Anemoia

255 21 0
                                    

Anemoia: Nostalgia de um tempo no qual você nunca viveu.

LAUREN ENTROU nos escritórios da produção no dia seguinte com passadas pesadas. Magoara Camil na noite anterior. Não soubera lidar com aquela situação e não lhe negava o direito de estar furiosa. Mas provavelmente fora melhor assim. Em sua experiência, uma mulher furiosa superava um coração partido mais rápido que uma triste. Camila merecia ser feliz.

Merecia amor, com tudo que geralmente vinha atrelado àquele sentimento: casamento, filhos, lareira, um lar. O único erro que Camila cometera fora procurar tudo aquilo no lugar errado.

Por um instante, teve um lampejo de como teria sido se ela fosse uma mulher diferente. Poderia ser aquela que envelheceria com Camila, que teria filhos e que a envolveria nos braços todas as noites.

Por um segundo, um terrível anseio se agitou dentro dela. Como em um quadro de Norman Rockwell, as imagens em sua mente eram muito puras, brilhantes e perfeitas. Lauren sabia que eram idealizadas, irreais. Mas as desejou. Ela a desejava loucamente. Aquela era a primeira vez que admitia a verdade para si mesma e tal percepção teve o efeito de um golpe certeiro em sua alma. Evitara se envolver emocionalmente durante toda sua vida por aquela exata razão. Gostar de Camila Cabello não lhe traria nada a não ser infelicidade. Não estava preparada para dividir sua vida com ninguém.

Ainda tinha coisas a encaixar, alturas a escalar e desafios a vencer. Não havia espaço em sua vida para mais ninguém. Não até que atingisse seus objetivos. Dali a cinco anos, quando sua carreira no cinema estivesse estabelecida. Talvez dez anos. E então, teria dinheiro suficiente e muitos sucessos acumulados para poder pensar em construir uma família.

Aprendera da pior forma possível sobre ter metas e alcançá-las. Ainda estaria fritando hambúrgueres em uma lanchonete se não tivesse tido disciplina para superar a dislexia. Não estava disposta a colocar tudo aquilo de lado simplesmente porque Camila Cabello virara sua vida de ponta a cabeça. Havia muito em jogo para se permitir levar pela emoção.

Camila já estava trabalhando em sua mesa, quando Lauren entrou, mas ela não ergueu a cabeça quando a viu passar por sua porta. Surpreso, Lauren percebeu que as luzes dos escritórios de Selena e Normani também estavam acesas. As duas lhe dirigiram olhares frios quando ela as cumprimentou com um gesto de cabeça. Lauren exibiu um sorriso destituído de humor, enquanto se livrava da jaqueta. A tropa de choque estava a postos para combater o inimigo.

Lauren tentou falar com Camila por várias vezes durante o dia, mas a cada vez, tanto Selena quanto Normani surgiam para interromper a conversa. A tropa de choque outra vez. E certamente ela era a inimiga. Quando as três partiram, juntas, no final do expediente, entre risadinhas tensas, Lauren experimentou algo distintamente parecido com ciúmes. Acostumara-se a compartilhar seus dias com Camila no último mês.

Ansiava por ouvir aquela risada fácil, suas observações sarcásticas e perspicácia. Sabia que não tinha direito à amizade de Camila. Era a última pessoa com quem ela desejava estar, depois do modo desastrado com que ela lidara com a situação na noite anterior. Mas enquanto a observava moderar as passadas largas para sincronizá-las com as de Selena, e o modo como ela ajeitava o colarinho de Normani, sentiu-se sozinha como nunca antes. Já estava sentindo falta de Camila e ela havia saído de sua vida havia apenas um dia.

No meio da semana seguinte, ela se encontrava desesperada para falar com Camila. Selena e Normani se incarregavam de nunca as deixar sozinhas, o que só aumentara sua frustração. Precisava saber se ela estava bem. E se desculpar por ter se comportado como uma idiota quando ela lhe revelara seus sentimentos. Depois, poderia esquecer o assunto. Aquela não era exatamente a verdade, mas bastaria para satisfazer a editora que existia dentro dela.

A RevancheOnde histórias criam vida. Descubra agora