Petrichor: O cheiro da terra após a chuva.
POV LAUREN
DUAS SEMANAS e meia depois, Lauren atirou uma camiseta dentro da mochila com mais vigor que o necessário. Vinha fazendo aquele tipo de coisa ultimamente: bater a porta do refrigerador com força, xingar os outros motoristas no trânsito, rosnar para sua equipe no trabalho. Sabia que não era muito nobre de sua parte deixar que algumas semanas de frustração sexual bastassem para transformá-la em uma ogra.
Fazia muito tempo que não se via na situação de não conseguir ter algo que desejava. Todas as suas derrotas anteriores a fizeram ávida pelo sucesso e se acostumara ao sabor dele. Exceto pelo insucesso atual.
Desejava Camila e ela teimava em manter a postura profissional.
Aquilo a estava deixando louca.
Tentara todos os recursos: ficar próximo a ela, flertar, fazer comentários sugestivos, chegar cedo no trabalho para que pudessem ficar sozinhas e permanecer até mais tarde pela mesma razão. A tensão sexual entre as duas lançava fagulhas como um curto-circuito. E mesmo assim, Camila não cedia. Enquanto isso, ela se sentia tão excitada que temia explodir a qualquer instante.
Considerou desistir um milhão de vezes, seguir em frente, telefonar para uma de suas antigas namoradas ou fazer um convite à recepcionista, que todas as manhãs se desmanchava em sorrisos para ela. No entanto era Camila que desejava e ninguém mais. Camila lhe assombrava os sonhos e a tentava durante todo o dia no trabalho, com os jeans apertados, as minissaias e as camisetas justas. Lauren estava no limite máximo. E provavelmente por isso não se sentia nem um pouco animada em acompanhar a equipe de roteiristas em um final de semana de “inter-relacionamento”. Duas noites e três dias nos Acampamentos Big Bear, na San Bernardino National Forest, fazendo caminhadas, trilhas e gincanas por equipes com seus colegas escritores. Em seu estado de frustração atual, dividir uma barraca para três pessoas com Luke e Ben era tão convidativo quanto um exame de próstata. O simples pensamento de que Camila estaria dormindo a alguns metros de distância a impedira de se recusar a ir. Ar fresco, verde, mudança de cenário… certamente alguma coisa valeria a pena. Com expressão determinada, enfiou algumas caixas de preservativo na mochila. A atitude de uma eterna otimista, admitiu, mas ainda não estava disposta a desistir.
Optou por dispensar a carona solidária para o parque e preferiu viajar de moto para se permitir uma rota de escape. Trancou a casa, prendeu a mochila na moto e colocou o capacete. Em seguida, baixou o visor e passou as duas horas e meia de viagem fantasiando ter Camila em seus braços outra vez.
POV CAMILA
– ESTAMOS MUITO atrasadas – disse Camila, enquanto abria a porta de seu apartamento para Mani e Selena.
– Não me culpe. Eu estava na casa de Mani às oito horas em ponto – disse Selena em tom significativo.
– Hope estava chateada. Havia esquecido que eu iria viajar – explicou Normani como se pedisse desculpas.
Selena lançou um olhar frustrado a Camila e se inclinou para suspender a mochila que deixara pousada no chão.
– Isso é tudo? – perguntou ela, se dirigindo à porta.
– Sim – respondeu Camila, apressando Mani na direção do corredor para poder trancar a porta.
– Tudo culpa da quela calhorda da namorada dela – prosseguiu Mani, obviamente achando que lhes devia uma explicação pormenorizada. – Ela continua telefonando e lhe mandando flores. Quando aquela idiota vai entender que Hope não está interessada em uma canalha agressora?
– O que quero saber é como ela conseguiu seu número de telefone – retrucou Selena, quando as três entraram no elevador. – Você não está na lista, certo?
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A Revanche
FanfictionCamila demorou um tempo para superar uma paixonite adolescente por Lauren, mas depois de crescida, seguiu em frente com a vida. Até reencontrá-la trabalhando na mesma empresa que ela! De repente, era como se o tempo houvesse encurtado, e Camila não...