Drapetomania

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Drapetomania : Uma sobrecarregada urgência de correr para longe.

POV CAMILA

CAMILA REPETIU a mesma coisa para si mesma sem cessar durante os três dias que se seguiram, mas a cada noite terminava nos braços de Lauren outra vez. Em um minuto, parecia a ponto de lhe dizer que tudo estava acabado entre elas e no outro, estava concordando em jantar com ela outra vez. Na noite de terça-feira fora um piquenique depois do expediente no Getty Museum, uma cortesia dos amigos de Lauren que trabalhavam como seguranças do local. No dia seguinte, foi um jantar em um pequeno restaurante nas montanhas que ela conhecia. Depois, Lauren a levou outra vez para sua casa e fez amor com ela contra a lateral do carro, sussurrando-lhe ao ouvido elogios sobre a paixão que ela demonstrava durante todo o tempo.

Camila poderia ter dito “não” àquilo tudo. Mas não conseguira. Estava fora de controle, descendo, desgovernada, a toda velocidade pela montanha de sua vida sem nada que pudesse detê-la. 

E lenta e insidiosamente começou a imaginar se precisava ser detida. Durante toda sua vida, desprezara as mulheres que ignoravam os avisos que os homens lhes davam no início de seus relacionamentos. Lauren fora absolutamente franca sobre seus desejos: sexo, sem compromisso. E Camila acreditara nela. Mas todas as vezes que Lauren a olhava nos olhos enquanto a penetrava ou lhe pressionava um beijo na nuca, ou ainda lhe roçava a lateral do rosto com o dorso da mão, tinha certeza que via algo além do simples desejo sexual refletido no rosto de Lauren.

Enquanto aguardava que ela atendesse à porta na noite de quinta-feira, admitiu para si mesma que estava começando a alimentar a esperança de um futuro para ambas. Lauren gostava dela, tinha certeza disso. Sabia que ela a respeitava, valorizava sua perícia e que compartilhava seu senso de humor. Seria muita loucura pensar que os sentimentos de Lauren iam além de um relacionamento exclusivamente sexual? As pessoas mudavam. As expectativas mudavam o tempo todo. Quem poderia afirmar que, apesar de ter deixado claras suas intenções quando começaram aquele affair, Lauren não havia descoberto sentimentos mais profundos dentro de si mesmo? Aquilo acontecera com ela, apesar de não estar procurando tais emoções.

– Olá!

Como sempre, a simples visão daquela mulher foi suficiente para lhe acelerar a pulsação. Lauren estava descalça, trajando uma calça jeans e uma camiseta preta simples. Tinha uma aparência deliciosa, pronta para ser devorada.

– Olá para você também – disse ela, erguendo-se nas pontas dos pés para lhe pressionar um beijo aos lábios.

O beijo rapidamente evoluiu e, antes que ela se desse conta, Lauren a estava empurrando em direção ao sofá e lhe retirando a bainha da blusa de dentro do cós da saia.

Escorregando as mãos sobre as pernas, Lauren ergueu a cabeça dos seios de Camila quando não encontrou nada além de pele exposta na junção das coxas macias.

– Sem calcinha outra vez – murmurou Lauren, com um sorriso de aprovação.

– Parece-me meio supérfluo quando estou com você – retrucou ela, depositando beijos tão suaves quanto asas de borboleta nos ombros e pescoço.

– Algo para adicionar na lista das coisas que mais gosto em você – Lauren lhe sussurrou ao ouvido, enquanto roçava os dedos hábeis sobre o meios da perna dela.

Camila enrijeceu o corpo por uma fração de segundo, o significado daquelas palavras reverberando em seu íntimo.

Lauren não disse que a amava, preveniu a si mesma. Porém era tarde demais. O estrago já havia sido feito. Aquela quase declaração a fez admitir a verdade que florescia e criava asas em seu coração. Camila a amava.

A RevancheOnde histórias criam vida. Descubra agora