PROLOGO

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— Ei, faz algum tempo que a gente não se fala... — a voz é carregada de ironia. — Mais ou menos uns 6 meses, certo? Pois é, como você insiste em me mandar mensagens carregadas de ódio, ou de sei lá, desculpas, eu resolvi te ligar para gente conversar, já que não nos falamos mais desde que terminamos.

A vida só podia estar de brincadeira com a minha cara, logo hoje, meu primeiro dia na universidade de Ashford, depois do sufoco que foi para eu trocar de unidade, porque estou no último ano, esse animal resolve me ligar! Eu não tenho um tostão, foi uma luta para arranjar um alojamento que eu não precisasse pagar o aluguel e sim só o condomínio, enquanto não arrumo um emprego, e para piorar a minha vida esse babaca precisa destruir o resto de emocional que eu tenho.

Respirei fundo e respondi.

— Pois é, que engraçado né? — Digo com deboche. — Você me ligar exatamente no dia em que descubro que você está namorando... — solto uma risada irônica. — Bem do seu feitio ser babaca.

Do outro lado da linha ouvi ele bufar.

— Você não pode ser adulta por cinco minutos, Louise?!! — Ele diz aos berros. — Liguei para gente deixar tudo em panos limpos, mas você tem que se portar com infantilidade, como sempre.

"Se eu sou tão infantil assim e ele não suporta isso, porque diabos me ligou? "

— Mason, eu não sei porque diabos você me ligou. — Sinto toda a minha força se esvair aos poucos. — Se você sabia que eu iria agir desse jeito, porque ligou? O que você quer afinal?

— Já vi que não dá conversar com você, adeus, Louise.

Fiquei olhando a tela do celular e não disse nada, 2 minutos depois ele desligou.

Me olhei no espelho e a maquiagem estava toda borrada, também eu apenas havia delineado um olho, e exatamente o olho que mais lacrimeja. Antes de terminar de me maquiar, como a idiota que sou, sentei no vaso e escrevi uma enorme mensagem a Mason, pedindo desculpas por ter sido infantil, e que eu ainda o amava muito, e que se ele pudesse me ligar mais tarde quando estivesse mais calma, ficaria agradecida.

Terminei de me maquiar e desci para a garagem, papai já estava aos berros lá em baixo dizendo que eu estava atrasada. Pela manhã nós havíamos levado todas as minhas coisas para o alojamento, que ficava em Kearny Mesa, optei por "morar" lá, para ter acesso rápido a universidade, sem precisar ter que entrar em um ônibus e ir até Clairemont Mesa East, todos os dias.

Nos finais de semana viria para casa, até porque se não viesse, era certo ouvir muitas reclamações da minha mãe, meu pai era mais de boa, mas quando se tratava de família, a minha mãe era um pouco carente demais. Mas eu entendo, a família dela, e quando digo família quero dizer a minha avó, que não gosta de ser chamada de avó (é complicado!), sempre foi um péssimo exemplo do que era ser mãe para ela, eu não me importava com isso, mas ficava chateada pela minha irmãzinha, ela só tinha 8 anos, e poxa, toda criança precisa de avós. Eu tive os do meu pai, que eram ótimos, mas a Violet, não merecia isso.

*

As minhas aulas foram bacanas naquela tarde, nada de muito diferente do que eu já havia pesquisado antes. Quando cheguei ao alojamento meus pés doíam, tirei meus tênis, e me joguei na cama, me virei de lado, e coloquei meu celular para carregar em cima da mesinha do computador.

Não se passaram cinco minutos que eu havia chegado no alojamento e meu telefone tocou.

"Caralho, Mason, parece que estava contando os minutos! "

— Oi? — Digo um pouco impaciente e bem cansada.

— Você pediu para eu ligar depois, o que você tem para falar comigo? — Sua voz soa como se ele estivesse fazendo algo que não queria.

— Nada que eu já não tenha lhes digo na mensagem.

