

- Me responda! O que está acontecendo!? – Ela gritava tão alto que os vizinhos deviam estar escutando.

- ...

- Você está se envolvendo com aquele pirralho? Me responsa, Asahi!

- Ele não tem nada a ver com isso... – Respondeu baixo.

- Por que você me envergonha tanto? Mesmo depois de eu ter te afastado da sua vó! O que você sugere que eu faça agora? Que te tire da escola e mudamos de cidade?

- Sugiro que me aceite como eu sou....

- E como você é? Uma imitação de homem?

- Não, eu sou um homem e gosto de outros homens, isso não é uma coisa de outro mundo. – Ele continuava respondendo baixo e sem olhar para ela.

- Eu. Não. Permito. Que você diga isso embaixo do meu teto!

- Então, eu posso sair debaixo do seu teto.

- Você não se manda! Você tem 17 anos e vai fazer o que eu quiser que você faça e a partir de hoje você não terá mais a mínima interação com esse garoto, ou vai se arrepender pelo resto da sua vida! Pro seu quarto! Sem sair e sem celular.

Sem dizer uma palavra sequer, Asahi caminhou até seu quarto enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. Sentia-se a pessoa mais infeliz do mundo, logo depois de ter dormido junto com Nishinoya aquela noite, parece que seria mesmo a primeira e última vez.

Chorou até dormir, gostaria de ter falado com Sugawara, mas não tinha como. Não tinha como falar com ninguém. Tinha certeza de seus sentimentos por Nishinoya, concordaria em correr riscos por ele, se isso envolvesse apenas Asahi, o que não era o caso, sua mãe arrastaria Nishinoya para dentro de toda essa confusão também se continuassem. Não fazia ideia de como explicaria isso para ele.

Sua mãe deixava comida no seu quarto, sem trocar uma palavra com ele. Pegava sua bola de vôlei e ensaiava algumas jogadas enquanto ela batia nas paredes do quarto, queria treinar lá fora, mas não podia. Salvo as vezes que saia do quarto para ir no banheiro, aquilo realmente era uma prisão.

Temia que Nishinoya fosse até lá novamente, estava torcendo para que não. Aquilo só aumentaria o problema ainda mais. Ficava estudando uma forma de tentar explicar-lhe a situação na segunda, mas todas as formas pareciam não serem muito boas.

Na segunda, sua mãe fez questão de ir deixa-lo, trocaram apenas as palavras mais essenciais. Asahi estava inteiramente magoado com ela e sabia de sua imensa raiva e vergonha para com ele.

Não se concentrou durante a aula, achou que seria melhor ignorar Nishinoya, mas talvez aquilo acabasse machucando o líbero, mas, afinal, Asahi era mesmo um grande covarde e não sabia como iria encarar ele.

Não haviam se visto até a hora do treino, Asahi parecia muito desmotivado e sempre pelos cantos da quadra, sabia que Nishinoya havia chegado antes dele, mas o estava evitando, não sabia até quando seria possível.

- Asahi! – Era ele. Asahi não respondeu. – Ei, Asahi, está me ignorando ou é impressão minha? – Perguntou, enquanto ria. O atacante permaneceu calado. – Asahi...

Nesse momento, Asahi recolheu suas coisas e saiu do ginásio, enquanto o técnico Ukai gritava com ele. Sentia-se frustrado demais para falar com Nishinoya, mas também não queria ir para casa, ficou no parquinho. Segurou as lágrimas, afinal, como podia chorar tanto. Não conseguiu segurar por muito tempo. Só até um pouco antes de Nishinoya chegar.

Hikari AreOnde histórias criam vida. Descubra agora