Capítulo X

20 5 0
                                    

Oi galerinha lindaaah, falei que ia recompensar vocês... Aqui está, mais um capítulo de "Se as estrelas falassem"... O que será que vem por aí hein?? Não esquece de comentar o que você tá achando.... Bjsss, boa leitura! 😍😘

O bom de morar em cidade pequena é que não há filas. Pelo menos, não há filas tão grandes. E quando há, todo mundo conhece todo mundo, e começam a conversar sobre um assunto que todos sabem, seja o assunto bom ou ruim. Então a hora sempre passa mais depressa, porque há algo em que podemos prestar atenção.

Andando ao lado de Michael percebo que ele está exageradamente perfumado. Ele não é nenhum exemplo de moda. Nas duas vezes que o encontrei ficou claro que ele não é do tipo que pensa muito pra se vestir. Pega a primeira roupa que vê, independente se combina ou não. Mas nas duas vezes que o vi, ele estava perfumado. Não levemente perfumado, mas sim como se fosse encontrar alguém especial, como se quisesse que o cheiro durasse todo o encontro.
Ainda me sinto mal em andar pelas ruas com um desconhecido. Mas voltando pra casa, ele tentou entrar num assunto que não cabia a ele. Não ainda.

- Por que você estava chorando?

- Como assim? - Me faço convincentemente de desentendida.

- Quando cheguei, seus olhos estavam inchados, suas bochechas e nariz estavam levemente rosados. E quando vi aquele álbum... Ele estava aberto, e naquela foto tinha gotas, que tenho certeza ser de lágrimas.

- Você daria um bom investigador. - tento levar na esportiva. Mas ele parecia determinado.

- Quem é ele? Um ex namorado?

Tenho 21 anos e nunca namorei, mas ele não precisa saber disso. Jake jamais seria meu namorado, porque ele me conhecia mais do que eu gostaria que conhecesse. Ele como ninguém sabia que marcas eu carregava, e ele era livre, autêntico e até mesmo inocente demais para conviver com isso.

- Não é meu ex namorado.

Pelo meu tom o Michael sabia que era a hora de parar. Seguiu-se um silêncio, onde a única coisa ouvida era nossos passos e levemente nossa respiração. Então ele quebrou o gelo, dizendo:

- Sobre ser um bom investigador, quando eu era criança, eu sonhava vez por outra que era um investigador muito bom, famoso. O estranho é que sempre que eu sonhava com isso, eu estava resolvendo o mesmo caso: um pai que viu sua filha pela última vez numa estação de trem. Ela a deixa sentada, com as malas próximas a ela, enquanto vai buscar pipoca. Eles acabaram de chegar na cidade, e estão esperando que sua esposa/mãe chegue. Quando o pai volta, a menina não está lá. Mas ele a ouve gritar, só não consegue discernir de que direção o grito vem. Enquanto ele olha desesperado de um lado pro outro, já com a pipoca caída ao chão, sente um leve toque de dedos nas costas. Sua esposa. Linda, deslumbrante. Mais do que é necessário pra alguém que simplesmente vai buscar a família numa estação. Ela usava um batom forte, provocante, que estava levemente borrado no canto da boca. Sua pele era absurdamente branca, e seus cabelos tão pretos que quase cintilavam. Era um contraste perfeito. Alta e magra, se vestia como quem tem autoridade. Tinha um corpo é um rosto de menina, mas seus olhos eram de mulher, no sentido mais amplo da palavra mulher. Cada vez que eu sonhava, repetia essa cena, eu sempre via aquele pai desesperado, e aquela mulher dona de si. A cada sonho se acrescentava uma nova cena, logo após repetir a parte conhecida do sonho. E eu acordava me perguntando porque eles foram pra aquela cidade, porque o pai não esperou a mãe chegar pra fazer companhia a menina e só depois comprar pipoca? Porque aquela mulher estava tão arrumada, e tinha seu batom borrado? Percebi que o sumiço da menina era a menor questão. Os fatores que levaram aquilo era mais importante.

- É um sonho muito curioso. Tenho muita vontade de saber o que aconteceu nos próximos sonhos.

Já estávamos em frente nossas prospectivas portas, quando ele concordou que num outro dia me contaria, me agradeceu e foi se despedir. É muito difícil se despedir de um quase não estranho. Ele estava aos poucos deixando de ser um desconhecido. Eu só deveria dizer tchau, ou daria a mão? Ou um abraço amistoso? Notei que ele teve a mesma dúvida. Demos um tchau engasgado, enquanto apertavamos a mão de um jeito desconcertado e nos aproximamos como se fosse possível um contato a mais, sendo que nós dois nos refreamos.

Já em casa, eu tinha três coisas pra pensar. Na vergonha que acabei de passar ao me despedir, em arrumar o banquinho que derrubei mais cedo e na conclusão que Michael teve de seu sonho.

Se as estrelas falassem (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora