Capítulo Dois - "Eu Aceito"

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- Tá, então eu não seria o pai da criança, apenas doaria um pouco do meu esperma e você teria o bebê sozinha? - Daniel perguntou, ainda tentando assimilar toda aquela história e rezando para que a amiga o corrigisse, mas logo viu que tinha entendido certo, ao olhar de lado, vendo a garota balançar a cabeça, afirmando.

- Assim como seria se eu procurasse um doador anônimo. Inclusive, você teria que assinar um termo que deixaria claro que você não tem direitos sobre a criança. Eu não quero que você tenha o trabalho e as preocupações de um pai, Danny. Nunca pediria que você assumisse essa responsabilidade sem que fosse um desejo seu, não existe isso, é loucura demais até pra mim. - Ella bebericou um pouco de seu café - A questão é que eu queria uma pessoa que eu conhecesse, confiasse e você me pareceu, me parece, a melhor opção: inteligente, bonito, educado, simpático. Tudo o que eu posso querer que meu filho seja, mas eu não posso e nem vou te obrigar a nada.

- Você sabe que isso é loucura, não é? Que não nenhuma chance de eu ser apenas um doador para essa criança, porque eu vou saber que é meu filho, as pessoas vão saber, elas vão falar...

- Ninguém precisa saber. Aliás, ninguém precisa saber de nada, eu posso muito bem ter engravidado numa transa casual e o pai não quis assumir. Isso acontece todos os dias, com várias mulheres, ninguém vai desconfiar. Eu seria apenas mais uma "mãe solteira", por pior que seja esse termo. - a amiga buscou a mão do rapaz, tocando-a levemente, fazendo com que ele a olhasse - Eu não vou te pressionar, porque sabia que seria praticamente impossível você aceitar essa ideia, mas achei que deveria tentar, pelo menos. Mas se você não quiser, Danny, não tem problema. Eu escolho um doador da clínica e não tocamos mais nesse assunto.

- Você não vai ficar chateada comigo? - ele perguntou, olhando a amiga pelo canto dos olhos.

- Claro que não. - respondeu, com sinceridade em sua voz.

- É que é difícil pensar nisso, como seria eu olhar para essa criança e não enxergar como minha também.

- Eu entendo, juro que te entendo. - ela disse, sorrindo de lado - E como prometido, não tocaremos mais no assunto, ok? Sobre o que quer falar agora, alguma resposta do curso de especialização da empresa?

- Nada ainda, mas o período de inscrição ainda está aberto, tem mais um ou dois meses para sair o resultado, só resta esperar. - Daniel deu de ombros, como se não se importasse, mas Ella sabia que ele se importava, sim. Ele tentava uma vaga nesse curso há anos, mas eram sempre os mesmos queridinhos do chefe que conseguiam, já que todos queriam passar um ano na Alemanha com tudo pago. Aliás, quem não queria?

- Você vai conseguir dessa vez, algo me diz isso. Só que não sei o que eu vou fazer sem você aqui. - a menina sorriu de lado, vendo o rapaz rolar os olhos.

- Não sofra por antecedência, Ely. Você sempre diz que eu vou conseguir dessa vez, mas a vez chega e eu não consegui.

- Mas dessa vez é diferente, eu sonhei que você estava na Alemanha duas noites atrás, na manhã seguinte eu passei em frente à livraria e tinha um dicionário inglês-alemão na vitrine. Logo mais na frente, naquela loja de material esportivo que tem duas ruas antes da escola, tinha uma camisa da Alemanha na vitrine e quando eu cheguei ao trabalho, a Joy tinha me levado um strudel de maçã. - Daniel apoiou o rosto numa das mãos e encarou a amiga, segurando o riso, enquanto balançava a cabeça lentamente. Ela era simplesmente incrível quando queria provar alguma coisa, mesmo se fosse uma besteira qualquer. Ella sempre encontraria pontos e explicações das mais diversas e absurdas para mostrar que estava certa - Então não foi apenas uma sensação. Foi a sensação, um sonho e três elementos que comprovam tudo, porque duas coisas formam uma coincidência, mas três já é certeza. - ela sorriu, convicta de que estava certa.

DylanOnde histórias criam vida. Descubra agora