A Revanche

Malu- II

Malu: constragido, evergonhando, inferior e inseguro perto de alguém superior.

Pov Lauren

LAUREN LEVOU alguns instantes para organizar os pensamentos, antes de se lançar em um resumo das histórias da semana anterior. Nada fácil quando os olhos insistiam em se fixar no decote da camiseta justa de Camila.

– Basicamente, demos prosseguimento aos seis segmentos que vocês estavam trabalhando: o romance de Gabe e Hannah, o divórcio de Kirk e Loni, o processo por imperícia de Garth, a gravidez de Honey, as
maquinações de Luther em relação aos negócios da família e os dramas escolares de Angel. Estudando as sinopses das semanas anteriores, pensei em explorarmos o cenário do divórcio o máximo que pudermos. Portanto, na semana passada, fizemos Kirk a princípio aceitar o acordo e assinar os
papéis – disse Lauren.

Camila estreitou o olhar enquanto processava o que ela lhe dissera. Lauren
aguardou, observando-a. Os olhos vagando em seu próprio ritmo pelo belo rosto à sua frente. A pele, beijada pelo sol, era imaculada. Brilhante era a palavra com que a definiriam as empresas de cosméticos. Embora não
parecesse extremamente maquiada.

– O plano futuro para Kirk e Loni é a reconciliação. Não queremos que eles se divorciem – disse Camila.

– Vi seu planejamento futuro – retrucou ela. – E pensei que poderíamos fazer alguns desvios nele, antes de voltarmos a uni-los. Portanto, Kirk assinou os papéis, mas ainda não os entregou.

Um músculo se contraiu na mandíbula de Camila enquanto a encarava.
Boa pele, lindos olhos. Por que ela não se lembrava dos olhos de Camila? Deviam
ser exatamente assim no tempo de colégio, mesmo que os seios sob a camiseta fossem inexistentes naquela época.

– E o que o impedirá de entregar os papéis ao advogado? – perguntou ela.

– Esta semana, fiz com que Loni receba a visita de uma antiga paixão. Alguém para esquentar as coisas – explicou ela, com um sorriso presunçoso, desafiando-a a rechaçar a ideia.

– E na próxima semana Kirk fica sabendo que o irmão morreu? – perguntou Camila, tomando cuidado para não revelar sua opinião.

– Talvez. Se não conseguirmos encontrar mais desvios antes – respondeu Lauren, reservada.

Os olhos de Camila faiscaram por um breve instante e, em seguida, a máscara de calma e impassibilidade voltou ao lugar.

– Isso tudo soa muito interessante – disse ela. – Mas em vez de detalhar
tudo isto verbalmente, acho que prefiro ler os episódios, para poder absorver as nuanças.

Os lábios carnudos se afinaram por um instante, mas nada poderia disfarçar aquela opulência por muito tempo. Camila tinha uma boca muito sensual, decidiu ela. Era tarde demais quando se deu conta do que estava
fazendo: admirando Camila Cabello. Forçando o cérebro a voltar aos trilhos, focou-o no assunto presente.

– Claro, afinal, você é a chefe – disse ela.

Camila estava anotando algo no bloco, mas a cabeça se ergueu com um movimento brusco diante daquelas palavras. As duas se mediram com o olhar por um longo instante e, em seguida, ela o desviou para um ponto no ombro de Lauren.

– O restante da equipe chegou – disse ela. – Não quero detê-la por mais tempo.

Lauren podia jurar que ela soara aliviada. A suspeita se reforçou quando Camila se ergueu, sinalizando que a reunião chegara ao fim. Ela estava aturdida. Lauren se regozijou com aquela conclusão, mesmo enquanto fazia uma promessa a si mesma: planejava abalá-la muito mais que isso nos próximos meses.

Em vez de reagir à deixa de Camila, permaneceu sentada, desejando ver o
quanto poderia pressioná-la. Lenta, deliberada e provocativamente deixou o olhar escorregar pelo corpo de curvas perfeitas.

O que era para ser uma provocação logo se transformou em um prazeroso tour. Não era exatamente um sacrifício observá-la, admitiu Lauren para si mesma, enquanto o olhar vagava para os seios firmes contra o tecido da camiseta. Camila tinha o tipo de corpo esbelto e elegante que ficaria deslumbrante nu. Os olhos verdes baixaram para os quadris levemente curvilíneos. Ainda não vira as nádegas de Camila, mas apostava que eram formidáveis. Imaginou que tipo de roupa íntima ela costumava usar, se era fã das tangas.

– Sabe de uma coisa? Poderia passar por você na rua sem reconhecê-la – disse, quando voltou a fixar os olhos no rosto de Camila. E ficou satisfeita ao lhe perceber o rubor no rosto e o brilho de raiva nos olhos. – Você mudou muito.

– Sim. E você permaneceu quase igual – respondeu ela, e Lauren teve a certeza de que não se tratava de um elogio.

Só então ela se ergueu, satisfeita em olhá-la de cima para baixo, embora tivessem apenas alguns centímetros de diferença.

– Ficaria surpresa se soubesse. – Lauren deixou o olhar percorrê-la mais uma vez, antes de dizer as últimas palavras. – Estou mesmo ansiosa pelos próximos meses.