Rubatosis

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Rubatosis: A consciência perturbadora de seu próprio batimento cardiaco.

POV. CAMILA

APÓS CAMILA terminar de gritar com ela por ter bancado a esperta e as desviado da rota, as duas passaram uma hora tentando retomar o caminho certo em vão. Conseguiram apenas se perder ainda mais. Ao fim da tarde, cansadas, suadas e famintas, se descobriram próximos do rio outra vez.

Camila soltou um grunhido de desespero.

– Isto é ridículo! – Dominada pela frustração, deu um chute em uma pequena pedra, apenas para soltar um urro ao descobrir que se tratava da ponta de um rochedo soterrado.

Lauren observou por um instante com olhar atento a correnteza lenta do rio e começou a escorregar as alças da mochila pelos ombros.

– O que está fazendo? – perguntou ela, quando terminou de pular em um pé só de dor.

– Está ficando tarde. Teremos de passar a noite aqui e tentar encontrar os outros pela manhã. Não deve ser tão difícil assim. Estamos apenas a mais ou menos uma hora de onde tomamos a rota errada. Pela manhã poderemos retornar àquele ponto e completar a rota original até o acampamento.

– Que ideia brilhante! – exclamou ela. – E era ainda mais brilhante quando a tive, horas atrás.

– Ora, ora. Tripudiar não é uma atitude nobre – disse Lauren, enquanto atirava a mochila ao chão.

Resfolegando em seu íntimo, Camila se livrou da própria mochila, soltando um gemido de alívio enquanto fazia movimentos circulares com os ombros.

– Vamos armar esta barraca, antes que escureça – disse Lauren. Lauren soava muito animada e ela lhe lançou um olhar desconfiado. Lindamente animada, constatou.

– O fato de passarmos a noite juntas, não significa que faremos sexo.

Lauren deu de ombros, como se aquilo fosse a última coisa que tivesse em mente.

– Você é quem sabe.

Camila lhe dirigiu outro olhar desconfiado, mas Lauren estava concentrada em desdobrar a barraca. Ela resolveu ajudá-la e em cinco minutos a tenda em forma de iglu estava armada.

– O abrigo está concluído. O que mais temos? – perguntou Lauren.

Camila desenrolou o saco de dormir dentro da barraca.

– Um saco de dormir. Nenhuma coberta… a não ser que tenha alguma.

– Não.  Luke e Ben ficaram com todos esses apetrechos. Estávamos dividindo a carga – explicou Lauren.

As duas esvaziaram as mochilas. Lauren tinha caneta-lanterna e uma caixa de fósforos. Camila tinha uma caixa de balas de menta, uma pequena barra de chocolate, uma caixa de lenços de papel. A boa notícia era que as duas tinham pasta e escova de dentes. Portanto a higiene oral estava garantia… e Lauren trouxera um pacote de preservativos.

– Você é mesmo uma idiota arrogante, certo? – perguntou Camila, erguendo a caixa.

– Eu tenho o direito a sonhar. Além disso, não podia descartar a possibilidade de fazer sexo com outra pessoa.

– Não acha que está fazendo sexo com uma parcela suficiente da equipe? – perguntou ela em tom áspero. 

– Dan poderia ser o diminutivo de Danette. E mulheres que gostam de atividades ao ar livre são quentes.

– Certamente são. – Camila atirou a caixa de preservativos nela. – Espero que toda essa borracha a esquente, enquanto eu estiver aninhada no meu saco de dormir esta noite.

A RevancheOnde histórias criam vida. Descubra agora