— Você não me falou nada. Você escreveu! — A voz dele fica mais alta. — Eu quero que você diga o que precisa dizer para gente encerrar isso.

"Porque esse cara está me ligando então? Qual é o intuito disso? "

— Mason, eu não sei o que você quer que eu diga. — Respiro fundo, tentando pensar em cada palavra que vira em seguida. — Me desculpa por não ter sido o suficiente para você. Desculpa por não ter feito as coisas como você queria, eu sei que você me imaginou de um jeito e acabou que não fui nada daquilo que você fantasiou, mas eu amei você e ainda amo... E, bom, é só o que tenho para dizer. — As lagrimas já estão rolando pelo meu rosto, e minha voz embargada.

— Ok, Louise. Tudo bem. — Ele suspira. — Quero te agradecer por ter cuidado de mim nesse tempo todo que ficamos juntos, querendo ou não você vai ser sempre alguém que eu me lembrarei com carinho, apesar de não te amar mais... — ouvir aquelas palavras foi como se eu tivesse sido apunhalada no peito, minha vontade era de gritar, mas mantive a compostura. — E olha, eu tenho culpa nisso, na verdade preciso te pedir desculpas por ter desistido de você, eu simplesmente não quis mais lutar e deixei as coisas chegarem naquele ponto. No fim das contas a culpa é mais minha, do que sua, e apesar de não te amar mais, sempre vou lembrar de você com carinho, mas para mim não dá mais, para relacionamento, eu jamais voltaria para você. — Eu queria desligar o telefone, ao mesmo tempo que precisava ouvir aquelas coisas para parar de criar falsas esperanças.

Respirei fundo.

— Você não precisa ficar repetindo que não me ama mais, e que não voltaria comigo nem que eu fosse a última mulher da terra, eu já entendi o que você quis dizer.

Ele ri.

— Entendeu mesmo? — Pergunta sem acreditar. — E não, se você fosse a última mulher da terra, eu voltaria com você, mas você não é. Então...

— Eu já entendi, Mason. — Fungo meu nariz que já está escorrendo de tanto que estou tentando segurar o choro.

— Então é isso Louise, espero que você siga em frente, assim como eu estou fazendo. — Ele não parece a mesma pessoa que eu conheci, a voz, a maneira como fala comigo, como se tivesse nojo.... Me dói. — E não fique achando que estou fazendo as coisas para te atingir porque não estou. O fato de eu estar namorando a Mary, é simplesmente porque eu gosto dela, não tem nada a ver em querer te machucar, e se você se sente assim, sinto muito, mas não fiz nada com essa intenção.

Limpo meu rosto.

— Aham, tudo bem. — Esfrego meus olhos. — Então é isso, seja feliz, Mason, que você tenha sucesso com a sua vida, com seus projetos, a banda, que você seja feliz, tá? — Digo com ironia para disfarçar minha voz.

Ele ri com desdém.

— Você também, Louise. Espero que você amadureça, e que não fique sofrendo por mim, eu não valho as suas lagrimas. — Ele faz uma pausa. — Você não vai me amar para sempre, eu sei que é fodido isso, mas não posso mais te corresponder, então o melhor que você faz é seguir a sua vida e ser feliz, você merece alguém melhor do que eu.

— Ah, isso com certeza eu mereço! — Digo sendo irônica novamente.

— Adeus, Louise. Essa é a última vez que eu te ligo. Siga sua vida, e me deixe seguir a minha. Infelizmente nós não demos certo, mas eu sei que você vai conseguir coisa melhor.

— Adeus, Mason. Felicidades. — Apertei o botão de desligar.

Me joguei na cama e abracei o travesseiro, e gritei aos prantos nele, não sei por quanto tempo, só sei que tentei descarregar tudo o que eu tive que esconder em quase uma hora de ligação. O meu corpo doía, a minha mente doía, tudo em mim latejava de dor, e passei o resto da noite assim, até que apaguei com esse sentimento.

Eu realmente mereço sofrer desse jeito, Deus?

A garota deixada para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora