Helena
O desespero toma conta de cada partícula do meu ser. Will não voltou para me dar notícias, depois que entrou com Lúcia e eu estou aqui, na sala de espera, sem saber o que fazer.
Já perdi as contas de quantas orações fiz. As lágrimas não param de cair e du não consigo me acalmar. Só a possibilidade de perder minha pequena me faz tremer dos pés à cabeça. Isso não pode acontecer.
Vejo Will se aproximando de cabeça baixa, com o semblante triste, e sei que não vem coisa boa por aí. Seus olhos estão vermelhos, evidenciando que ele chorou.
- Helena...
- Como ela está, Will? - procuro uma resposta em seus olhos e ele suspira.
- Agora ela está bem. - ele não me olha nos olhos.
- Pelo amor de Deus, Will! Me diz o que está acontecendo com a Lúcia. - peço desesperada e Will engole em seco.
- Ela piorou muito, Helena. - pega minhas mãos e me puxa para sentar.
Ele ajoelha na minha frente e me encara com tristeza e amor.
- Mas ela vai ficar bem, não vai? - minhas voz saiu em um fio.
- Não. - foi um sussurro. - A doença avançou muito. Já está tomando outras partes do corpo. Eu sinto muito.
- Não! - minha gargante se fecha.
Um soluço escapa de meus lábios... Outro... Outro.
Will me puxa para um abraço e me deixa chorar em seus braços. Sinto que ele chora também. Meu corpo treme contra o seu. Sinto medo e oro a Deus pedindo ajuda.
- Eu quero ver ela. - peço baixinho e ele assente.
Seguimos por um corredor e subimos de elevador para o próximo andar. Ele abre a porta devagar e eu entro.
Os olhinhos azuis encontram os meus e ela sorri. Corro até ela e abraço seu corpo pequeno com força, mas sem machucá-la.
- Oi, meu amor. Você está bem? - acaricio seu rosto.
- Tô, tia Lena. - ela sorri. - Já podi im pa casa? - rio das palavras erradas.
- Ainda não, meu bem. Você precisa descansar agora. - ajeito ela na cama.
Sento ao seu lado, puxando seu corpo junto ao meu. Ela deita a cabeça a minha barriga e eu deixo um beijo em sua carequinha.
- Quando eu podi im pa casa? - ela pergunta olhando para Will.
- Logo logo, minha princesa. - ele sorri amoroso para ela.
- Eu não goto daqui. É muito chato. - faz biquinho e cruza os braços. Nós rimos.
- Eu sei. Mas tem que ter paciência. - respiro fundo.
- Eu tô mais dodói, titia? - sua pergunta me deixa nervosa.
Olho para Will e ele se aproxima, sentado ao nosso lado na cama.
- Está sim, boneca.
- Eu não vou maia ficar boa? - sinto meus olhos arderem. Will nega. - Eu vô morar com o papai do céu? - ele assente. - Que legal! Voxês vêm também?
- Nós não vamos junto. - a voz dele sai com dificuldade.
- Então não vamos mais nos ver? - negamos.
Ela me olha e chora baixinho. Aperto-a contra meu peito e choro junto, sem que ela perceba.
- Não chora, meu amor. - sussurro em seu ouvido. - Vai ser bom. Lá é muito legal. E depois nós vamos nos ver. Você vai gostar de lá.
- Verdade? - seus olhos brilham. Assinto. - Eu acho que vô sinti sadade.
- Eu também vou. - beijo sua bochecha.
- Tô cum medo, tia Lena. - sussurra.
- Não precisa, amor. - sorrio para ela. - Quer cantar?
- Quelo.
A noite chegou, eu estou a clamar
O medo chegou, eu estou a chorar
Mas tua palavra diz
Que o choro pode uma noite durarE pela manhã a alegria virá
Mas, Senhor, a noite é longa
E demora a passar
E os meus inimigos estão a zombar de mim
Porém, olho para o céu, de onde me virá o socorro
Então, ouço a tua doce voz a me acalmarEu estou contigo, não te deixarei
Durante a noite, tua voz ouvirei
Passo a noite contigo pra te guardar
E, pela manhã, minha promessa em tua vida se cumpriráEu sou o Deus do dia, o Deus da noite, da madrugada
Eu sou o teu abrigo, estou contigo
Não te deixareiCanto com ela, até perceber sua respiração normalizar e ver que ela está dormindo. Beijo seu rosto e fecho os olhos, fazendo uma oração.
Antes de pegar no sono, sinto um beijo em minha testa e uma lágrima pinga no mesmo local. Então durmo.
Oiii!
Desculpem por fazer vcs esperarem. Obrigada por terem paciência!
Logo eu volto com mais capítulos. Estamos caminhando para o final!
Até mais!
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Minha Pequena Sorte
RomanceHelena é uma jovem forte que trabalha em um orfanato. Quando uma das crianças - a que ela mais ama - fica doente e precisa fazer um tratamento no hospital, ela conhece Will. Um médico bonito e divertido, que acaba por encantar as duas. #714 em roman...