n i n e t e e n | fix

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Sam cambaleia para os lados, com olhos sonolentos.

Cutuco seu peito com meu ombro, fazendo-o se assustar. Me aproximo um pouco mais de seu corpo, encaixando-me entre suas pernas, fazendo de seu tronco um encosto. Odeio quando as pessoas dormem no meio do filme.

Esse é um dos meus filmes favoritos. Espero que Sam pelo menos se esforce para ficar acordado. Olho para o relógio, são dez e vinte dois da noite. Não é tão tarde para ele estar tão cansado.

– Você não está gostando do filme, Sam? – pergunto sem tirar os olhos da televisão.

Sam dá um grunhido, coçando o topo da cabeça. Levanto meus olhos um pouco, e apenas consigo ver o queixo dele. O rosto de Sam é apontado para a tela, inclinando levemente para a direita. As costas dele encurvam, e Sam enterra seu rosto no meu ombro.

– Só estou cansado e com dor de cabeça. Só isso – sua voz sai abafada, e faz cócegas em minha pele.

– Então por que aceitou assistir um filme? Você podia ir pra cama, e eu ia pra casa.

– Achei que podia agüentar. Queria ver o que te fascina tanto nesse filme. Mas essa dor me atrapalha – Sam explica dando um sorriso abatido.

Pego o controle remoto da tevê e paro o filme. A imagem congelada na tela ilumina a sala escura, apenas o suficiente para eu ver o rosto de Sam. De joelhos sobre o sofá, viro meu corpo, de modo que eu fique de frente para Sam.

– Você não precisa se forçar a nada – digo encarando olhos metálicos.

– Eu sei. Mas eu quis – ele responde devolvendo o olhar.

– Você realmente está levando ao pé da letra quando disse que faríamos as coisas juntos, não é?

– Avise-me quando eu estiver exagerando.

Um sorriso se desenha em meus lábios, e Sam corresponde-o. Algo em meu peito parece derreter.

– Vamos assistir esse filme de novo – Sam diz, fitando a tela da tevê. – Tenho quase certeza que eu vou gostar dele.

Dou um tapa leve em sua testa, isso o faz acordar de vez.

– Você não vai "gostar" – digo, descrevendo aspas no ar. – Você vai se apaixonar.

Seus dedos deslizam pelo queixo, seus olhos estão pensativos.

– Eu vou ali pegar um remédio pra dor de cabeça. Pode voltar o filme desde o começo, por favor? – Sam pergunta se levantando.

Minhas mãos agarram seus ombros com força, e o empurram de volta para o sofá.

– Não! Não acredito que você tinha aspirina ao alcance desde o começo, e só fingiu assistir o filme – falo, deixando transparecer raiva em minha voz.

Seus olhos vão para outro canto da sala, os lábios se comprimindo. Eu o odeio. Deus, como eu odeio esse garoto. Meus punhos tentam acertar o rosto de Sam, mas seus reflexos são mais rápidos. Suas mãos agarram as minhas, colando-as contra seu peito. Um sorriso divertido está estampado em seu rosto. Mordo o interior da minha boca, impedindo-me de achar esse sorriso bonito. Empurro meu ombro contra ele diversas vezes, achatando-o contra o sofá. A cada pancada, escuto uma risada misturada com um gemido de dor emanando de Sam.

Num movimento rápido, as mãos de Sam soltam as minhas. Seus braços giram e envolvem meu corpo num abraço, impedindo-me de afastar-me. Reviro os olhos. Eu realmente odeio esse garoto e seus clichês.

– Me larga – ordeno firmemente.

– Você piorou minha dor de cabeça – Sam constata calmamente.

Estou aquiOnde histórias criam vida. Descubra agora