Capítulo XXV

18 3 7
                                    

Fico nervosa assim que ouço suas palavras. 

- Pode...

- Lembra da primeira vez que estive em seu apartamento? - Meu Deus. Onde Michael quer chegar com isso?

- Sim. Por que?

- É que sou uma pessoa curiosa e, quando perguntei a você sobre quem era a pessoa que vi naquele álbum, você não quis falar. Não insisti aquele dia, mas percebi que você ficou diferente quando toquei no assunto. Ele era alguém especial?

Nunca fui de me abrir com qualquer um. A única pessoa com quem desabafei sobre isso foi Rachel. O problema é que agora Michael NÃO  é mais qualquer um, ele é meu amigo que esteve comigo quando eu realmente precisei. Então, de repente as palavras apenas jorram da minha boca:

- Ele era meu melhor amigo. Naquela foto tínhamos 14 anos. Infelizmente ele morreu aos 15, vítima de uma bala, acho que perdida - começo a chorar baixinho e em meio aos soluços continuo - Me lembro que no dia em que ele morreu, quando paramos em frente minha casa depois do cinema, ele ia me falar alguma coisa, mas não deu tempo... - não refreio mais as lágrimas.

Michael passa o braço pelas minhas costas e me abraça. Me sinto automaticamente protegida em seus braços. Um aperto passa pelo meu coração ao lembrar de cada detalhe do acontecido. Procuro forças pra continuar:

- Até hoje não sei o que ele queria me falar, se era algo importante, ou se era até algo relacionado ao que aconteceu... Nunca poderei saber. Mas não sei, nesses 6 anos, muita coisa já se passou pela minha cabeça, inclusive que Jake estava em apuros, e não pude fazer nada pra ajudá-lo. 

- A culpa não foi sua, não foi de ninguém. Infelizmente vocês apenas estavam no lugar errado, na hora errada - Michael diz, ainda com os braços ao meu redor. - O que a polícia concluiu?

- Bala perdida. Mas sempre tive a sensação de que fora outra coisa.  

- Compreendo. É realmente muito difícil lidar com esse tipo de coisa Grace... Sinto muito pelo Jake. Sei como é a dor de perder um amigo, também passei por isso. Eu devia ter uns 17 anos quando meu melhor amigo se suicidou. No começo fiquei revoltado, por que não achava que ele tinha o direito de fazer aquilo comigo, e com seus familiares. Porém com o tempo entendi que ele deve ter tido os seus motivos, os quais sempre me perguntei quais seriam, já que ele levava uma vida aparentemente normal, até feliz.

- Uma vez aprendi que circunstâncias felizes não fazem as pessoas felizes - digo, olhando para o céu.

Michael segue meu olhar e ficamos alguns minutos apenas observando as estrelas, em silêncio.

- Já pensou se as estrelas falassem? - Michael quebra o silêncio.

- Imagino que teriam a respostas as nossas perguntas, não é? Foram testemunhas de tudo...

Desvio meu olhar para seu rosto, e ele também me encara. Em questão de segundos, Michael me beija.

Se as estrelas falassem (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora