LIVRO 1 - TRILOGIA COMPLETA - With All My Love [Primeira Temporada]

28

Não houve tempo para um silêncio constrangedor, em questão de dois minutos Lauren nos guiou para dentro de um prédio de arquitetura modesta que dava um ar de conforto, cumprimentou o porteiro timidamente e nos enfiou no elevador, onde apertou o número nove e evitou me encarar.

Oh, que bebê...

Me aproximei, parando a sua frente e a olhando de baixo por uns dois centímetros.

-Eu estava olhando suas pernas - admiti, nos mantendo em uma distância segura onde minha barriga quase a tocava - são muito bonitas.

Mordi o lábio inferior a olhando lentamente de cima a baixo de jeito que quase senti pena de Lauren pelo nível de taradice aplicado no gesto.

Ela ofegou quando pousei as mãos pouco abaixo do cós de seu short de cintura alta que eu podia sentir através da camiseta.

-E você, Lauren? - perguntei, me inclinando para aproximar nossos rostos - para onde estava olhando?

A senti soltando a respiração trêmula pelos lábios entreabertos, seus olhos não deixavam os meus como se estivesse em um transe, até que ela os correu por meus rosto até meus lábios e subiu novamente por umas duas vezes antes de se fixar em minha boca e se aproximar, me fazendo fechar os olhos em um gesto automático de pura fraqueza ao sentir seus lábios tão perto dos meus.

-Eu estava olhando - ela sussurrou, os lábios se arrastando pelos meus fazendo uma pausa para mordiscar o inferior e me fazer sentir sua língua e seu suspiro - para sua boca.

E se afastou, me deixando completamente fraca. Abri os olhos a tempo de ver os dela se erguerem para um ponto sobre nós e ouvi estalinho avisando que a porta se abriu.

Lauren olhou para mim cheia de meiguice, sorriu, piscando os olhinhos como se nada tivesse acontecido e indicou a saída.

-Vamos? - me convidou e segurou a porta para que eu saísse.

Era quase como se não soubesse que eu estava inteiramente atordoada.

Ela sabia o quanto havia me deixado atordoada? Eu estava em chamas.

Eu nem senti minhas pernas caminhando para o corredor, muito menos quando... opa!

-L-Lauren? - gaguejei, surpresa ao senti-la atrás de mim afastando meus cabelos do pescoço e deixando beijos delicados em minha nuca.

O que estava acontecendo?

-Hm? - ela perguntou e senti um tremor correr por minha espinha pela vibração de sua voz em minha pele - eu sempre quis fazer isso...

Tem ideia do que é sentir a boca de Lauren Jauregui em seu ouvido sussurrando com essa maldita voz rouca e suspirando?

Ela se afastou.

O que?

O que?

O que?

Espera...

O que?

Respirei fundo tentando voltar para o planeta, minha cabeça parecia flutuar, eu estava completamente fora de órbita, então seu rosto surgiu a minha frente completamente sorridente.

Uma menina novamente me olhando em expectativa.

Ela estava abraçada a pelúcia e não me pergunte como isso foi parar em seus braços, mas estava tão fofa que me senti ainda mais atordoada.

Tipo, eu estava delirando agora?

Lauren me olhou com atenção e curiosidade enquanto eu me recuperava. Aos poucos o sangue voltou a circular por meu corpo e minha mente processava o que havia acabado de acontecer.

-Você disse que achava essas coisas nojentas - comentei e saiu algo como um resmungo - como é que sempre quis fazer isso?

Lauren deu de ombros, parecia realmente bem humorada.

-Eu disse que tinha nojo de beijo na boca, isso não é beijo na boca é... emocionante - explicou, me fazendo rir em meio a meu transe.

-Isso faz sentido - suspirei.

Seus olhos brilhantes continham empolgação.

-Como foi? - ela perguntou, praticamente tremendo de expectativas.

Como foi? Ela ainda pergunta isso?

Ri, mas ri de nervoso mesmo.

-Nem estou sentindo minhas pernas - disse entre risos e Lauren riu.

-Legal, quero fazer isso de novo! - disse em sua agitação antes de virar as costas e se dirigir até a porta com o número noventa e seis dourado na porta - vem.

-Onde estamos? - perguntei enquanto me aproximava e Lauren abria a porta.

Ela me lançou um olhar alegre.

-Em meu apartamento, oras - respondeu, bem humorada.

Abriu a porta e a segurou para que eu entrasse.

Todo o apartamento cheirava a Lauren e era...

Fofo. Sim essa era a palavra certa para descrever.

Todo decorado em tons de branco, creme, salmão clarinho e um azul acinzentado bem delicado. Haviam prateleiras brancas distribuídas pelas paredes em posições estratégicas e harmoniosas, na parede atrás do sofá havia o desenho de uma árvore tomada por flores cor de rosa que tombava em direção ao móvel, um tapete felpudo acinzentado em frente ao sofá praticamente me gritava para que deitasse sobre ele. Do lado direito havia uma cozinha americana toda em prata e branco separado da sala pelo balcão de mármore negro. Do outro lado um corredor que dava para três portas brancas.

Era tudo extremamente confortável, limpo e excêntrico.

A casa de uma nerd fofa misteriosa roqueira.

Me virei para Lauren, que aguardava atrás de mim e em frente a porta fechada. Ela me olhou esperando minha avaliação e sorri.

-É tudo muito você - comentei, lhe arrancando um sorriso e a deixando de bochechas coradas.

Então Lauren se aproximou, sua mão direita abrigou minha bochecha com delicadeza e seus lábios tomaram os meus no beijo mais cuidadoso e suave de minha vida.

Sem língua. Apenas nossos lábios encaixados, sua mão em meu rosto, as minhas em sua cintura, e minha vontade de tirar nossas roupas e transar fofinho chegando a passos lentos, quase como se dissesse que aquilo não era importante e que eu deveria mais era desfrutar de seu carinho.

E era o que eu estava fazendo sem problema algum. Muito pelo contrário. Ninguém nunca havia me beijado daquela maneira, era quase como se Lauren não quisesse parecer desajeitada.

Ela ainda pareceu um pouco atrapalhada no começo do beijo, mas era perfeitamente compreensível e fofo.

Não acreditem se te disserem que beijos são mágicos logo assim de cara. Lembro que por um bom tempo eu pensei "estou mesmo trocando saliva com alguém e deixando essa pessoa enfiar a língua na minha boca? Quem inventou isso?".

E agora...

-Ah... - me ouvi gemer baixo ao sentir Lauren mordiscar meu lábio inferior.

Ela riu baixo, parecendo satisfeita, e se afastou.

Continuou me encarando enquanto a realidade me voltava e o oxigênio retornava para as funções vitais que havia abandonado para ir atrás das sensações de ter Lauren perto, eu precisava que ele fizesse umas coisinhas bobas como, sei lá, me manter viva, quem sabe.

Pisquei lentamente, me recuperando, e me dei conta de algo.

-Você não disse...

-Não diga, ou eu nunca mais beijo você - me interrompeu.

Seu rosto estava adoravelmente vermelho, indicando o tamanho de seu constrangimento.

Desculpe, mas eu ri.

-Quem é você e o que fez com Lauren Jauregui? - perguntei, a deixando ainda mais vermelha.

-Ah, cale a boca! - resmungou - venha, vou te mostrar a casa.

Me deu as costas, me deixando com a maior cara de idiota enquanto a via andar a frente.