Capítulo XII

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Acordo com Kitty ao meu lado, como de costume. Levo um tempo para lembrar que dia é hoje. Domingo. Não estou com vontade de levantar, então simplesmente fico na cama. Conecto meu fone de ouvido e começo a ouvir minha playlist de músicas eletrônicas. Não importa o momento, sempre amo ouvir esse tipo de música. Gosto de outros estilos, claro. Mas a batida eletrônica é tão envolvente, tão sólida... Apenas me deixo senti- las.

O que pra mim pareceu alguns minutos na verdade foram mais de uma hora. Me levanto e vou para o banheiro para me deixar mais apresentável. Tomo um banho para despertar completamente e coloco roupas frescas devido ao calor. Passo meu protetor solar, e faço uma leve maquiagem. Volto para meu quarto, arrumo minha cama, e dou comida para Kitty. Calço meus tênis e saio do apartamento sem nenhum destino definido. Acordei sem fome, então nem me preocupo muito com comida.

Sinto a brisa suave, que persiste em aparecer mesmo com o sol quente. Ainda bem. Nunca gostei de calor, acho muito ruim. Prefiro muito mais o frio, onde posso ficar embaixo das cobertas, bem quentinha, assistindo séries na Netflix... Isso pra mim é sinônimo de perfeição.
Caminho na sombra, observando o movimento da rua. Após um tempo me sinto cansada, reflexo dos meus problemas cardíacos, e me sento num banco do parque.

Crianças despreocupadas brincam no playground a frente, donos passeiam com seus cães, pessoas se exercitam. Domingo perfeito, alguns (como eu) diriam. Começo a ouvir minhas músicas novamente, me concentrando em cada uma delas. Não percebo Michael se aproximando e sou surpreendida por sua presença.

-Oi!  - diz ele, animado.

-Oie... Você por aqui? - Não imaginava encontra-lo aqui, se exercitando. Ele não parece ser do tipo atlético.

- É, pois é, gosto de fazer exercícios de vez em quando, mas acabo nem fazendo muito, minha preguiça geralmente é maior, sabe? - eu rio ao perceber nossa semelhança.

- Também sou assim, hoje saí por que o dia estava bonito - respondo.

Michael se senta ao meu lado, mas ainda mantém certa distância, como se estivesse com medo de algo, e isso me faz rir mentalmente. Não somos mais estranhos, já me acostumei com a presença dele.

- E então Michael - tento puxar assunto, uma de minhas habilidades menos desenvolvidas - Já se acostumou com a cidade?

- Aqui é bem pequeno, mas ainda sim é bem melhor do que onde eu morava antes. Cidades menores são mais tranquilas, e eu gosto disso. - Enquanto ele fala, ele olha diretamente em meus olhos, e isso me deixa levemente desconfortável no começo, mas logo consigo estabelecer um contato visual. - Você mora aqui a muito tempo?

- Acho que faz uns 3 anos. Vim morar aqui logo que fiz 18 anos. Eu me tornei independente meio cedo, na opinião de alguns, mas isso foi bom pra mim.

- Entendi. Também sai da casa dos meus pais cedo, mas gosto de liberdade, então não foi difícil acostumar sem os meus pais por perto - ele fala, rindo, com um brilho único no olhar.

Começamos uma conversa animada sobre interesses e gostos, e percebo que eu e Michael somos bem semelhantes. Acabo me envolvendo tanto na conversa que nem vejo o tempo passar. Minha barriga protesta de fome, e me lembro que não comi nada ainda.

- Ahn... A conversa ta ótima, mas preciso comer urgentemente! Ainda não comi nada - digo, me levantando.

- Esqueci de te dizer que sou um bom cozinheiro, que que você acha de ir almoçar lá em casa? Chamei uns amigos meus pra ir pra lá, você podia conhecer eles também, o que você acha?

Nem penso muito antes de aceitar o convite. Michael me deixa tão confortável com sua presença... Caminhamos juntos de volta para o prédio, combinamos o horário do almoço, e então seguimos para nossos apartamentos.

Decido tomar outro banho, e coloco um vestido branco, rodado, e de renda, que é elegante e simples ao mesmo tempo. Mantenho minha maquiagem leve, passo um perfume adocicado, e coloco minhas sapatilhas preferidas, que combina bem com o vestido. Me olho no espelho antes de sair e me agrado do resultado.

Afago Kitty antes de sair, e então vou até o apartamento em frente ao meu.

Se as estrelas falassem (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora