Capítulo Quatorze - Amor de Pai

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Seis meses depois
Platz vor dem Neuen Tor 6, Berlin, Alemanha – 19:00 PM

- Pegou seu passaporte? – Daniel perguntou para a namorada pela quinta vez em menos de vinte minutos. Eles estavam indo para o aeroporto e ele veria novamente a família depois de um ano. Era o fim de semana do aniversário de Dylan e Daniel tinha prometido que estaria lá, então organizou todo o seu trabalho, seus estudos, para tirar um dia de folga e ficar três dias em casa. E aproveitou para levar Eileen para conhecer todo mundo. O voo era às 21 horas e eles já estavam chegando ao aeroporto, para despachar as bagagens e ter tempo de sobra, para nem correr risco de perder o avião.
Tinha ficado tão nervoso e ansioso nesses últimos dias, que estava se sentindo uma criança, quando espera por uma viagem ou até mesmo um passeio, por muito tempo. O rapaz só relaxou quando sentou em sua poltrona no avião e mentalizou que em dez horas estaria em casa, fora o fuso horário, veria sua família, seus amigos... veria Dylan. Estava se preparando para o choque, pois a primeira e única vez que o viu, ele tinha acabado de nascer. Agora o menino já iria fazer um ano de idade. Por mais que visse fotos, tivesse acompanhado o crescimento de alguma forma, sabia que ver com seus próprios olhos seria extremamente assustador. Só não sabia do que estava com mais receio: que o bebê não gostasse dele ou que não se importasse com ele. Porque tinha plena consciência que não o reconheceria, mas, sei lá, havia uma pontinha de esperança em seu coração que dizia que o sangue poderia falar mais alto.
Balançou a cabeça, tentando tirar esse tipo de pensamento de sua mente. Não podia pensar nele como filho, tinha prometido a Ella que não faria isso e cumpriria, por mais difícil que fosse. Mesmo que o bebê fosse igual a ele. Mesmo que despertasse o maior e mais incontrolável de todos sentimentos. Daniel tinha que ter em mente que seria apenas um tio para aquela criança. Tinha lidado com escolhas e decisões difíceis nos últimos tempos. Tinha decidido ficar mais tempo longe, por mais isso o fizesse sofrer e, consequentemente, aqueles que ele amava. Estava conseguindo lidar com a distância de todos. Conseguiu, de alguma forma, lidar com o fato de que Dylan estava crescendo e ele não estava por perto. Tinha passando por tanta coisa, que pensou que seria capaz de mais essa. Veria Dylan agora, mataria sua saudade e, em um ano e meio, ele estaria de volta, estaria por perto. E dessa vez ele ficaria.
Daniel não conseguiu dormir, mesmo o voo sendo de madrugada, ficou imaginando todas as coisas que faria: almoço com os pais, jantar com os amigos, passeio com o Dylan. Eram apenas quatro dias, então precisava se concentrar e dividir o seu tempo de forma organizada, para matar as saudades de todo mundo da forma que necessitava. Imaginou se Eileen estaria com o seu pique para fazer todas essas coisas, mas caso a menina estivesse cansada, poderia ficar no apartamento, não tinha nenhum problema. Bem, não tinha pra ele, será que ela se importaria? Daniel não podia se dar ao luxo de se preocupar com isso agora. Estava voltando para casa, a única coisa que passava pela sua cabeça, era o tempo que ainda demoraria a chegar lá.

🤰 👶 👪

Newark Airport, Nova Jersey, Estados Unidos – 01:56 AM*
*Há uma diferença de seis horas entre Nova Jersey e Berlin, a cidade americana está seis horas atrás do horário da cidade alemã.

Quando saíram do aeroporto, já tarde da noite, Daniel respirou fundo e sentiu algo estranho dentro de si, mas não era ruim, longe disso, era um estranho bom. Algo que não sentia há um ano e seis meses. Aquela sensação boa de retornar ao lugar onde você se sente bem, a sensação de se sentir acolhido, de olhar em volta e conhecer tudo. A sensação de estar em casa. E eles ainda estavam no aeroporto. Pelo horário que estava chegando, imaginou que ninguém viria buscá-lo, mas quando olhou com mais atenção para frente, reconheceu Anthony parado encostado a um carro. Seus lábios se repuxaram num sorriso largo e ele correu na direção do amigo, lhe dando um abraço forte. Ficaram assim por longos segundos, em silêncio mesmo.

DylanOnde histórias criam vida. Descubra agora