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É Natal. Oba...

Eu estava tão contente que quase não consegui levantar da cama antes de minha mãe ameaçar invadir o quarto.

A casa estaria cheia dentro de algumas horas e precisávamos arrumar a casa, decoração, comidas e bebidas antes do fuzuê de gente invadindo meu espaço.

-Kaki, lave a louça-  mamãe ordenou.

Essa tarefa normalmente seria dirigida a Sofia, mas estranhamente ela me ordenava deveres leves e menos movimentados.

Me senti culpada vendo minha irmã caçula carregando caixas de decoração atrás de mamãe enquanto eu lavava copos.

O rosto dela estava vermelho devido ao esforço, mas papai estava ocupado no jardim pendurando luzes onde nenhuma de nós conseguiria alcançar.

A culpa foi tão grande que não consegui evitar o choro, atraindo a atenção dela.

-Descanse um pouco, querida - a ouvi dizer para minha irmã antes de se aproximar.

-Está chorando, Kaki? - perguntou mamãe, me fazendo encolher em minha culpa.

-Caiu sabão em meu olho - inventei.

Ao invés de me pressionar, ela me observou por um segundo muito longo no qual me recusei a encara-la e me deu as costas.

-Lave o rosto e termine logo com isso - ordenou - quero que descasque as batatas assim que acabar.

Preciso dizer que isso era o antigo trabalho de Sofia?

-Não demore, ainda temos que ir ao mercado - avisou e estreitou os olhos me encarando com desconfiança - a não ser que esteja indisposta e precise descansar.

Neguei com a cabeça.

-Estou ótima e cheia de energia - forcei um sorriso que a fez apertar os lábios e se afastar.

A verdade é que eu estava mesmo cansada e cheia de sono, mas não daria mais certezas a mamãe.

Eu já estava descascando as últimas batatas quando Sofia se aproximou, desconfiada e cansada.

-Por que mamãe está me fazendo de escrava e te mandando fazer minhas obrigações? - perguntou em meio a cochichos.

Engoli em seco.

-Eu não sei - cochichei - acho que é para me fazer voltar mais vezes.

Sofia riu baixo.

-Se ela for me fazer virar empregada sempre que vier aqui, vou torcer para que não dê certo - disse e ri de sua graça.

-Virei todo fim de semana - prometi e rimos.

-Meninas, andem logo com isso! Precisamos sair - mamãe nos apressou e voltamos para nossas tarefas, dessa vez rindo baixo.

Como era de se esperar, o mercado estava lotado de famílias que deixaram as comprar para a última hora ou esqueceram de algo, o que era o caso de minha família.

Eu estava procurando o leite condensado após mamãe ter berrado "Camila, por que você ainda não pegou o leite condensado? Está nos fazendo perder tempo aí, parada".

E eu me perguntava: como eu poderia adivinhar que tinha que pegar o leite condensado?

Obviamente não verbalizei isso, tinha certeza que mamãe iria ignorar minha gravidez e me bater no meio do supermercado.

Agora onde caralhos foi se meter a porcaria do leite condensado?

Já estava a beira de lágrimas, minha mãe me apressava do outro lado do corredor, minha irmã me lançava olhares ameaçadores para que encontrasse logo e não soltasse a ira de mamãe e a porra do leite condensado havia sumido.

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