Capítulo Quatro - "Você vai."

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Era quinta-feira e Daniel estava sentado na pequena mesa na cozinha de seu apartamento. Ella chegaria em alguns minutos ele continuava encarando os documentos que havia separado para levar para o trabalho, mas que enrolava e fingia que tinha esquecido todo os dias. Stephan o cobrava diariamente, pedindo que Denise, sua assistente, lembrasse o rapaz da documento de duas a três vezes por dia, todos os dias. Aparentemente eles precisavam comprar as passagens e enviar tudo para o escritório da Alemanha. Ele ainda não tinha tido coragem de contar a Ella que tinha sido selecionado, porque ele não sabia se queria ir. Bem, ele queria ir, mas ele também queria ficar. Seu coração pesava só de pensar que não estaria por perto durante a gestação e no nascimento do bebê. Ele sabia que não deveria se apegar, mas ele já tinha se apegado a toda a ideia. Não de ser pai, mas de estar por perto, de dividir tudo com ela. Imaginou indo nas consultas médicas, acompanhando nas ultrassonografias, no parto. Se pegou pensando se poderia ser um dos primeiros a ver o bebê no mundo, talvez, quem sabe, um dos primeiros a segurá-lo. Poder dizer a ele, mesmo sempre que ele pudesse entender, o quanto a mãe o desejou e quão feliz ele estava em ajudar. Mas se ele escolhesse ir, perderia tudo isso. Ganharia conhecimento, grandes chances de crescimento na empresa, desenvolvimento profissional, mas até que ponto ele estava preocupado com isso? Até que ponto isso era a parte mais importante da sua vida? Ele seria uma das dessas que a vida gira em torno do trabalho e apenas disso?


- Danny. – ele ouviu a voz da amiga, logo depois do barulho da porta se abrindo. – Me ajuda aqui. – ela riu, mas o som foi abafado pelo som de algo caindo no chão. Ele chegou à sala, vendo o saco do mercado rasgado no fundo, uma lata de cerveja caída no chão, enquanto a menina se equilibrava para segurar todas as outras coisas.

- O que é isso tudo? – o rapaz perguntou, pegando a sacola de suas mãos com cuidado, para que nada mais caísse e seguindo para a cozinha.

- Comprei umas coisinhas para fazer um jantar pra gente, não posso ficar me entupindo de pizza e outras besteiras agora, né. – Ella disse, colocando a bolsa em cima do sofá e indo atrás dele. – Vou fazer um macarrão, coisa simples.

- Podia ter falado, assim eu pedia para entregar e você não tinha o trabalho. – Daniel falou, se encostando a pia e vendo a amiga fazer uma careta.

- Claro que não, eu quero fazer. – sorriu e lado, tirando as coisas da sacola e colocando sobre a mesa. Pegou a panela que iria precisar e tratou de já colocar a água para ferver. Daniel ficou a encarando, em silêncio. Ela percebeu que havia algo estranho, mas resolveu esperar que ele se sentisse confortável para falar. – Hey, coloca as suas cervejas e o meu suco na geladeira.

- Ah, tudo bem. – o rapaz respondeu, ainda meio distraído. Ella foi pegar o pacote com frango e viu um envelope em cima da mesa. Olhando para o amigo, ela perguntou:

- O que é isso? – Daniel demorou um pouco para responder, tentando inventar uma desculpa qualquer.

- Coisa do trabalho, nada importante. – respondeu. Não era uma mentira, mas também não era verdade. O que tinha naquele envelope era muito importante, mas Daniel não parecia querer lidar com aquilo naquele momento. Talvez mais tarde. Ele já tinha adiado a semana toda, mais alguns minutos não faria diferença.

- Hmm. – Ella murmurou, como se acreditasse. – Alguma novidade? – ele se limitou a balançar a cabeça, negando.

- E você?

- Também não, tudo tranquilo. – respondeu, começando a preparar a comida.

- E o bebê? – Daniel perguntou, não conseguindo esconder o sorriso.

- Tá bem. Eu contei lá no trabalho, porque vou precisar que alguém me substitua, eles ficaram muito felizes, animados. Vou trabalhar até quando eu aguentar, como deve nascer em junho, eu emendaria a licença com as férias e voltaria no ano seguinte. Achei legal da parte deles, porque não são todos os lugares que me permitiriam isso.

DylanOnde histórias criam vida. Descubra agora