CAPITULO QUATRO

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A chuva ainda castigava San Diego, então provavelmente o natal seria em baixo d'água. O que queria dizer que o aquecedor seria ligado no máximo lá em casa, pois, provavelmente nevaria.

Eram nove da manhã, e eu já estava na Coffee Shop desde as seis, e para mim a manhã estava passando devagar demais.

— Louis, você pode ir fazer seu horário de café. — Trixie me diz. — Você tem meia hora a partir de agora para tomar café e descansar um pouco. — Ela sorri.

Eu estava me sentindo estranha sobre Trixie, por ter pegado carona com o ex dela semana passada, e mais ainda porque eu não conseguia deixar de ser grata ao cara por ter aparecido do nada.

— Ah... — Digo tirando o avental e colocando a jaqueta de couro. — Tudo bem... — digo sem graça. — Eu posso pegar dois cafés?

Ela olha para a jaqueta por um momento, e então balança a cabeça.

— Fique à vontade, Louis. — E então se afasta devagar.

— Eu peguei carona com seu ex semana passada... — Me ouço dizer.

"O que eu acabei de fazer?!"

Ela se vira depressa e levanta uma sobrancelha.

— Como assim? — Pergunta com um sorriso zombador.

Me sinto desconfortável, mas não consigo deixar de ser sincera, porque essa sou eu. Não sei mentir ou esconder o que eu sinto.

— Eu saí daqui debaixo de chuva no meu primeiro dia, e iria chegar toda molhada na universidade. — Digo depressa enquanto preparava os cafés para levar. — E daí tive que me esconder da chuva de baixo de uma marquise há alguns metros daqui, e foi quando ele apareceu do nada, com um guarda-chuva a tira colo e me ofereceu uma carona. — Me encolhi sentindo que tinha feito mal. — Eu não queria aceitar, mas a chuva não cessava, então...

Dei de ombros.

— Agora sei da onde conheço essa jaqueta... — Ela ri divertida. — Está tudo bem, Louis. — Diz colocando a mão no meu ombro. — Nós namoramos quando tínhamos uns 16 ou 17 anos. Faz muito tempo, e foi algo sem importância.

Nesse momento eu percebi que ao invés da minha jaqueta de couro, estava vestindo a jaqueta dele.

"Merda! "

— Droga! Essa jaqueta não é a minha. — Bufo em negação. — Ele deixou a jaqueta comigo porque minha blusa molhou toda e ficou transparente.

Ela gargalha.

— Para de se sentir culpada por nada Louis. — Ela balança a cabeça. — Só tome cuidado. — Diz com pesar. — Sean tende a ser um pouco...

— Inconveniente...? — Completo.

Nós duas rimos.

— Eu ia dizer, diabolicamente intenso, mas isso serve também. — Tampo os copos e pego minha bolsa. — Mas você não pode negar que o cara tem um charme, não é?

Reviro meus olhos.

— Charme de babaca, só se for.

Saio de trás do balcão indo em direção a porta.

— Tenha cuidado, Louis. É só o que eu tenho a dizer.

Faço um aceno que lembra uma continência para ela.

— Deixa comigo!

Empurrei a porta com o ombro e lá estava Darrell soprando a fumaça de seu cigarro, com sua calça camuflada verde e um moletom do Pantera, e sua cabeleira cacheada sendo bagunçada pelo vento frio.

A garota deixada para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora