A Revanche

Jouske

Jouske: Uma conversa hipotética que você repete compulsivamente em sua cabeça.

Pov. Camila

– CAMILA, PARE de se mexer – disse Selena em tom de reprovação.

– Desculpe – retrucou ela, com expressão arrependida. – Queria apenas ver como está – acrescentou em tom esperançoso.

– Ora, não pode. Não até que eu termine – decretou Selena Gomez, voltando a se dedicar à tarefa de atar a parte traseira do corpete em forma de espartilho do vestido de casamento de Camila em seda marfim.

Com um suspiro, ela encarou e a outra dama de honra, Normani Kordei, lhe deu uma palmada leve no ombro.

– Isso inclui sua cabeça também – completou. Mani tentava lhe aplicar um vaporoso véu sobre os cabelos castanhos atados em um coque.

– Isso significa que tenho de voltar para o curso de treinamento de noivas? – disse Camila, submissa.

– Se permanecer imóvel pelos próximos vinte segundos, nós a elogiaremos – respondeu Selena.

Aquelas eram suas melhores amigas, além de colegas de trabalho, e Camila tinha confiança total nas duas. Portanto, esforçou-se para acalmar os nervos e permanecer parada pelos próximos minutos, enquanto as amigas trabalhavam nos últimos detalhes.

Por fim, sentiu um último puxão próximo à sua cintura ao mesmo tempo em que Selena deixava escapar um suspiro.

– Acabei!

– Eu também – anunciou Mani em seguida.

– Fez um excelente trabalho com o véu – Selena elogiou Mani.

– O vestido também não está nada mau – Mani retribuiu o elogio.

Camila ergueu as sobrancelhas em uma expressão divertida.

– Isso significa que finalmente posso ver?

Cada uma das amigas segurou um ombro de Camila e a giraram para que ficasse de frente para o espelho com pés, posicionado no meio do seu quarto.

A mulher que a encarava era uma estranha. Uma elegante princesa de contos de fadas envolta em seda marfim vaporosa. Os cabelos castanhos atados em um coque lustroso e sofisticado, revelando o pescoço longo e fino, a pele pálida e imaculada. Os enormes olhos castanhos pareciam dramáticos e sensuais.

– Uau! Essa sou eu? – guinchou Camila. 

– Sim. Deslumbrante, como sempre – confirmou Selena.

Camila corou com o elogio da amiga, mas franziu a testa quando o olhar se fixou, inevitavelmente, no peito. Aquela era uma questão traumática. Esperara muito tempo para que aquela maldita parte de sua anatomia crescesse. Pelo amor de Deus, quem não desenvolvia seios antes dos 19 anos? Aquilo fora uma crueldade da natureza, na opinião de Camila.

– O que há de errado? Não gostou do modo como ajeitei o véu, certo? – perguntou Mani. Os olhos, nublados pela apreensão.

Camila afastou da mente a velha preocupação. Usava um tamanho bom agora. Certamente o nervosismo fizera com que aquele antigo e empoeirado trauma erguesse sua cabeça monstruosa.

– Está perfeito, obrigada. Estava apenas imaginando se não deveria ter escolhido um vestido branco em vez de marfim – disse ela.

Selena deixou escapar um som rude.

– Nem mesmo o marfim seria muito adequado, moça – retrucou a amiga, com expressão sapiente.

– Ei! – exclamou Camila, fingindo estar ofendida. – Está insinuando que não sou virgem?