Capítulo 5
POV Beatrice on
“Parabéns, menina Beatrice, a melhor nota da turma” Disse o professor, entregando-me o meu teste de 18.
Sorri e olhei a Sam que estava bastante feliz com o seu 12. Agradeceu-me umas quinhentas vezes, sem exagero, por não ter tido negativa. Tinha sido uma semana normal, apesar de nela terem sido feitos os últimos testes e de ter havido muito choro, mas eu estava orgulhosa das minhas notas. Hoje é sexta e depois deste fim de semana, vem a caminho a última semana de aulas. Finalmente.
Mal cheguei a casa, liguei o computador e contei o meu dia ao Harry. Sim, ele quis voltar para o computador, disse que o meu telemóvel era demasiado secante e eu pu-lo lá novamente. Depois de tanto falar, este pareceu inquieto e nervoso, por isso acabei por me calar, esperando que este decidisse falar.
“Olha, Trice, já te conheço à uma semana e eu confio em ti, por isso vou pedir-te uma coisa” Declarou, claramente nervoso.
“Claro, desde que não me peças em casamento” Ri, numa tentativa falhada de aliviar o seu nervosismo, mas limitou-se a fingir uma gargalhada “Então, o que é?”
“Bem, quando a experiencia a que fui sujeito se realizou, aconteceu num armazém abandonado, numa floresta aqui perto…”
“E?” Incentivei-o a continuar.
“E eu queria pedir-te uma coisa…” Fez-se silêncio. E aí eu percebi o que ele me queria pedir.
“Não” Levantei-me da cadeira, e as lágrimas ameaçavam cair-me dos olhos. Não podia ser o que eu estava a pensar. Ele não me pode ter usado desta maneira.
“Trice, o meu corpo de certeza que ainda está lá, algures escondido e…” E é. Não acredito.
“Eu sabia! Tu mentiste-me, este tempo todo tu não querias ser meu amigo, querias era que eu te devolve-se ao teu corpo!” Gritei. Ele nunca quis ser meu amigo. Eu sabia, nunca ninguém quer.
“Trice, não! Eu simpatizei logo contigo e quis ser teu amigo, mas eu estou farto de estar preso e… por favor, pensa”
“Eu irei pensar” Fiz um sorriso falso e saí do meu quarto, deixando um Harry quase desesperado a gritar pelo meu nome.
Desci as escadas e parei mal senti o telemóvel a vibrar. Era uma mensagem da minha mãe.
«Beatrice, hoje eu e a mãe da Sammantha vamos fazer novamente o turno da noite, por isso ela convidou-te a ires dormir a sua casa, assim não estão sozinhas. Beijinhos»
Bufei e saí de casa. Andei e andei, observando o céu que ainda estava claro, visto que estávamos perto do verão. Será que ele alguma vez quis ser meu amigo? Bolas, eu não sei. Não sou muito social, e basicamente só tenho a Sam, o Jonah e… o Harry, acho eu.
Ao fundo, observei a floresta que ficava perto da minha casa. Parei por momentos, a encará-la. O vento tornou-se ligeiramente mais forte e o meu cabelo voava ao seu ritmo. Sem pensar ou controlar os meus próprios movimentos, comecei a caminhar até à floresta. Apesar de estar a escurecer e de eu ter um medo danado do escuro, continuei a andar na sua direção, sem temer.
Afundei-me no meio das árvores e deixei que o cheiro a eucalipto me domina-se. Avancei mais um pouco e pude observar o que me parecia ser, um edifício abandonado. Andei mais um pouco e vi o que queria ver. Era o armazém.
Mas algo estava estranho. Perto dele, vi um vulto mexer-se e recuei, pisando um ramo. O barulho atraiu o olhar do homem até a mim e rapidamente comecei a correr, de modo a sair o mais rápido possível daquele sítio. A minha respiração já se encontrava mais do que ofegante, mas o meu medo de o homem eventualmente me vir a seguir era maior que o cansaço. A casa da Sam estava próxima, por isso fiz um último esforço e cheguei à sua porta. Bati rapidamente e com bastante força, tentando recuperar o folgo perdido. Mal abriu a porta, enfiei-me dentro da sua casa e encostei-me à parede a respirar. Estava a tremer.
“Trice, mas que estado é esse em que estás, estiveste a correr desde a tua casa até aqui, ou quê?” Questionou, fechando a porta.
“Mais… ou menos” Respirei pelo meio.
“O que aconteceu?”
“Nada” Endireitei-me e desencostei-me da parede.
“Nada? Eu conheço-te Trice” Falou, avançando até a mim.
“Não se passou nada!” Gritei, tapando a boca logo a seguir e arregalando os olhos “Desculpa Sam, eu não queria gritar contigo, mas saiu-me”
“Tudo bem” Andou rapidamente até à cozinha.
“Sam, desculpa, a sério” Desculpei a minha atitude mais uma vez.
“Na boa, Trice”
“Sam, a sério, é que… aconteceu uma coisa e eu não sei lidar com a situação…” Parei lembrando-me da promessa que fizera ao Harry.
“Que situação?” Olhou-me curiosa e desconfiada.
“Eu não posso contar, não por enquanto…”
“Eu já devia ter previsto” Riu “Estás a tentar afastar-te de mim!” Insinuou.
“Quê? Mas que… não Sam! Que raio de ideia é essa?”
“Desde que me comecei a dar com o Drew, que te tens afastado de mim!”
“Oh, isto não tem nada haver com o Drew, acredita Sam” Assegurei, gargalhando para aguentar as lágrimas das emoções fortes que senti nos últimos minutos.
“Então é com o quê, ahn?” Aproximou-se de mim e fitou-me.
“Eu não posso dizer, Sam” Engoli o choro.
Assentiu e andou até ao frigorifico, tirando de lá uma taça com o que parecia ser, uma salada de ovo.
“É o jantar” Falou, colocando-a na mesa, juntamente com mais dois pratos e talheres.
Sentei-me e começamos a comer, criando-se então um silêncio pesado. Nós raramente discutimos ou gritamos uma com a outra, e claro que ela ficou preocupado ao ver-me naquele estado, mas o nervos falaram mais alto.
Encarei-a discretamente e vi que estava com um ar pensativo, com a cabeça apoiada na mão esquerda enquanto a direita manobrava o garfo. Comprimi os lábios e arranjei coragem para interromper os seus pensamentos.
“Desculpa” Murmurei fracamente.
Esta parou de mexer o garfo e poisou-o sobre o prato, sem nunca o largar.
“Vamos esquecer esta discussão, ok?” Disse-me, sem me encarar.
“Tudo bem” Falei, suspirando, dando por terminada a minha refeição “Vou à casa de banho”
Andei até ela e senti o meu telemóvel vibrar. Agarrei nele e vi aquilo que menos esperava ver.
Hey. Acabei na parte curiosa, né? Sou muito má?
Hoje o dia foi horrível. Tou com uns problemas e porra, não sei o que fazer.
Mas como ninguém quer saber da minha vida, ya.
Espero que estejam a gostar. Não sei quando volto a publicar.
Aaaah, ofereceram-me uma camisola com a cara do Harry, aaaaah, é tão perfeita, aaaaah.
Well, adeus
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Pixelated || H.S.
FanfictionSe algum ser humano o descobrisse, chamar-lhe ia aberração, fruto de bruxaria ou mesmo maldição dos deuses. Já eu, arranjei um amigo, um confidente. Só eu é que sei o que ele sofre, que tem sentimentos, e que não faz simplesmente parte de uma máquin...