O quarto dia de trabalho

536 15 1
                                    

Aquela noite, enquanto o patrão rolava no chão duro da sala, porque sua esposa não quis durmir com ele no quarto sem cama, o Pedro dormiu tranquilamente, despreocupado da vida.
Ao amanhecer, o fazendeiro mandou o Pedro ir ao comércio da cidade e lá vender todos os seus porcos pelo dobro do preço do valor de mercado.
— Vai ser difícil, patrão.
— Está reclamando, Pedro?
— De jeito algum. Sei receber ordem. Vou reunir a porcada e seguir em frente.
— Tenha boa sorte!
— Terei.
No caminho, cortou todos os rabos dos animais. No mercado, por preço justo, vendeu a porcada a um açougueiro. Na volta, passou por um lamaçal, onde enterrou todos os rabos dos porcos, e seguiu para a casa do fazendeiro, gritando:
— Patrão! Ô patrão!
— Que foi? — acudiu o fazendeiro, na janela.
— A porcada ficou toda atolada no lamaçal.
Desesperado, o patrão foi ao lamaçal. Lá, na tentativa de arrancar os porcos da lama, ele mesmo começou a puxar os rabos, que ficavam em suas mãos.
Sem os porcos e sem dinheiro para comprar os móveis, exigidos pela mulher, voltou para casa desnorteado e em silêncio. Com certeza, não queria dar o braço a torcer à esposa, que já havia avisado de que não bobeasse com o Pedro.

Aventuras de Pedro MalasartesOnde histórias criam vida. Descubra agora