A Revanche

Yuanfen

Yuanfen: Um relacionamento por força do destino a enorme força de ligação entre duas pessoas.

POV CAMILA

CAMILA ENVOLVEU o corpo com os braços, enquanto se encaminhava ao próprio carro. Conseguira. Tremera como uma folha ao vento, mas conseguira.

Dera uma volta completa pelo ginásio, com um sorriso desdenhoso estampado nos lábios, exatamente como planejara com Selena e Mani. E agora poderia voltar para casa. Não encontrara nenhuma cura milagrosa para seu coração partido durante o circuito desafiador pelo ginásio. Dissera a mesma coisa para Lauren: era impossível reescrever o passado. Os ex-colegas de classe sempre se lembrariam dela como a menina que havia forrado o vestido com papel higiênico no baile dos finalistas. Claro que ela lhes apresentara uma nova imagem para sobrepor à velha, mas jamais conseguiria apagá-la por completo.

Quando se aproximou do carro, acionou o controle remoto para destravá-lo. Estava esticando a mão na direção da maçaneta quando Lauren a chamou.

– Camila! Espere!

Olhando por sobre o ombro, ela a viu correr em sua direção, mas ainda assim, girou a maçaneta do carro. Não esperava encontrá-la ali, mas elas não tinham nada a dizer uma a outra. Conseguiu entre abrir a porta, porém Lauren se precipitou para a frente e tornou a fechá-la.

– Não vá – pediu ela, com voz baixa e carregada de intensidade.

Camila deixou escapar um profundo suspiro.

– Não teve nostalgia suficiente lá dentro? – perguntou ela.

– Sou uma idiota. Estraguei tudo. Você estava certa sobre tudo – declarou Lauren.

Camila a encarou. Ainda assim, a simples proximidade de Lauren desencadeava um tornado em seu corpo. A pulsação acelerava, o fôlego ficava preso em algum lugar da garganta. Sentia-se vulnerável, exposta, idiota e tentou se recompor.

– Que bom para você, mas agora tenho de ir – respondeu.

– Eu estava a caminho de dizer uns desaforos para McMasters, mas acabei por descobri que ele é o maior fã do The Boardroom – disse Lauren, falando em uma velocidade impressionante. – Aquele homem me ama quase tanto quanto me odiava anos atrás. A definição exata da ironia, não acha?

– Isso deve ter sido muito gratificante para você – retrucou ela, enfadada. – Aposto que a fez ganhar o dia.

Mais uma vez, esticou a mão para a maçaneta da porta do carro.

– Droga, Camila! – exclamou Lauren.

E antes que ela se desse conta do que estava acontecendo, viu-se envolta naqueles braços e Lauren a beijava com uma intensidade feroz que fez lágrimas lhe brotarem aos olhos. Os dedos longos se enterraram em seus cabelos e o corpo se pressionou ao dela, empurrando-a contra o carro. A língua quente lhe invadiu a boca, acariciando a dela, traçando-lhe o contorno dos lábios, e ela pensou que fosse morrer porque aquilo era exatamente pelo que ansiara mas sabia que não poderia ter.

Camila se viu impotente em impedir a tristeza que a invadia de se libertar e Lauren recuou abruptamente quando sentiu suas lágrimas nas mãos.

– Não chore, por favor. Eu a compensarei – afirmou ela, segurando-lhe o rosto nas mãos e lhe limpando as lágrimas com os polegares.

– Deixe-me em paz – disse ela, com a voz embargada. – Tem noção do quanto é difícil amá-la, vê-la todos os dias e não poder tocá-la ou rir com você? Tem alguma ideia do quanto isso é difícil para mim?