Como aparentemente Emily não se lembrava de mim, ela ia me tratando como se eu não tivesse feito parte da vida dela. Eu fiquei bem mexido com isso, fiquei completamente destruído diga-se de passagem. No decorrer da semana, Emily passou mais vezes pela lanchonete, - ela anda tão mudada, nem parece a mesma - hora estava acompanhada de alguma amiga, outra ela ia sozinha e passava a maior parte do tempo lendo. Entre um dia e outro, eu não parava de pensar em como tudo isso aconteceu, ninguém teve a decência de dizer a ela que tínhamos algo. Eu estava totalmente revoltado! No calor da revolta enquanto pensava em meu apartamento, decido ir até a casa dos pais de Emily. Chegando lá, por algum motivo me deixam entrar sem muito esforço, uma senhora me conduz até a sala e acabo me deparando com Emily falando sobre casamento, ela estava conversando sobre os preparativos do seu próprio casamento e que por falta de decência da mãe dela, eu não era o noivo.
- Ah, boa noite! - disse Emily com um sorriso - você não é o rapaz da lanchonete? - acrescentou.
- Boa noite, sou eu sim! - sinto minhas mãos suarem de tão nervoso que estava.
- O que faz aqui? - questiona Dolores, mãe de Emily - quem deixou você entrar?
- Foi eu! - diz Marck, pai de Emily entrando na sala com um copo com alguma bebida no qual ele bebia em goles pequenos, parecia saborear a bebida juntamente com aquela cena toda. - Emily, eu disse que precisava conversar sobre algo sério com você, sua mãe por sua vez não deixou. Pois bem, acho que agora se tornou impossível não conversarmos sobre tal assunto. - Dolores fica vermelha em um piscar de olhos.
- Minha filha, não ouça nada do que eles disserem, é tudo bobagem! - diz Dolores enquanto tenta tirar a atenção de Emily.
- Se é bobagem por que está tão nervosa? - questiona Emily.
- Não quero que se encha dessas coisas, você precisa se concentrar no casamento.
- Eu prometo ser o mais breve possível! - digo fazendo-as olharem para mim - quero saber o motivo de ser tratado por Emily como se fosse um desconhecido? Éramos quase um casal, ou talvez éramos um casal, meio torto, mas éramos. - ela me olha sem entender nada - Emily, seu acidente, antes dele... Nós estávamos juntos...
- Não se atreve a tocar nesse assunto! - esbraveja Dolores.
- Chega Dolores! - esbraveja de volta Marck - deixe ele falar, ela decide se quer ou não escutar!
- A gente se amava, eu ainda a amo!
- Me desculpa, mas isso não faz sentido algum para mim, eu não entendo nada do que quer dizer.
- Sua mãe está escondendo uma parte da sua vida, e eu faço parte dessa vida que foi esquecida. - algumas lágrimas começam a cair, e eu inutilmente tento conte-las - é doloroso ver que você não me conhece, que você literalmente me esqueceu. Eu trouxe uma foto nossa, e tem mais coisas assim no seu apartamento, no guarda-roupa. - ela pega a foto onde estávamos abraçados no sofá da sala dela. Ela ficou um tempo parada olhando a foto, esboçou um pequeno sorriso enquanto olhava.
- Eu parecia feliz nessa foto.
- E você era minha filha! Você era feliz! - Afirma Marck - eu sou contra toda essa coisa de te esconder uma parte da vida, sua mãe parece não pensar em nada além de dinheiro. Mas na vida tudo precisa de amor, e você não ama verdadeiramente esse tal noivo. Não preciso conhecer muito os dois para saber quem realmente te ama e te fez bem. Esse seu noivo levou um pé na bunda bem dado, lembro-me bem que você sempre dizia que ele não era o homem com quem se casaria, ele só sabia falar de negócios e mais negócios. Queria controlar suas coisas, não sabia ser uma pessoa de verdade. Já desse rapaz, você sempre falou bem, sempre vi um sorriso seu quando o assunto era ele. - Emily se manteve quieta e a cada palavra escorria uma lágrima de seus olhos, a verdade parecia doer. Ver que tudo que estava vivendo desde quando acordou do coma era uma farsa manipulada pela mãe não foi fácil para ela - acho que deve pensar melhor, procurar coisas sobre o que viveu antes. Estou aqui se precisar, minha filha, não sou um homem tão inútil como sua mãe diz. - termina Marck. Senti um alívio com tudo que foi dito, Emily parecia não acreditar em tudo, eu mal consigo saber como realmente me sinto, só consigo imaginar de longe quão pesada era aquela situação para ela.
- Eu vou embora! - diz Emily.
- Minhas filha, não! - Diz Dolores.
- Mãe, eu preciso pensar um pouco. - ela pega sua bolsa que estava em cima do sofá é da um beijo em seu pai - posso ficar com a foto? - ela pergunta olhando para a mesma.
- Pode sim, não tem problema!
- Como é mesmo o seu nome?
- Spencer!
- Obrigada Spencer. - ela sai e logo escutamos o carro dela dar partida, o pai dela com um sorriso acolhedor me acompanha até o carro e me agradece por tamanha atitude. Sigo para meu apartamento um pouco mais leve, mais feliz e mais esperançoso com tudo que pode acontecer.
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Jogando com Minha Chefe
Teen FictionQuando se tem um ego nas alturas, se é divertido brincar com o desejo e o prazer alheio. Mas isso pode acabar saindo do controle quando sentimentos entram em ação.